Uma alga do sushi ameaça a biodiversidade no Norte de Portugal

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Uma equipa das universidades do Minho e do Porto mapeou pela primeira vez a alga wakame – uma das 100 espécies mais invasoras do mundo – ao longo da costa Norte de Portugal, mostrando os seus impactos ecológicos e medidas para controlá-los.

Esta alga é rica em fibras, proteínas, vitaminas e minerais, principalmente iodo e cálcio, sendo usada para prevenir o envelhecimento precoce, as doenças cardiovasculares e na perda de peso. É também comum em pratos de sushi e na alimentação do leste asiático, donde é originária. Com o nome Undaria pinnatifida, foi introduzida em França para cultivo comercial, mas escapou para a natureza e também terá sido introduzida cá pelo lastro dos navios, sendo registada pela primeira vez em Portugal há mais de 20 anos.

O novo estudo saiu na revista científica Plants, por Marcos Rubal, Jesús Fernández-Gutiérrez, Diego Carreira-Flores e Pedro Gomes, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho, e Puri Veiga, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto, no âmbito do projecto ‘MarinaForest’, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e liderado por esta cientista.

A equipa de investigação concluiu que a distribuição geográfica da alga wakame depende significativamente da salinidade, sendo comum em marinas de água salgada, como as de Póvoa de Varzim e Leça da Palmeira, mas ausente nas marinas de estuários, onde a salinidade é menor. Nos habitats naturais, aquela alga surgiu temporariamente em três zonas rochosas de Carreço e Canto Marinho, mas desapareceu após as “tempestades” de Inverno.

“Pode continuar a representar uma ameaça em ambientes mais protegidos.”

“Esta espécie tem tolerância limitada a condições como a exposição à ondulação, o que restringe a sua disseminação para áreas mais expostas, mas pode continuar a representar uma ameaça em ambientes mais protegidos”, diz Marcos Rubal.

O trabalho mostrou, aliás, que a Undaria pinnatifida conseguiu substituir a alga nativa S. latissima nas marinas e aí crescer sobre mexilhões fixos em estruturas artificiais, enquanto em habitats naturais cresceu sobre a espécie nativa G. baccata. Para mitigar estes impactos, os cientistas realizaram experiências de remoção da alga invasora na marina de Viana do Castelo. Os resultados foram promissores, com a recolonização parcial da alga S. latissima, indiciando que reduzir a presença da wakame contribui para a recuperação das espécies nativas. Este estudo fornece assim dados essenciais para estratégias eficazes de gestão e conservação dos ecossistemas marinhos.

© APImprensa

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