Portugal foi a eleições no dia 30 de janeiro. O partido socialista venceu com maioria absoluta e poderá governar como entender nos próximos 4 anos. Ao contrário do que pensei que aconteceria, no próprio dia, e nos dias que se seguiram, as reações das pessoas, com quem falei e que acompanho nas redes sociais, não foi de euforia, muito pelo contrário.
Pensei muito sobre isto. Como será possível que um partido vença as eleições com maioria absoluta e que quase ninguém com quem falo esteja feliz, entusiasmado ou minimamente confiante? Depois de colocar todas as hipóteses possíveis e de estudar todas as variáveis que poderiam impactar esta perceção, cheguei a duas conclusões.
Primeira, efetivamente as primeiras opiniões/reações que perceciono são da minha bolha política que, pelo facto de militar e ter responsabilidades num partido que competiu diretamente com o partido vencedor das eleições, seriam – naturalmente – desanimadoras.
Apesar deste enquadramento, nunca fui pessoa de discutir política apenas na minha pequena caixa. Muitas das pessoas com quem tenho relações de amizade não têm qualquer filiação partidária e estão sempre bastante à vontade para discutir política sem qualquer tipo de enviesamento partidário. Isto levou-me a uma reflexão mais profunda e – consequentemente – a uma segunda conclusão.
Segunda, os jovens da minha faixa etária – que constituem a minha base relacional – não reconhecem à esquerda o arrojo ou a capacidade necessária para lhes assegurar um futuro melhor. Há inúmeros motivos para isto acontecer. Em Portugal os jovens, mais ou menos formados em Bragança ou em Lisboa, passam mal (uns piores do que outros, é certo).
A recorrente teimosia da esquerda na ideologia barata e ultrapassada de que um estado social forte é a solução para todos os nossos problemas, só resulta quando – efetivamente – todos nós, por estarmos em situações de debilidade financeira e social, estamos dependentes desse estado social. A desilusão para nós – os/as miúdos/as – foi tanta e tão grande porque já sabemos onde isto nos leva.
Investimos na nossa educação, o estado investiu na nossa educação, queremos contribuir e ajudar o nosso país, mas o mais certo é apanharmos – como já foi apanágio de outras gerações – um dos próximos voos para um país do centro ou norte da Europa onde – por sorte – já podemos ter amigos e/ou família.
Para um país que não sufoque os jovens e as famílias com impostos. Para um país onde o aumento de dez euros nas pensões e reformas não seja tão decisivo para a vida dos seus mais velhos. Para um país onde sejamos verdadeiramente livres.
Da minha parte, ainda que com uma grande sensação de incapacidade, não vou baixar os braços. Não vou deixar de tentar fazer com que se perceba que Portugal também pode ser um desses países onde – por norma – dizemos que as pessoas vivem todas bem.
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