Bruno Fernandes com o mote da reflexão sobre empresas municipais, procurou demonstrar que ao serviço de uma estratégia global do Município, as empresas municipais nunca devem inverter estes papéis.
E citou o caso da Vitrus, que sendo “um braço armado” da Câmara não compreende porque “se quer mostrar”, ao jeito de “um vaidosismo” incompreensível, referindo-se a inúmeras iniciativas de comunicação e marketing que o vereador social-democrata referiu que não servem para nada porque “a Câmara é o maior cliente da empresa”. E não tem outros.
O vereador do PSD pediu “cuidado acrescido com o interesse público” e mais “transparência” na utilização e contratação de recursos, incluindo humanos. A Vitrus é a campeã da contratação municipal de pessoal.
Bruno Fernandes defendeu claramente que “só há uma Câmara”, deixando críticas ao papel que a Vitrus assume de subalternização do próprio Município.
Um papel não justificado com gastos na área da comunicação – que nenhuma outra empresa ou cooperativa municipais – ousa adquirir para montar “uma máquina de propaganda”, ao serviço não se sabe de que estratégia.
Numa análise, aos custos, Bruno Fernandes criticou o facto de “esta empresa estar a crescer galopantemente” nos recursos humanos. E no último ano, segundo o relatório que entrou na agenda da reunião, cresceu mais de 710 mil euros.
“Qual o critério de selecção destes colaboradores? Aplicam-se às contratações os mesmos critérios do Município? Deve haver critérios de transparência na forma de contratar?”
A estas perguntas, acrescentou a divulgação de “um telefonema” que fez para a Vitrus para saber “o que posso fazer” para entrar ao serviço da empresa. “Envie o seu currículo e depois analisamos” – foi esta a resposta que recebeu de quem lhe atendeu o telefone.
Bruno Fernandes, não tem dúvidas de que “deve haver em todas as empresas e cooperativas municipais, critérios de empregabilidade, anúncio de vagas, forma de acesso, concursos”. “Só com estas regras todos os vimaranenses estão em condições de acesso ao emprego na Vitrus” – acrescentou.
Acusou, a Vitrus de não ter feito qualquer anúncio para que “todos possam concorrer em igualdade de circunstâncias”.
Justificou ainda as suas observações sobre a “forma de comunicar” da Vitrus, com o facto de a empresa ter como único cliente a Câmara, a quem presta serviços em exclusivo, e “como opera num mercado sem concorrência”, tanta comunicação não justifica a angariação de mais clientes.
Concluiu, portanto, que “é desproporcional o investimento que a Vitrus faz em imagem e comunicação”, por “excesso de receitas”, comparando-o com outras entidades municipais que “são mais discretas”.
Questionou ainda para que servem “os meios afectos à sua exploração”, sustentando que certamente “não é para ter mais clientes”. A Vitrus não concorre com ninguém nas suas áreas de negócio “parcómetros e estacionamento, lixo, limpeza urbana. Isto é uma salgalhada” – admitiu.
“Vejo outras empresas (como a Vimágua) a distribuir dividendos ao Município”, mas a Vitrus “não”, o que propôs que “o contrato de gestão com a empresa deva merecer algum recuo nos seus montantes”. Acusou ainda a Vitrus Ambiente de, em alguns serviços, fazer concorrência ao Laboratório da Paisagem.
“A Vitrus gasta recursos, sem percebermos para que serve esta estratégia, numa clara desproporcional idade de meios” – acusou, dizendo mesmo que a empresa “tem mais meios que a Câmara” para a sua comunicação e propaganda.
Interrogou ainda se “a Vitrus é mais importante que a Câmara”, defendendo que até “a Tempo Livre deveria ter mais comunicação”.
Justificou depois a sua intervenção com um email que recebeu para estar presente em mais uma Vitrus Talks – “evento de afirmação e publicidade” – ao mesmo tempo que recebia um outro, de uma família mono-parental a lamentar não ter apoios e condições…
“Estamos a inverter prioridades, é preciso repensar onde estamos a gastar” – terminou. Deixando no ar uma crítica ao presidente “quem tem competências” e quem “deve exigir dos nomeados” que não coloquem em causa “a transparência das suas decisões”.
Bruno Fernandes mostra que o PSD ultrapassou, de vez, “o complexo de Sérgio Castro Rocha”, autarca de Ponte que ajudou a eleger e que, no fim do mandato se “transferiu” para o PS.
Domingos Bragança, presidente da Câmara, mostrou-se de acordo com o vereador no que toca à observância de “critérios claros” na admissão de pessoal. Adiantou que “estamos a implementar regras impositivas para as entidades municipais sobre a admissão de pessoal”.
Disse que a Vitrus “é uma empresa interessante”, em que “98% da mão de obra é operária, difícil de contratar para as áreas” em que a empresa opera.
Apesar disso, condicionou a acção da Câmara e dele próprio como presidente, de não poder intervir nos termos da lei. “Só demitindo” mas deixou evidente que “nós confiamos em todos os que foram nomeados”, mostrando algum embaraço para contornar as críticas de Bruno Fernandes.
Defendeu que “a transparência tem de existir”, todos “temos de cumprir a lei”, mostrando concordância que “é preciso aperfeiçoar”. Não deixou de defender que “a Vitrus é uma empresa eficiente, na área do ambiente”. E que todas as entidades do perímetro municipais, devia “ter uma cultura de empresa”. Uma qualquer empresa municipal “não deve ser cinzenta, e quem lá trabalha deve ter orgulho onde está”.
Em meias palavras, Bragança foi dizendo que “o João Pedro é o gestor executivo da Vitrus”, ilibando em parte o papel determinante de Sérgio Castro Rocha. E a propulsão que dá à comunicação é imagem, numa defesa natural de um gestor não remunerado mas que vai para além das competências atribuídas ao gestor público, cujo contrato é definido pela lei.
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