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Terça-feira, Abril 23, 2024
Miguel Leite
Miguel Leite
Natural de Guimarães, fisioterapeuta licenciado, com mais de 10 anos de experiência profissional, tendo já tido várias experiências profissionais (meio hospitalar, clínica, ensino especial em escolas e meio desportivo/desporto de alta competição). É também pós graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia cardiorrespiratória. Têm outras formações complementares relacionadas com a sua profissão. Faz parte dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, pertencendo desta forma ao atual corpo ativo da corporação vimaranense.

“A caixa da vida”

Será hoje o término desta nuvem negra no nosso planeta designado COVID-19? É uma questão que percorre os nossos pensamentos diariamente e que habita nos nossos suspiros diários, enquanto olhamos o exterior da janela. Possivelmente não vai ser hoje, nem amanhã e eventualmente manterá a sua presença nos próximos tempos.

“Se optarmos por comportamentos irracionais, podemos estar a sentenciar a nossa vida ou eventualmente a de algum ente querido…”

A realidade é esta, e como tal, devemos manter uma postura firme perante este “micro-organismo voraz”, sem qualquer tipo de “facilitismo precoce”, adequando e respeitando estratégias preventivas já enumeradas pelas autoridades competentes um cem número de vezes. Se optarmos por comportamentos irracionais, podemos estar a sentenciar a nossa vida ou eventualmente a de algum ente querido.

A viagem para uma unidade hospitalar nesta situação pandémica do COVID-19, em muitos casos percorre a direção da Unidade de Cuidados Intensivos, principalmente quando se verifica uma agudização da sintomatologia da patologia em causa (particularmente a presença de dificuldade respiratória), obrigando quase sempre a um suporte ventilatório artificial. A existência de um défice respiratório marcado pela presença de uma disfunção de oxigenação (devido a alterações morfológicas e funcionais intrínsecas pulmonares) ou falência da “bomba ventilatória” por fraqueza dos músculos respiratórios são as principais situações que caracterizam o doente respiratório.

A ventilação é espontânea quando nos encontramos perfeitamente saudáveis e não necessitamos de qualquer “auxílio” mecânico. Por outro lado, a ventilação mecânica consiste num método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crónica agudizada. O suporte ventilatório oferecido pela ventilação mecânica é algo que já existe há muitos anos (o primeiro surgiu em 1743) e que têm vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos para bem da humanidade.

Existem situações específicas que obrigam a uma resposta imediata de um ventilador, como sendo; doenças do parênquima pulmonar ou das vias áreas superiores, agudização da falência respiratória crónica, insuficiência respiratória aguda sem doença respiratória subjacente, depressão do centro respiratório, doenças neuromusculares e alterações da biomecânica torácica. A ventilação mecânica está indicada em doentes com modificações importantes nas trocas gasosas; é usada com frequência em doentes com hipoxemia e progressiva hipoventilação e acidose respiratória; e ainda em situações em que o utente é sujeito a elevadas dosagens de sedativos para procedimentos cirúrgicos hospitalares.

Atualmente, classifica-se o suporte ventilatório em ventilação mecânica invasiva (traqueostomia e tubo endotraqueal) e ventilação mecânica não invasiva (uso de uma interface – máscara, entre o ventilador e o paciente). Nas duas situações, a ventilação artificial é possível através da aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. Abordando a ventilação mecânica invasiva, são critérios para aplicação, paragem cardiorrespiratória, situações clínicas instáveis, depressão marcada de consciência, agitação/não colaboração e queimaduras e traumatismos faciais.

Porém a VMI deve ser mantida apenas o intervalo de tempo necessário para otimizar o paciente e dessa forma evitar potenciais complicações (posição do tubo endotraqueal, obstrução das vias aéreas, aspiração de conteúdo, pneumotórax, hipoventilação/hiperventilação, infeção, compromisso hemodinâmico, entre outros). O Fisioterapeuta é um elemento fundamental no sucesso do desmame da VMI do paciente, ou seja, na transição da ventilação artificial para a espontânea.

Como tal, pode realizar o treino dos músculos respiratórios em caso de fraqueza dos mesmos, durante a fase de pós-extubação imediata, as técnicas de tosse assistida ou a aspiração podem ser necessárias e o planeamento de protocolos de desmame orientados pelo fisioterapeuta e toda a equipa da UCI, são alguns dos exemplos da sua importância em todo este processo. Mais uma vez o trabalho multidisciplinar é a unidade chave na recuperação destes pacientes, sendo muitas vezes a esperança final para manter a linha da vida.

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