PS: debate sobre resultados eleitorais mostra hostes desanimadas

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Foi a primeira reunião da comissão política no pós 12 de Outubro. E a primeira com Gabriela Nunes na liderança de um PS que esconde na sombra as novas lideranças que se mexem, sob o manto da unidade conveniente para o momento.

Um debate “profundo” é o que pode ter acontecido, segundo alguns dirigentes da estrutura local que não se preveniu – nem preparou para a primeira derrota, ao fim de 36 anos de poder hegemónico, na sociedade e na política vimaranense.

Procurar as causas para um desaire eleitoral que alguns anteviam que ainda “não seria desta”, pode ter suscitado análises das causas e efeitos da derrota que foram do nuclear ao conveniente.

Os que defenderam que a perda das eleições ainda merece mais reflexão do que a que foi feita durante pouco mais de três horas, no início desta semana, podem estar no caminho certo para aprofundar as raízes da já há muito anunciada derrota do PS, em Guimarães, que algum dia aconteceria por ser a primeira.

Foram muitas intervenções, cerca de 15, algumas cuidadas porque escritas, outras ao sabor da corrente, demonstrando o trauma socialista do agora: um PS unido pela derrota, sem divisões (aparentes) quando não se conseguiu unir, antes do escrutínio dos cidadãos vimaranenses, para manter o poder.

Com juras a todos os santos e patronos, os que almejam protagonizar o futuro, optaram por apontar erros que justificaram a derrota do partido, sem qualquer hierarquia de valor: a divisão do partido, a actuação do PS Câmara, o cansaço nos eleitores depois de 36 anos de governação sem oposição.

Nesta análise, faltaram críticas mais contundentes, e todas se apresentaram envoltas em veludo partidário porque ainda não é o tempo de se contar espingardas. Esperar que o tempo sare a ferida foi a estratégia seguida pelos conselheiros agora à espera de um D. Sebastião que organize o partido e mostre uma liderança efectiva e capaz.

Outros dirigentes optaram por críticas que gostavam de dirigir a ausentes. Por exemplo, Amadeu Portilha perguntou onde estavam, naquela noite, Adelina Pinto, Sofia Ferreira e Paula Oliveira. A ex-vereadora e candidata à Junta de Freguesia da cidade, sentada na última fila, foi pronta a dizer: “Estou aqui”, embaraçando o dirigente que voltou a repetir que “isto já não é para mim”.

O Partido Socialista continua a viver um período de transição na sua liderança. © Direitos Reservados

Sem conhecerem em profundidade a governação do último mandato de Domingos Bragança, muitos descobriram nela o ónus do resultado eleitoral, que como era habitual não teve qualquer resenha do mandato. E que nem os livros de Domingos Bragança e Ana Cotter conseguiram elucidar, evidenciar ou servir de guião para esclarecer eleitores e muitos dos que deixaram de votar no PS. Uns cerca de sete mil eleitores, segundo as contas de alguns.

As cambalhotas do PDM, cuja não submissão à votação e ao escrutínio da Assembleia Municipal, acabaram por ser mais do que um tiro no porta-aviões. Foi outra razão principal para justificar o desaire da equipa de Ricardo Costa, hoje, ainda pouco convencido de que se tornou no factor X da derrota eleitoral e da divisão do PS ao meio, cavando a exclusão ao invés da inclusão como foi sempre timbre na escolha sucessória de candidatos à Câmara e às Juntas de Freguesia.

Também, alguns conselheiros que semearam nos bastidores a dissensão rosa, apareceram na comissão política a pregar a unidade – nesta hora – orgulhando-se dos seus resultados nas suas freguesias – alguns com perda de votantes em todos os actos eleitorais anteriores, fenómeno que poucos atenderam e compreenderam.

Ser o melhor dos piores nas freguesias só humilha os que menos votos tiveram em universos eleitorais menores, defendendo agora – o que antes rejeitaram – uma participação efectiva na campanha se lhes tivessem pedido.

Se sobre o passado recente ainda há mais para dizer e reflectir, então sobre o futuro… é que a névoa pairou sobre a comissão política. Não apareceu um líder novo. Ricardo Costa disse ter “mais vida e mais futuro fora da política” e continuará num trilho nacional, deixando a concelhia a alguns Delfins… que se preparam para mostrar mais do mesmo.

Com eleições internas para além das presidências, o PS está em ‘stand by’, sem estratégia colectiva e com alguns atiradores furtivos no alto dos prédios, visando os inimigos das suas intenções que guardam no bolso. Por isso, ninguém quis fazer acerto de contas, apostando numa unidade ténue pronta a ser desfeita a qualquer momento.

Por isso, fez com que alguns dissessem no final da reunião que tudo foi “pacífico” mesmo num cenário de derrota.

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