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Sexta-feira, Outubro 18, 2024
Rui Almeida
Rui Almeida
Vice-presidente da Juventude Socialista. Empresário na área do Salvamento Aquático e Formação Certificada.

A Fuga de Páris: Uma Analogia com a Liderança Política Moderna

Na mitologia grega, a Guerra de Troia oferece inúmeros exemplos de coragem e de tragédia, mas também de fugas e de recuos vergonhosos. Um dos momentos mais emblemáticos é o duelo entre Páris, príncipe de Troia, e Menelau, rei de Esparta, desencadeado pelo rapto de Helena. Ao perceber que não conseguiria vencer, Páris evita a derrota graças à intervenção divina de Afrodite, que o retira do campo de batalha, afastando-o de uma morte certa. É uma fuga clara da responsabilidade, um escape ao seu destino. E, ao fazê-lo, condena não só a sua honra, mas, inevitavelmente, o futuro de Troia.

Esta história antiga oferece-nos uma analogia poderosa com o comportamento de certos líderes políticos nos dias de hoje. Tal como Páris, alguns líderes, quando confrontados com crises de liderança ou críticas severas, optam por fugir às suas responsabilidades, escondendo-se atrás de aliados poderosos ou de estratagemas que mascaram a verdadeira natureza da sua má condução. Estes políticos, tal como o príncipe troiano, preferem evitar o confronto com as suas falhas, na esperança de que uma intervenção externa, seja um apoio de bastidores ou uma manobra de desvio de atenção, os poupe das consequências das suas próprias acções.

Recentemente, temos assistido a exemplos claros deste tipo de comportamento. Em tempos de crise, quando mais se esperaria que um líder assumisse as rédeas da situação, vemos precisamente o oposto: discursos evasivos, ausência em momentos cruciais, ou pior ainda, uma recusa total em admitir os erros cometidos. Esta estratégia de “fuga” permite-lhes, pelo menos temporariamente, escapar à crítica dos seus pares e à indignação popular. No entanto, tal como a fuga de Páris não evitou a queda de Troia, esta atitude política também não evitará a inevitável derrocada de quem não se responsabiliza.

A opinião pública não perdoa por muito tempo aqueles que se esquivam, que fogem ao peso do seu cargo.

O político que se esconde atrás da sua retórica ou que confia que os seus apoios o salvarão das suas más decisões comete o erro clássico de Páris: subestima a força do destino. Mais cedo ou mais tarde, a pressão interna ou externa acabará por fazê-lo cair. A opinião pública não perdoa por muito tempo aqueles que se esquivam, que fogem ao peso do seu cargo. No final, a falta de responsabilidade resulta não só na perda de confiança por parte dos cidadãos, mas também no colapso da própria estrutura que deveriam proteger.

A verdadeira liderança não se mede pela habilidade de evitar crises ou de contornar problemas. Tal como um guerreiro no campo de batalha, o líder político deve estar disposto a enfrentar os desafios, assumir as falhas e, se necessário, suportar o peso das consequências. Fuga não é estratégia; é fracasso.

Páris, ao evitar o confronto, perdeu a oportunidade de se redimir, de provar o seu valor ou até de alterar o curso da história. Da mesma forma, os líderes que fogem das suas responsabilidades perdem a oportunidade de mostrar a verdadeira força da sua liderança. No fim, tal como Troia foi consumida pelas chamas, também as instituições que estes líderes deveriam guiar estão condenadas a cair sob o peso da sua má governação.

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