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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

MICAM Milano: calçado de regresso à maior montra do mundo

Começou, hoje, a MICAM Milano, com a presença das empresas portuguesas reduzida a cerca de um terço.


As empresas da indústria de calçado voltam ao maior palco mundial onde procura a reconquista do mercado.

A MICAM Milano é para a indústria dos sapatos como Meca para os muçulmanos. Há um ano que não se sentia o frenesim desta feira, que é também barómetro de uma indústria que se catapulta no mundo.

As empresas portuguesas esperam reafirmar o caminho de expansão que se acentuava antes da pandemia até Terça-feira, sendo certo que serão os clientes europeus que mais se sentirão impulsionados a dar um salto a Milão. A pandemia continua a limitar viagens, de clientes de outros continentes.

O Secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, já visitou algumas empresas que compõem a comitiva portuguesa. Na MICAM estão 34 empresas, para quem esta presença era um regresso muito esperado. 

“A MICAM é a principal feira do sector e é muito relevante para as empresas nacionais, uma vez que reúne os maiores players do sector a nível mundial”, diz Luís Onofre. 

Para o presidente da APICCAPS a presença portuguesa na feira “é da maior importância para retomar os negócios”

A presença na MICAM insere-se na estratégia promocional definida pela APICCAPS e AICEP, com o apoio do Programa Compete 2020, e visa consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos, para onde o sector exporta mais de 95% da sua produção.

“Podemos finalmente voltar ao formato tradicional. As nossas empresas precisam de se encontrar com os players pessoalmente e restabelecer os relacionamentos. Trabalhamos incessantemente para garantir todas as ferramentas necessárias para o relançamento da indústria”, diz Siro Badon, responsável-máximo da MICAM.

A edição da MICAM está, uma vez mais, alinhada com um conjunto de outros eventos da indústria da moda que tem como objectivo reunir os principais certames na mesma semana. Em conjunto, estes eventos serão responsáveis pela presença de mais de 1600 expositores. 

Os eventos #RestartTogether incluem a feira DaTE, especializada em óculos de sol, HOMI Fashion&Jewels Exhibition, dedicada ao sector da joalharia, MICAM, Mipel – dedicada ao sector de artigos de pele, THEONEMILANO, dedicado ao vestuário feminino e, por último, a Lineapelle

A edição de Setembro traz muitas novidades. Com as empresas a apresentarem as colecções para a próxima Primavera/Verão 2022, o projecto Emerging Designers irá receber 12 jovens internacionais. 

Além disso, estão previstas duas novas áreas, o MICAM START-UP BOOT CAMP e o ITALIAN ARTISAN HEROES. O primeiro espaço apresentará as principais start-ups do sector, com maior capacidade criativa. Por outro lado, a área dedicada aos artesãos apresentará as melhores empresas italianas dedicadas à produção para outras marcas. 

Sonhos e esperança são o mote desta edição. “Numa altura em que existe um desejo avassalador de recomeçar e de sonhar, escolhemos um dos contos de fadas mais famosos do mundo, pela mensagem de esperança que contém”, diz Siro Badon.

A campanha de comunicação da feira continua inspirada nos contos de fadas e, para esta edição, o protagonista é o icónico “sapatinho de cristal”, que acompanhará as próximas três edições da maior feira de calçado do mundo. 

© MICAM

Nesta participação nacional, com apenas um terço das empresas habituais, há empresas e marcas vimaranenses como a Ambitious, Cruz de Pedra, Coxx-Borba, Darita, Overstate, Suave.

A Kyaia que é o maior fabricante nacional não participa nesta edição onde habitualmente marca presença com as suas três marcas – Fly London, Softinos e As Portuguesas -, tal como a Lemon Jelly ou a Carlos Santos.

Entretanto, o sector regista um crescimento nas exportações de cerca de 10% em relação a 2020, um volume abaixo dos 11,5% dos 1.088 milhões de euros que representaram as vendas de calçado no mercado internacional, nos primeiros sete meses de 2019.

