Se há tema que sempre me preocupou e que ainda hoje ocupa grande parte dos pensamentos, é a forma incapaz de como em Portugal se pensa e projeta o futuro. É assim desde o início dos tempos. Quem é que nunca aprendeu nada sobre o império português e aquilo que já fomos?
O maior indício de que a história se repete a cada década e de como os nossos governantes voltam a falhar a mais um conjunto de gerações, é o estudo “Os jovens em Portugal, hoje” realizado pela fundação Francisco Manuel dos Santos a jovens entre os 15 e os 34 anos.
O que concluímos é que, apesar dos vários alertas, os jovens portugueses são dos que recebem um dos salários mais baixos da União Europeia, 72% dos jovens aufere 950 euros líquidos por mês ou menos. Mais importante do que isto, é que apenas 19% dos jovens dizem viver confortavelmente com o seu vencimento e mais de 50% não tem um contrato a tempo fixo ou indeterminado.
O reflexo de 19 anos de governação do PS, e da esquerda, da normalização dos baixos salários que acaba por se refletir também na educação, 32% dos jovens dizem não ter estudado por falta de condições financeiras. Aqui chegados, o resultado é óbvio. Cerca de 30% dos jovens dizem ter a certeza de sair do país devido à falta de oportunidades de emprego.
Mais uma década, mais umas quantas gerações nas quais investimos e que vão criar riqueza para um outro qualquer país.
Mais uma década em que os jovens não se conseguem emancipar, mais uma década em que o vencimento base sobe pouco mais de 200 euros, mais uma década em que somos asfixiados por impostos, mais uma década em que nos vamos endividando, mais uma década em que vamos adiando os nossos sonhos.
E, ao contrário do que possam pensar, isto é política. É política quando com programas de investimento europeu, com folga orçamental e com todas as condições sociais e financeiras, não se apoiam as empresas, não se reduzem impostos, não se incentiva ao investimento – nacional e estrangeiro – em Portugal.
É política quando os programas que deviam incentivar a emancipação jovem não funcionam, quando não existe nenhum apoio financeiro direto que permita adquirir ou remodelar habitações como existe, por exemplo, na Irlanda.
É política quando não se investe no SNS, quando não se pagam horas extra, quando temos filas de espera indetermináveis, quando temos hospitais e centros de saúde em condições deploráveis, quando os profissionais de saúde não são, como deviam, devidamente reconhecidos.
É política quando não pensamos no futuro, quando apenas reagimos, quando atiramos dinheiro para cima dos problemas, quando não temos a coragem de fazer reforma alguma. Tudo isto são, por sinal, más políticas.
Reservo muita fé às novas gerações – à minha geração – para inverter o marasmo para o qual fomos arrastados e que, inevitavelmente, condicionará toda a nossa vida se nada fizermos.
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