António Miguel Cardoso vai defender a sua gestão onde se regista que o Vitória teve duas participações nas competições europeias consecutivas, uma gestão económico-financeira equilibrada mas condicionada por falta de activos – e sem as maiores e melhores receitas, antecipadas pela direcção anterior – e um estado actual de uma equipa que conheceu já quatro treinadores mas que à 7ª jornada, coloca o Vitória a seis pontos do 1º classificado.
Também vai explicar o negócio com o FC Porto e o acordo com a VSports, assuntos que deseja encerrar depois de esclarecidos.
O presidente vai pedir estabilidade – porque o Vitória não aguenta conflitos internos assumidos por causa da disputa do poder – e que a sua gestão pode ter alguns erros mas as suas opções não tiveram o desgaste que foi provocado por decisões tomadas nos mandatos dos presidentes anteriores. E cujos efeitos ainda vão ser visíveis nos próximos anos.
Os sócios ficarão a conhecer melhor a situação financeira económica do clube e da SAD, com a apreciação do relatório e contas, um dos pontos da assembleia geral de hoje, à noite.
A direcção apresentar-se-á ao ‘estilo de Egas Moniz’, num condado onde a agitação interna, é feita à base de desinformação e desconhecimento dos factos da gestão.
Apresenta-se, também, com a confiança dos sócios – ainda que uma minoria não esteja pelos ajustes de estender a passadeira vermelha, apostando em se esconder num manto de contestação que pouco tem a ver com os interesses do clube.
Num Vitória clube e SAD sem dinheiro e liquidez, com necessidade de baixar o passivo, e com as melhores receitas antecipadas pela anterior gestão, António Miguel Cardoso mais do que defender a sua gestão tem de defender a viabilidade do clube no futuro a curto, médio e longo prazo.
A exposição económica aos credores é mais que evidente e as soluções para dar a volta ao Vitória não são passíveis de qualquer toque de Midas. Há um caminho das pedras para trilhar, uma estabilidade para garantir – sim esta pode ser a pedra de toque da recuperação do clube – e um exército de contestatários para convencer, ainda que a estes apenas interesse ver a bola a rolar nos relvados, indiferentes à situação económica e financeira do clube.
Para já, o que se sabe é que o conselho de fiscal examinou as contas e o seu parecer, para além de explicativo, é claro em lembrar qual é o calcanhar de Aquiles do universo vitoriano.
Explica como se fez o negócio da compra das acções a Mário Ferreira e das suas condicionantes, o acordo com a VSports que andou de marcha-atrás, mantendo o Vitória a maioria do capital social com o qual pode voltar a negociar a entrada de um parceiro.
E como o negócio de ‘conveniência’ feito com o FC Porto e depois anulado, provocou um rombo nas contas. E condicionou a viabilidade do clube a curto prazo. Também com a influência nas contas, está o pagamento de impostos ao Estado, referentes a 2004, e que o tribunal condenou o clube a pagar. São 246.626,85€.
O conselho fiscal deixa recomendações à direcção para reforçar a área financeira e o controle da gestão.
Confirma um resultado positivo no exercício de 1.739.904,29€ e a subida para 52.116.744,83€ do passivo, um aumento explicado e compensado pelo aumento do activo. Lê-se no relatório que há “uma justificação para o aumento do passivo, completamente evidenciada pela venda, nos últimos dias do mercado (Junho 2023), do jogador Ibrahima Bamba. Esse jogador, ao ser vendido com os pagamentos a ser feitos à posteriori, gerou uma mais-valia, naturalmente espelhada a nível de conta de resultados, embora não tenha gerado liquidez que propiciasse a imediata liquidação do passivo”.
No seu parecer, o conselho fiscal nota que “a melhoria no desempenho financeiro da SAD é demonstrada pelo menor desequilíbrio entre o activo corrente e o passivo corrente”.
Outro destaque, destas contas, refere-se “ao valor mais elevado de rendimentos dos últimos anos”, conseguido neste exercício. Ou seja, “mais de 37 milhões de euros, que são fruto principalmente das vendas de jogadores que atingiram o valor mais alto de sempre.”
O conselho fiscal defende mesmo que este valor é “mais elevado mesmo comparado com a época de 2019/20 em que beneficiamos dos prémios da UEFA (mais de 5 milhões de euros) e em que o valor relativo à venda de jogadores (líquidos de encargos) foi apenas de 15 milhões de euros”.
O Vitória registou um valor de venda de jogadores (líquidos de encargos) de mais de 23 milhões de euros. Estes valores são 62,35% dos proveitos.
Realça a redução dos custos com o pessoal que se traduz numa diminuição de mais de 20,5% (mais de 4 milhões de euros). “Este é um item muito importante e diz respeito a uma redução significativa do número de jogadores e da própria massa salarial” – lê-se no parecer.
Sobre o negócio de ‘conveniência’ com o FC Porto, do qual “esta direcção arcou com amortizações (custos) de 8,4 milhões de euros”.
O relatório explica que “em 2020/21 a Vitória SAD teve um proveito “artificial” de 15 milhões de euros. Sem esta situação, o Resultado Liquido do Exercício (RLE) desse período teria sido de (-23.246.496€) em vez de (-8.246.496€);
Os órgãos sociais que entraram em Março de 2022, dos quais este conselho fiscal faz parte, decidiram manter nas contas este negócio, pois em primeiro lugar está o Vitória e sempre o Vitória, e essa anulação iria colocar em causa ainda mais o bom nome do clube junto das instituições financeiras que têm vindo a financiar a actividade da SAD;
Ao herdar na contabilidade esse negócio, a administração da SAD e os restantes órgãos sociais sabiam que iriam onerar futuramente custos de 15 milhões de euros;
No ano passado, 2021/2022, foram contabilizadas amortizações relativas a este negócio num valor total de 3.533.200€. O RLE desse ano no valor de 13,7 milhões de euros negativo passaria para 10,2 milhões de euros negativos;
Este ano 2022/2023, fruto da amortização do passe do atleta Francisco Ribeiro, e a rescisão do atleta Rafael Pereira, foram contabilizados custos num total de 4.866.800€. Tal implica que o RLE da SAD neste exercício, em vez de 1.739.904,29€, seria de 6.606.704,29€ (o que seria o melhor resultado desde a constituição da SAD);
Assim sendo, dos 15 milhões faltam suportar 6,6 milhões de euros que serão deduzidos nas próximas três épocas (à raiz de 2.2 milhões por época, se não existir qualquer rescisão). Daqui resulta que esta direcção já arcou com amortizações (custos) num total de 8,4 milhões de euros”.
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