A participação na MICAM é um regresso aos mercados das empresas de calçado, um teste, que ditará a tendência do futuro. E se nas próximas edições da feira, as empresas portuguesas vão comparecer em maior número.

A 92ª edição da MICAM conta com 652 expositores, sendo 390 só de empresas italianas. Será, também, a primeira vez que a feira terá expositores asiáticos. 

Para as empresas portuguesas, a MICAM será o principal palco internacional em 2021, a par de eventos mais pequenos, como a Gallery (Alemanha), ou as feiras de Riva del Garda e da Pitti Uomo (Florença). 

“É o regresso aos mercados externos e o início de uma fase de afirmação do calçado português no exterior.”

Todas as atenções estão focadas em 2022, com 17 acções previstas no primeiro semestre do próximo ano, com o regresso aos Estados Unidos e à esmagadora maioria dos mercados internacionais. “É o regresso aos mercados externos e o início de uma fase de afirmação do calçado português no exterior”, diz o presidente da APICCAPS, Luís Onofre, que acredita que “há sinais claros que mostram perspectivas de recuperação a partir do próximo ano”.

Há ano e meio em suspenso por causa da pandemia, as empresas de calçado estão a sentir os efeitos da recuperação. No último inquérito covid realizado pela APICCAPS aos associados, e que mostra que mais de 50% das empresas têm já trabalho até ao final do ano. “Os últimos inquéritos têm indiciado uma melhoria significativa dos negócios”, diz o presidente da associação.

As empresas portuguesas notam sinais ameaçadores. Nesse inquérito de Setembro, que contou com respostas de 108 empresas, que representam mais de 20% das exportações do sector, o abastecimento das matérias-primas importadas foi apontado pelos industriais como a sua maior dificuldade. Uma preocupação referenciada por 48% das empresas, contra os 33% do inquérito anterior. A insuficiência de encomendas estrangeiras era a maior preocupação apontada pelas empresas.

A questão logística é agora vista como a maior ameaça, sobretudo se tivermos em conta que os custos de transporte marítimo, que segundo o índice World Container Index, da consultora Drewry, estão quase nos 10.375 dólares por um contentor de 40 pés, multiplicaram por cinco desde o início da pandemia. Quanto ao transporte aéreo aumentou 111,39% desde Março de 2020, o que pode constituir um desincentivo às compras online, já que este é o meio privilegiado usado para estas entregas, sendo, por norma, pago pelo consumidor.

João Neves, Secretário de Estado da Economia, que já visitou algumas empresas, sente a sua presença na feira como um “acto de resistência que deve ser cumprimentado”

Uma ronda que permitirá, perceber qual é o ambiente de negócios que as empresas portuguesas estão a enfrentar. A questão do aumento significativo das matérias-primas e dos custos de transporte, “é uma situação difícil”, para o Secretário de Estado.

E apesar de ser um fenómeno transversal às várias economias e sectores não se torna numa desvantagem entre empresas. O Secretário de Estado reconhece que “a tendência de normalização ainda não é muito perceptível nos mercados” assinalando que “os chineses usaram contentores para stockarem os seus produtos o que fez com que, com a grande recuperação da procura, o número de contentores disponíveis tenha diminuído, mas não me parece que este aumento generalizado dos preços possa continuar por muito mais tempo. Muito importante é que, tratando-se de uma questão generalizada, as empresas possam ajustar os seus preços aos custos efectivos de produção”, regista.

O Secretário acentua que tem encontrado um ambiente “muito positivo” neste período de regresso da indústria nacional aos mercados, “um sinal de esperança para as empresas”.

Por isso, promete reforçar os apoios à internacionalização no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2030, um aumento não quantificado, dado que as negociações com Bruxelas sobre o próximo quadro financeiro plurianual estão ainda numa fase inicial.

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