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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

“Este concelho é para desempregados…” mais velhos!

Economia

As mulheres são a elite (58,6%) dos desempregados em Guimarães. Mas o exército dos sem emprego, tem uma idade para além dos 35 anos (75,6%), o que tende a acentuar uma carteira de gente que não trabalha, em segmentos preocupantes.

O desemprego subiu em Março, sem surpresas. Agora há mais desempregados do que em Janeiro (+325) e Fevereiro (+396). Guimarães tem, sem trabalho, 6166 pessoas. Curiosamente, um número maior do que a população de oitos vilas (individualmente consideradas e comparadas). Só a vila de Ponte tem mais habitantes (6610) que os desempregados concelhios.
As mulheres continuam a ser as mais sacrificadas, no acesso ao emprego, estável ou temporário. Há 3612 – um autêntico regimento – neste exército de desempregados – o que equivale a 58,6% dos sem emprego e sem ocupação profissional. Para melhor compreender este valor, as desempregadas são mais que a população residente na vila de S. Torcato ou na freguesia de Polvoreira.

Também no desemprego, há a discriminação do género, o que acentua as qualidades de uma sociedade sectária, sexista e machista, para a qual não se encontram soluções. E saídas profissionais.
Porventura, também sendo maioritárias, entre os desempregados, elas se enquadram, com mais probabilidade, num grupo de pessoas que perderam emprego no último ano. Os inscritos no IEFP, segundo dados de Março, com até 12 meses de inscrição são 3679 (apenas menos um – 3680) que os habitantes da vila de Serzedelo.

Ou seja, entre jovens à procura do 1º emprego e pessoas que deixaram de trabalhar, os desempregados são mais que os habitantes de quase a grande maioria de freguesias e vilas, com excepção de Creixomil, e Azurém, mesmo mais que a população de cada freguesia sub-urbana.
As pessoas, há mais tempo no desemprego, – logo inscritos e candidatos a um novo emprego – há mais de um ano, são superiores à população das uniões de freguesias de Serzedo e Calvos ou de Conde e Gandarela. São 2847 que esperam há mais de um ano, uma colocação na vida activa.

Há um desemprego recente (não superior a um ano) de homens e mulheres, em Guimarães, quando em 2019 a economia, em todos os sectores, conseguiu um desempenho apreciável, quer interna quer externamente. E como será quando a economia abrandar? E que consequências pode ter a Covid-19 na manutenção do emprego?
O número de jovens candidatos à procura do 1º emprego é de 360 – o mais baixo dos três primeiros meses de 2020 – o que significa que há 5806 candidatos a novo emprego, num universo de 6166 desempregados no concelho de Guimarães.
E quem são os trabalhadores à procura de uma ocupação profissional?

Pela sua idade, 9% ou seja 559 – tem menos de 25 anos. Há ainda um outro escalão intermédio, acima, de 945 desempregados (15,4%) que tem entre 25 e 34 anos. É com trabalhadores com idade acima dos 35 anos que se forma o maior batalhão neste exército de desempregados: 4662 (75,6%).

Talvez esteja aí, à porta, algo do género, de que “este concelho é para desempregados… mais velhos”, de meia idade, com uma carreira de trabalho até 18 anos, o que é menos de metade das carreiras contributivas médias dos trabalhadores portugueses, de 40 ou 45 anos. Isto pode indicar que o número de desempregados, com mais anos, acima de 35, não tem parado de subir e pode acentuar-se, o que vai contra os desejos do país e do governo, que acaba de dar um aumento mais na idade mínima de reforma. A Segurança Social, pode arriscar a arregimentar uma força humana, de homens e mulheres, cuja carreira de contribuições, seja em parte, proveniente de longos períodos no desemprego, o que fatalmente terá consequências no valor das pensões futuras. Estaremos de regresso ao antes do 25 de Abril com longos períodos de trabalho mas com contribuições irrisórias, dos trabalhadores para o sistema de previdência?

© infografia: Guimarães, agora!

