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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

GUIdance: os últimos bailados da edição de 2022

A segunda semana do festival de dança contemporânea, apresenta criações de Vera Mantero, Catarina Miranda, Anastasia Valsamaki e Wim Vandekeybu.


O vigor da criação com os projectos “Um gesto que não passa de uma ameaça”, de Sofia Dias & Vítor Roriz, ”O Susto é um Mundo”, de Vera Mantero e Cabraqimera, de Catarina Miranda, são espectáculos que antecedem o final do festival que termina Sábado com as estreias de “Body Monologue”, de Anastasia Valsamaki, e “Hands do not touch your precious Me”, de Wim Vandekeybus. 

A masterclass com a companhia Última Vez, de Wim Vandekeybus, o debate “Desfiguração Transformação”, conversas pós-espectáculo com artistas, embaixadores da dança e um ensaio aberto para escolas compõem as actividades projectadas até ao final deste festival internacional de dança contemporânea.  

Sofia Dias & Vítor Roriz estiveram em destaque nesta edição do GUIdance, não apenas pelas suas criações como serem os próprios a pisar o palco na interpretação deste espectáculo.

A dupla de coreógrafos protagonizou o salto para a segunda semana do festival com “Um gesto que não passa de uma ameaça”, aqui apresentado numa remontagem do premiado e viajado espectáculo que em 2012 se apresentou em Guimarães, em plena Capital Europeia da Cultura.

O roteiro proposto pela viagem desta edição brinda-nos hoje, pelas 21h30, com “O Susto é um Mundo”, peça de uma das mais reconhecidas criadoras nacionais da dança contemporânea, Vera Mantero, que aqui assume a co-criação e a interpretação com Henrique Furtado Vieira, Paulo Quedas e Teresa Silva, aos quais se junta ainda João Bento também responsável pela criação sonora. 

📸 Bruno Simão

Vera Mantero e toda a sua equipa de criação inspiraram-se no psicanalista Carl Jung, no antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e no professor de ética Jonathan Haidt para explorar tanto a ideia de contradição como a possibilidade da relação e da junção entre opostos, enquanto mecanismos de diálogo e de fricção. 

O resultado desta que é outras das co-produções d’A Oficina, juntamente com a Fundação Caixa Geral de Depósitos (Culturgest), Teatro Municipal do Porto e Teatro Viriato, explora alguns antídotos para os sustos do nosso presente, colocando-nos perante o inconsciente, uma quase entrada no mundo dos sonhos, através de uma linguagem simbólica e simultaneamente quotidiana, ensaiando uma reconexão com a natureza e um combate a todos os sustos do mundo.

📸 José Caldeira

Cabraqimera, espectáculo de Catarina Miranda que nos cruza o olhar com um quarteto em patins que nos confronta com uma contemporaneidade simultaneamente física e tecnológica, onde um sistema de organização espacial, baseado em desportos de velocidade, estabelece um conjunto de códigos de ocupação, intercepções e encontros, está marcado para amanhã. E pode ser vista, a partir das 21h30, na black box da Fábrica Asa.

O último dia da edição de 2022 do GUIdance, proporciona-nos a oportunidade de contactarmos com duas criações com formatos bem distintos, desde uma performance a solo durante a tarde para uma actuação conjunta de 10 intérpretes à noite. 

Às 18h30, a jovem coreógrafa grega Anastasia Valsamaki apresenta na black box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) a peça Body Monologue, interpretada pela bailarina Gavriela Antonopoulou, recuperando uma questão não respondida e evidente em palco: “o que pode um corpo fazer?”

📸 Direitos Reservados

Valsamaki centra-se na estrutura do monólogo, mas em vez de o verbalizar com significados, repele-os ao regressar ao silêncio pré-linguístico e eloquente do corpo que se expressa à medida que se move.

Um silêncio feito de gestos, pausas, formas maleáveis e estados corporais desconhecidos que mobilizam o nosso olhar. Uma conversa oculta que substitui a rigidez dos significados verbais pela fluidez dos significados que o corpo consegue “falar” através da dança.

📸 Danny Willems

A terminar esta celebração (da potência) do corpo e da dança, o multifacetado coreógrafo (e também bailarino, realizador e fotógrafo) Wim Vandekeybus assinala o seu regresso ao palco do CCVF para apresentar “Hands do not touch your precious Me” a partir das 21h30.

Neste espectáculo, o criador belga tece um conto mítico de confronto e transformação, luz e escuridão, morte e renascimento. Para a criação deste universo, o coreógrafo convoca, pela primeira vez, o performer e artista visual Olivier de Sagazan, cujo trabalho assenta na transfiguração do corpo e do rosto. 

© 2022 Guimarães, agora!


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