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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Diminuir custos de trabalho e aumentar salários, fabricar com valor acrescentado

Economia

Ideias para crescer e exportar mais

“O que poderia fazer com que as empresas e o país pudessem exportar e crescer ainda mais? Que políticas públicas deveriam ser adoptadas?” O segundo mote introduzido para o painel responder começou com Luís Guimarães (Polopique) a interrogar-se sobre o que o país nos pode dar para sermos mais competitivos.

Para além da já conhecida frase “deixem-nos trabalhar”, e criar condições para, Luís Guimarães escolheu a legislação do trabalho para ver nela estampada uma nova reforma, contrariando a tese de quem governa de que as leis do trabalho já estão para além do que devia ser.

O custo do trabalho é assim o factor que mais penaliza as empresas e os trabalhadores que “ganhando 600€ são penalizados com uma carga fiscal muito alta”. Fazendo contas sobre o que o custo de um salário de 600€ acarreta para a empresa – quase o dobro de encargos – , Luís Guimarães admitiu que “poucos na plateia pudessem sobreviver com apenas 600€”, defendendo a revisão do custo do trabalho, por áreas e sectores, de modo a que os impostos não absorvam tanto os rendimentos do trabalhador.

“Se o custo do trabalho baixasse isso seria um incentivo a que mais pessoas procurassem a nossa indústria que está longe de ser atractiva porque pagamos mal“, sustentou o administrador da Polopique. Reconhece, entretanto, que Portugal e os portugueses são competitivos se tiverem as condições para o fazer. “Na Europa e em qualquer parte do mundo, os portugueses são fantásticos, e onde lhes dão tudo, eles mostram o que são. Cá dentro, não podendo pagar mais, os trabalhadores não se sentem atraídos, sobretudo mesmo os jovens, para a Têxtil”.

Lembrou que, durante o período do “troika”, a Polopique criou 600 postos de trabalho e aumentou a produção para níveis estrondosos. “Utilizamos um método de incentivos que a ACT não percebeu bem e por isso foram-nos criando contratempos”. E tudo porque a uma maior remuneração corresponderia um aumento do horário de trabalho.

“Preocupa-me que precisando Portugal de produzir mais, exportar mais, ter uma indústria melhor e uma mão de obra que alimente essa indústria, os incentivos não existam porque o custo do trabalho aumenta e os custos de energia que deviam estar em níveis europeus, continuam a ser penalizadores para quem quer e necessita de crescimento” – disse.

Para Vítor Abreu (Endutex) a palavra “exigir” soa-lhe mal no ouvido. “Se damos 50 querem 100 e por aí acima, e o que alteraria era sentir que, afinal, as empresas são um bem para o país e não um mal necessário, e quem nos governa deve-nos ouvir e estar mais próximos de nós”.

Deu o exemplo de uma empresa do grupo no Brasil. “A proximidade com o poder político e com o Estado é enorme, temos acesso á cúpula do poder, as decisões são rápidas, sejam positivas ou negativas”. O empresário também deseja igualdade de oportunidades, para não ser apeando pela concorrência. “E não sinto isso”, contando como foi surpreendido “quando um empregado meu me mostrou uma bola que tinha comprado para o seu filho e onde estava escrita a origem do produto: CE. A verdade é que mesmo debaixo desta sigla europeia lá estava em letras pequeninas o China Export”. Dizendo que alertou parlamento, governo e instituições para o facto, a verdade é que nada aconteceu.

“Dizem que são pormenores… é verdade mas o meu pai costumava dizer-me que é a última grama que faz arriar o burro”, provocando uma boa gargalhada na sala.

O que Vítor Abreu quer é, tal como outros empresários, igualdade para competir… “não podemos competir a nível global com regras locais” pois é entrar numa corrida desequilibrada.

E com humor afinado, voltou a suscitar nova gargalhada da plateia ao ao dizer que “mesmo com palmadinhas nas costas, não pode correr uma maratona com uma mochila de 50 kgs nas costas…”

Para José Fernandes (Frezite), hoje “a indústria é cada vez menos indústria” e as empresas são mais agrupamentos de serviços em que predomina o valor acrescentado. É isso que diferencia o mercado e é essa a arma que as empresas portuguesas têm no mercado internacional.

Falou dos recurso humanos como uma “área em que temos estado distraídos” apesar do muito que fizeram empresas, universidades, escolas de negócios. Mas falta a formação intermédia, capaz de colocar os jovens nas empresas com a formação adequada. Sobre as políticas públicas de emprego, José Fernandes não tem dúvidas de que as políticas do governo o que fazem é colocar pessoas nas empresas de qualquer maneira e não fazer qualificação a sério. A Alemanha voltou a ser um exemplo a seguir pela sua política de aproveitamento e selecção dos emigrantes que chegam à Europa.

Depois a gestão do mérito, do conhecimento e da inovação tem de fazer o resto, criticando quem governa de só agir quando “a onda bate na rocha”

Exortou os sindicatos e outros parceiros sociais, a terem também boas práticas. E seguirem bons exemplos, lembrando que a Alemanha tem uma legislação favorável ao trabalho ao fim de semana com compensações para os trabalhadores.

© 2019 Guimarães, agora!

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