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Quinta-feira, Abril 25, 2024
Vítor Oliveira
Vítor Oliveira
Tem 40 anos e atualmente é Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, depois de ter exercido funções de Adjunto entre 2013 e 2017. Licenciado em Comunicação e Pós-Graduado em Economia Social, foi seis anos Docente Assistente Convidado no Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) e Diretor Executivo do CyberCentro de Guimarães durante onze anos. Entre 1996 e 2002, trabalhou como jornalista na Empresa Gráfica do Jornal “O Comércio de Guimarães” – GUIMAPRESS e no portal “Diário Digital”.

Quando os avós voltaram a viver

O gradual regresso ao trabalho dos pais e a reabertura das creches e dos jardins de infância significou também o reencontro de muitos avós com os netos, afastados da convivência social, nos últimos três meses, devido à pandemia que tinha nos idosos o principal grupo de risco. Um pesadelo que, para muitos, terminou ironicamente a 01 de junho, Dia da Criança.

O dia em que voltaram a ir buscar os seus meninos à “escolinha”. Os que ainda não regressaram às salas ficaram na residência dos avós, quais professores inesperados a quem a sociedade atribui um papel de autoridade… somente exercida sob o olhar atento dos pais. Os avós são doces e dão… doces!

Às vezes, são rebuçados ou chocolates em forma de coração. Tentam agradar, usando todos os meios. O que fazem juntos é, portanto, o que o “aluno” quase sempre quer, seja uma ida ao parque, um jogo, ver televisão, comer muito ou não comer nada. Tirar os avós aos netos foi, provavelmente, o mais difícil de todos os desafios. Foram forçados a jejuar de contacto físico e a alimentar a relação com videochamadas, onde o colo é virtual. E, por isso, ganharam nódoas negras que se espalharam por toda a alma.

Isto porque sentiam, também, a falta de carinho dos filhos. Acharam-se abandonados. Uma monotonia. Uma perda de vivacidade. Uma tristeza enorme. Longe dos netos, dos filhos e sem… afetos. “Sente que está a perder tempo de vida?”, perguntou-se de forma direta e impactante, num estudo publicado há dias. 75% dos inquiridos, entre os 70 e os 75 anos, disseram que sim

“É aqui que a pandemia parece ter efeitos mais nefastos do ponto de vista psicológico e comportamental…”

É aqui que a pandemia parece ter efeitos mais nefastos do ponto de vista psicológico e comportamental. O tempo é muito relevante na faixa etária mais elevada, precisamente por terem receio que “aquele momento” não volte a acontecer. Por isso, arriscaram fazer a vida normalmente. Não fosse pela vontade e cuidado dos seus filhos, os mais velhos não respeitavam as medidas e estariam sempre junto dos netos. Bastava eles pedirem. Mesmo que para satisfazer a vontade dos mais pequenos tivessem que pagar com a vida.

© 2020 Guimarães, agora!

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