É impossível repetir o processo de confinamento a que assistimos no início da pandemia.
Foi um período com um impacto brutal nas atividades económicas (a perda do PIB – previsão de 9,5% e o acréscimo do desemprego – 8,1% em agosto, assim o testemunham) e as medidas e restrições a que que algumas das atividades continuam sujeitas prolongam as dificuldades financeiras que irão, ainda, piorar as condições (e qualidade) de vida dos portugueses.
Ora, encontrar o equilíbrio entre as medidas necessárias para controlar a pandemia e manter os empregos e as empresas em funcionamento, não é fácil nem imediato. O aumento exponencial do número de contágios, principalmente a Norte e particularmente em Guimarães, leva a maiores medidas de restrição e complicam ainda mais o normal funcionamento das atividades económicas. É, por isso, necessária uma estratégia que impeça o crescimento da doença, num período propício, de forma a alcançar uma trajetória descendente de contágios, sendo que cabe também a todos e a cada um de nós, num esforço aliado ao bom senso, a tarefa de travar esta batalha.
Toda a economia está afetada e aguarda-se a chegada (e eficiência) dos Fundos Europeus, bem como a possibilidade de, não se ficando pelo corporativismo de sempre e interesses de alguns, chegar à economia real e à reestruturação da economia. Todavia, no presente, setores e atividades importantes no nosso modelo fortemente ligado aos serviços, como o turismo, a restauração, empresas de organizações de eventos, entre outras, vivem desde o desconfinamento e sem saber até quando, em grande esforço para sobreviverem. Esforço que lhes foi (e é) imposto pelas medidas de contingência, esforço que resulta da crise global da pandemia, esforço que deve ser de todos e para todos. A Saúde não funciona sem Economia, mas não podemos ter Economia sem Saúde.
Temos sido alertados pela transmissão comunitária do vírus em Guimarães, um dos concelhos do Norte com mais casos e em crescimento. Algo não vai bem e não está a funcionar em Guimarães. Exemplo disso, e independentemente das preocupações e cuidados que possam ter sido tomados e até do respeito pelas regras da DGS (e que provavelmente não analisam situações locais e como tal desajustadas a realidades específicas), a verdade é que o cidadão comum não entendeu como no passado fim de semana a Câmara Municipal tenha permitido que se realizasse um espetáculo com 964 pessoas, num contexto de ”aumento de casos em descontrolado crescimento, acima da média nacional”, conforme reconheceu o Presidente da Câmara, Dr. Domingos Bragança. Exigia-se que este responsável máximo da edilidade tivesse previamente tido em consideração a leitura que os munícipes poderiam fazer da realização do evento, como fizeram.
A agravar, seguiu-se a suspensão de todos os espetáculos agendados no concelho e, dois dias depois, no mesmo registo inicial, apenas se a DGS a aprovar. Suspensão e suspensão da suspensão em dois dias, estratégia de combate à pandemia inovadora? Política de saúde pública cuidada e meditada, num contexto tão sensível como o que vivemos? Se este é apenas um caso, apesar de representativo, então por onde andamos no cerne das políticas? Perdidos e confusos?????
Assim, e porque é urgente reforçar e não relaxar ou descurar o combate à pandemia, é necessário conhecer o rumo e o sentido da política sanitária concelhia, se é que existem dados perante os evidentes sinais contraditórios, solicitando ao Presidente da Câmara Municipal de Guimarães sinais claros e fortes de compromisso com a Saúde Pública, designadamente apresentando plano concelhio integrado de combate à COVID-19 para o período muito difícil de outono-inverno que se avizinha.
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