O quadro dos desempregados, oferece aos empregadores, pessoas habilitadas e qualificadas?
Os desempregados actuais também têm um batalhão de gente cujo escalão de formação educativa é bastante desqualificada: dos sem a antiga 4ª classe (232), aos que têm apenas o 1º ciclo (1591), aos que atingiram o 2º ciclo (1004) e termina nos que atingiram o 3º ciclo, ou seja o 9º ano de escolaridade (1155), do ensino básico.

Assim, o batalhão de trabalhadores com baixas ou habilitações básicas, é composto por 3982 pessoas, ou seja 64,5% dos desempregados, para os quais pode justificar-se um verdadeiro programa de formação profissional, de modo a que actualizem competências, que possam justificar uma mudança de profissão ou a integração noutros sectores de actividade.
O projecto I9G – recentemente apresentado pela Câmara – propunha uma solução para estes desempregados. E também para outros com formação superior. O que poderia abranger também os desempregados que completaram o ensino secundário (1406), um grupo de 22,8% dos desempregados e também os 778 (12,6%) com formação superior, ao nível da licenciatura.

Isto pode justificar que acções concretas, sejam implementadas, para ocupar esta gente, cujos rendimentos diminuíram e foram afectados pela desocupação profissional, para quem nem sempre se olha com atenção e se aguarda que o mercado (as empresas) os absorva.
Porém, o pleno emprego devia ser uma meta a atingir, não apenas pelo governo central mas também pela administração local, cujo governo da cidade tem de começar a olhar para estes números. E dar o seu contributo para que o flagelo do desemprego não seja algo conjuntural e ao qual se possam dar contributos, através da requalificação, de habilitações, conhecimentos e boas práticas de recuperar estes trabalhadores para a economia real. É perigoso, alimentar o desemprego apenas com os subsídios atribuídos pela segurança Social que podem ter efeito perversos e transversal na sustentação da própria Segurança Social e tornar-se um refúgio, temporário, de quem estaria melhor a trabalhar.

A formação profissional destes trabalhadores desempregados devia ser mais objectiva e não se limitar a paliativos, como os workshops ou coisas do género. Porque ter 64,5% de desempregados, cuja formação não corresponderá ao que o mercado exigirá, muitos dos quais sem conhecimentos básicos de línguas e apenas com conhecimentos de informática ao nível do utilizador – apenas em telemóveis, é muito pouco para quem entende que o melhor é deixar as coisas correr, deixando acumular tensões sociais, situações a precisar de amparo psicológico e cidadãos a integrar o lote dos desinteressados da vida, desintegrados de uma sociedade que se quer justa.

Sem discriminar ninguém, por certo, há um grupo de mais letrados e tendencialmente melhor preparados e que pode corresponder à procura do mercado, a quem se poderiam dar uma oportunidade. E aproveitá-los podia ser uma missão, a nível local, que envolveria empresas e entidades. Dos 778 com formação superior e dos 1406 com o ensino secundário completo, com os 360 – com formação superior – na lista do 1º emprego, só estes podiam justificar medidas de política activa de emprego.

O IEFP, no seu programa de colocações, atendeu aos pedidos de 38 homens e 48 mulheres, colocando até Março, 86 pessoas numa situação profissional activa. Mas isso só não chega. Porque, também nos serviços do IEFP, em Guimarães, registaram em Março, 683 novos pedidos (de desempregados). A tipologia destes novos desempregados tem várias origens: 40 encontram-se inactivos, logo sem ocupação e actividade, 209 foram despedidos pelas entidades patronais, 41 despediram-se por vontade própria, 64 resolverem o seu contrato de trabalho por mútuo acordo, 209 porque tinham ocupação temporária, e 12 trabalhavam por conta própria com 108 por outros motivos a inscreveram-se no IEFP esperando poder ter qualquer oferta de emprego.
Veremos como será Abril, em pela crise da pandemia e que efeitos teve na empregabilidade em Guimarães.

© 2020 Guimarães, agora!

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