Para conseguir fazer uma análise credível sobre as eleições americanas e o impacto que estas têm no mundo, é necessário fazer um enquadramento sobre quem são os intervenientes, o que está em causa, e o impacto que todas as eleições americanas têm no mundo. Começarei esta coluna de opinião com um pequeno enquadramento sobre quem são e o que representam os dois grandes partidos políticos e o seu posicionamento na sociedade americana. Nos artigos seguintes analisarei o que aconteceu entre 2016 e 2020 sob a Administração Trump e o impacto que teve na Europa e no mundo, e o que nos podem reservar os próximos 4 anos.
Por estes dias, duas conceções da sociedade americana travam uma batalha sem precedentes na guerra pelo futuro. Das eleições realizadas a 3 de Novembro, e até à data, não foi possível determinar com certeza quem saiu vencedor – seja porque há milhões de votos por correspondência por contabilizar, seja porque há processos a decorrer em tribunal para determinar se houve ou não ilegalidades durante a contagem dos mesmos. E esta não é uma questão menor, tendo em conta a história eleitoral nos Estados Unidos da América.
Ao longo dos últimos dias – e das longas horas de emissão sobre o tema -, mais do que uma eleição para escolher novas políticas, esta eleição foi um referendo a Donald Trump. Muitos defendem a teoria de que, seja qual for o resultado, a América pode enfrentar uma nova guerra civil: Trumpists Vs All the Others. Se pensarmos numa guerra civil como as que os Estados Unidos teve no seu passado esta é, claramente, uma visão exagerada. Contudo, só os mais distraídos é que podem pensar que não há uma guerra entre antigos e novos paradigmas económicos e sociais, e como estes são percecionados por todos.
Usando a gíria bélica, de um lado das trincheiras temos o partido Republicano, conservadores tradicionais e alguns extremistas, partidários dos valores da livre iniciativa e responsabilidade individual, para quem “redistribuição é uma palavra suja”. Com um eleitorado composto na sua maioria por Homens brancos, cristãos de diversas denominações protestantes regulares e de algumas fundamentalistas, das classes mais endinheiradas e também dos habitantes das cidades médias e pequenas da América profunda. Os republicanos lutam desde sempre para manter o que consideram o espírito que fez a grandeza do país e o diferencia das sociedades europeias.
Do outro lado, o partido Democrata, menos conservador mas longe dos valores de centro e esquerda europeus, reivindicativo do direito ao trabalho e de maior solidariedade social. Composto por uma maioria de mulheres, minorias étnicas e outras, de crenças diversas, habitantes das grandes cidades e dos Estados mais progressistas.
Até sabermos o resultado oficial, o mundo suspende a respiração para saber quem sairá vitorioso deste combate.
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