Aristides de Sousa Mendes, foi um prestigiado diplomata português. Nasceu no dia 19 de Julho de 1885 em Cabanas de Viriato, nas imediações de Viseu (terra de gente grande e valente). Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo começado a sua carreira diplomática muito jovem em 1910, onde se tornou cônsul de Demerara na Guiana britânica.
Trabalhou como cônsul na Guiana Britânica, em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos Estados Unidos (São Francisco e Boston), em Espanha (Vigo), no Luxemburgo, na Bélgica e, por último, em França (Bordéus).
Foi neste último local que Aristides de Sousa Mendes entrou para a história de Portugal e do Mundo. Em plena 2ª guerra mundial, entre 17 a 19 de Junho de 1940, o cônsul português trabalhou incessantemente na emissão de vistos, o que permitiu a milhares de judeus, que fugiam do holocausto, se refugiarem num local seguro (Portugal). Nesses três dias, foram emitidos 30.000 vistos, contrariando as ordens expressas de António de Oliveira Salazar (que pretendia demonstrar a neutralidade de Portugal), que tinha emitido a perversa “Circular 14”, que proibia terminantemente a emissão de vistos, para estes refugiados da 2ª grande guerra.
Por sua vez, os consulados portugueses de Bayonne e Hendaye haviam obedecido a Salazar, mas Aristides de Sousa Mendes dirigiu-se pessoalmente a essas cidades e conseguiu com que fossem emitidos ainda mais vistos. Este feito é ainda mais importante, tendo em conta que a nossa vizinha Espanha tinha também as suas fronteiras fechadas às raças determinadas pelo poder totalitário de Hitler. Este nobre ato, permitiu poupar milhares de vidas, que seriam exterminadas nos famigerados campos de concentração nazi.
Apesar de estar consciente das consequências dos seus atos, Aristides de Sousa Mendes preferiu o humanismo e deixar um enorme legado de altruísmo ao Mundo. Este grande homem, acabou por morrer a 3 de Abril de 1954 na total miséria.
São portanto, estes os valores que Aristides de Sousa Mendes nos deixa, de liberdade, de justiça e dignidade humana.
Nos dias de hoje estes valores, tão pouco relevados, deveriam ser os referenciais da nossa sociedade. O respeito e a tolerância pelo credo, cultura, etnias, raças ou orientação sexual, deveriam ser valores basilares das democracias consolidadas e das sociedades modernas. Temos de aproveitar o exemplo de Aristides de Sousa Mendes e aplicar o seu legado no nosso quotidiano e nas nossas comunidades.
A homenagem de Portugal a Aristides de Sousa Mendes, através da sua imortalização no panteão nacional, peca por tardia, mas a tempo de consciencializar a sociedade dos perigos dos extremismos, que sempre espreitam a cada adormecimento democrático.
Porque por vezes, a genialidade está nos gestos mais simples…
“Que mundo é este em que é preciso ser louco para fazer o que é certo”
Aristides de Sousa Mendes
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