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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Paulo Portas fala de um mundo imprevisível

Economia

Guerra comercial provoca sequelas mais graves que as crises financeiras

Usando da sua faculdade de “bom comunicador” e a visão mundo que lhe adveio do exercício da função de Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Portugal, o facto de ter ligações curtas com a economia e mostrando que estuda bem as questões de que fala, Paulo Portas suscitou atenção ao falar da geopolítica da globalização e como o mundo mudou e porque está mudando e mudará sempre cada vez mais. Não o disse com estranho mas alertou para um mundo imprevisível. E começou por perguntar, quem afinal, tinha o condão de adivinhar o que está a acontecer. “Há meia dúzia de anos, quem seria capaz de prever que os Estados Unidos iam ter o presidente que têm, que o Brexit ia acontecer, que a Alemanha ia entrar em recessão e a Espanha enfrentar uma grave crise secessionista?”, questionou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. Portas começou por falar as tendências económicas que se apresentam no horizonte e sobre a “informação tóxica” que circula neste mundo conturbado e minado por informação que volatiliza as relações comerciais e as relações entre Estados. Então como vamos “surfar” estas ondas da imprevisibilidade, do mal-estar entre blocos geo políticos, com origem nos USA e que se esbatem nos mares da Espanha com o seccionismo catalão ou o populismo na Alemanha.

“Há meia dúzia de anos, quem seria capaz de prever que os Estados Unidos iam ter o presidente que têm, que o Brexit ia acontecer, que a Alemanha ia entrar em recessão e a Espanha enfrentar uma grave crise secessionista?”

Para além do que está à porta em termos de estratégia geo-política, o mundo dos negócios tem de se haver com a flexibilidade que a digitalização provoca e promove, porque nada estará na mesma durante tanto tempo. Por isso, só com inovação é que se vencerão os desafios da globalização, da digitalização e da concorrência. “Se perdermos a inovação perdemos o futuro. Temos de investir um mínimo de 3% do PIB no apoio à inovação” – defendeu. E mostrou como a flexibilidade é a aptidão mais importante para as empresas se poderem sobreviver e prosperar num mundo imprevisível. Sobre mudanças, acrescentou que a digitalização não pode parar ninguém e será com ela que temos de viver no futuro imediato. Não tem dúvidas de que o mundo mudará muito nos próximos 20 anos (antes dizia-se que nos próximos 40). Paulo Portas sustenta que “quem acha que o mundo mudou muito nos últimos 40 anos, vai ficar espantado com o que vai mudar nos próximos 20 anos”. E interrogou: “Os robots vão passar a descontar para a Segurança Social? Os algoritmos vão passar a ser sujeitos a um regime legal e fiscal idêntico ao que regula empresas e pessoas individuais?”. Demonstrou que o paradigma mudança será de tal ordem que se criará uma nova ordem digital e uma economia digitalizada. Sem pausa na globalização onde Paulo Portas vê “muitas oportunidades”.

Porém, uma nova ordem económica vai exigir “uma nova ordem política”, capaz de resolver novos conflitos neste mundo global e digital. Sobre guerras e os seus impactos, Paulo Portas também apontou incertezas. Por exemplo, disse que todos estamos preparados para atacar crises financeiras mas “o impacto de uma guerra comercial é muito mais grave”, porque detiora a confiança, adia investimentos, vende-se e compra-se menos. “E as consequências demoram mais tempo e o tempo de recuperação é muito mais demorado num cenário de guerra económica do que numa crise financeira” – concluiu o ex-Ministro. E esta base da economia actual – confiança e verdade – está a ser detiorada, passo a passo. O debate em foros internacionais sobre as consequências da digitalização, dizem-nos “…preparem-se muito mais”. Até porque a ONU tende a não disciplinar os conflitos que se vêm no mundo por já quase nada representar na actual ordem política. Sobre a resiliência das economias, Paulo Portas entende que a do USA continua a ser mais do que a europeia, a da China é “mágica”, e na área da economia emergente, África continua mais resiliente que a da América Latina. O mundo actual continuará a ser fustigado pelos fenómenos da globalização, do mundo digital e das mudanças do comércio internacional e das suas tendências com a China e USA a dominarem o panorama internacional da economia, sem saber se os Estados Unidos podem abandonar a WTO – World Trade Organization – cujo papel nas “guerras comerciais” ainda ninguém sabe qual é.

© 2019 Guimarães, agora!

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