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Quinta-feira, Dezembro 5, 2024

Kyaia e Fly London: onde se cruzam (muitas) histórias (bonitas) na vida de Fortunato Frederico

Economia

A empresa comemora 40 anos e a marca 30. Entre a Kyaia – produtora – e a Fly London – marca – há um percurso comum mas cruzado, uma aventura épica que bem pode ser a epopeia empresarial de Fortunato Federico que glorifica o sector do calçado, em Guimarães e em Portugal.

O homem que já antes tinha o sonho de ser empresário, quis ser, primeiro, trabalhador ao aceitar a função de varredor na antiga Campeão Português, no início do seu percurso profissional. Traçou logo ali o seu destino de homem de trabalho e rasgou os horizontes do que viria a ser a sua carreira de empresário, perspectivada e prospectivada com o conhecimento empírico adquirido na universidade dos sapatos – a Campeão Português – em Guimarães.

Mais tarde, a Fly London ajudaria a empresa a voar (e navegar) para todo o mundo, onde chegaram os sapatos produzidos em Pencelo, apresentados em colecções diversas, luzindo com as cores garridas ou sóbrias que consumidores, de vários continentes, começaram a gostar e a comprar, pela sua qualidade, conforto e sustentabilidade.

Esta fidelização, graças a uma política comercial agressiva cimentada com a presença nas melhores feiras do sector, e com a descoberta de novos mercados e clientes – sempre parceiros e amigos – foi o factor K da dispersão comercial, com uma estratégia de marketing simples, cuja mais valia era a qualidade do sapato.

A Fly London, mesmo não sendo originária do grupo Kyaia, foi adoptada como veículo e ferramenta comercial, acabando por ganhar alma e coração de todos os que trabalham no grupo empresarial e espaço no comércio internacional com aquilo que se fazia em Guimarães e, mais tarde, em Paredes de Coura. E tornou-se singelamente na caravela com a qual o número de mercados exportadores foi sendo conquistado nos vários continentes.

Enquanto marca europeia, primeiro ou multi-continental depois, a Fly London haveria de se tornar nos Lusíadas de Fortunato Frederico – e dos colaboradores que não esquece – onde se narra a descoberta dos caminhos comerciais, por terra, mar e ar, com contornos similares ao dos navegadores portugueses.

O empreendedorismo de Fortunato Frederico não é apenas uma mera teimosia, de um homem que se inspirou em exemplos vivos, como o de Torcato Ribeiro, fundador da bem conhecida Campeão Português. Tornou-se numa epopeia no sector do calçado, a dois anos da entrada de Portugal na Europa Comunitária, expandindo-se para um inusitado número de países, como um bom exemplo de internacionalização e de exportação estrategicamente abraçado enquanto mercado aberto de enormes potencialidades.

Hoje, é notório que há – para além da relação comercial – uma cumplicidade “humana”, evidente em 40 anos de vida da Kyaia e nos 30 da Fly London, facilita e sustenta os negócios. E dá perenidade ao crescimento do grupo empresarial.

Na celebração destes aniversários, ficou claro que há um tempo para os negócios e outro para acentuar a vivência humana entre quem vende e quem compra

Para além dos principais e melhores clientes, participaram nos 40 anos da Kyaia, homens e mulheres que são autênticos embaixadores da marca pelo seu tempo de fidelização. 

Vários clientes, do Canadá/USA, da Itália, Reino Unido, Alemanha, Polónia, Taiwan ou Sérvia, alguns são-no há quase 30 anos, numa relação que não é apenas marcada por um negócio mas que se misturou com amizade. Ou melhor numa cumplicidade humana e por isso perdura, no tempo, para além de crises, naturais, em todos os negócios ou ciclos económicos.

Na Quinta da Eira do Sol, em Gonça, estiveram lá, alguns com as suas famílias, todos com a mesma devoção à marca, em mais uma apresentação de novas colecções que ocorrem duas vezes no ano.

Jim Bosco, do Canadá, expressou – em seu nome pessoal e interpretando o sentimento de outros clientes e amigos – a homenagem e reconhecimento que era devida ao fundador e líder da Kyaia, na celebração destas duas datas marcantes na sua história empresarial.

Jim Bosco e a sua família. © GA!

Fortunato Frederico com a sua humildade e simplicidade tornou-se um Luís de Camões do calçado, escrevendo poesia épica com o seu empreendedorismo arrojado ao tornar-se figura de proa dos sapatos portugueses e de Guimarães.

Dedicou-se à sua empresa – à marca e à fábrica, hoje tecnologicamente na linha da frente – com uma vontade de crescer, mais e mais, criou um grupo económico que muitos reconhecem, respeitam e valorizam, diversificou investimentos, e criou a sua própria Fundação.

A Kyaia, tornou-se na Meca do pessoal político – de chefes de governo, de ministros e de comissários europeus – onde todos querem passar, não importa o tempo se eleitoral ou institucional.

Os seus feitos inéditos no sector passaram pela compra da Foreva – o maior retalhista português – dando uma dimensão ao grupo Kyaia nunca vista ou sonhada. Fortunato Frederico juntou a produção industrial ao retalho, um investimento de risco que ele assumiu plenamente, numa visão de futuro.

Um infausto acontecimento familiar – a morte de seu filho – acabou por ser o impulso mais forte para escrever a sua epopeia, chegando ao Oriente, um estímulo determinante na obra que conseguiu compor sempre com o filho – que tinha o seu nome – no pensamento e na sua memória. E que agora evoca criando uma marca nova com o nome de ‘Fredy & Frederico’ para os seus produtos.

Tal como Camões, Fortunato Frederico estava determinado para a tarefa que sempre ambicionou: o de escrever o épico do sector do calçado, dando novos mundos ao mundo, enfrentado convulsões e tempestades económicas, ciclos de crise e de crescimento, sem nunca olhar para trás.

Curiosamente, o seu poema nunca precisou de socorrer-se de temas históricos, mitológicos, lendários.

Afinal, o épico da Kyaia e de Fortunato Frederico residia na sua ambição, na sua força interior, no seu querer… nunca desistindo, confiando nos seus colaboradores. E na sua capacidade de ler, observar, viajar, ultrapassar fronteiras, antevendo o futuro, tornando-se no homem do leme que nunca abandonou o seu barco, nem desviou a sua rota, apesar de poder alterar o seu rumo, resistindo a todas as tormentas. Por isso, se tornou um homem da Europa e conquistou o mundo.

Ler mais: Parte 2

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