Tem uma forte componente clínica e tecnológica, é baseada em múltiplas técnicas de imagem e com um vasto âmbito de acção.
É isto que se pode dizer do que pode ser o emergir de uma nova especialidade: a radiologia de intervenção, uma sub-especialidade médica da radiologia.
Para além de efectuar diagnósticos, a radiologia de intervenção dedica-se ao tratamento minimamente invasivo de patologias, representando uma alternativa à cirurgia.
Inspirada por grandes vultos da medicina mundial, dos quais se destacam os portugueses Egas Moniz e Reynaldo dos Santos, pioneiros da Escola Portuguesa de Angiografia, o desenvolvimento desta sub-especialidade iniciou-se nos anos 60, nos Estados Unidos, por Charles Dotter, o ‘pai da radiologia de intervenção’.
“Com novas opções terapêuticas e novos tratamentos, a radiologia de intervenção representa um impacto cada vez maior no tratamento minimamente invasivo de doentes com patologia oncológica, vascular e outras, com destaque para a oferta de tratamentos mais rápidos, mais confortáveis para o doente e que apresentam um custo-eficácia superior às alternativas cirúrgicas clássicas” – salienta um comunicado da ULS do Alto Ave.
A realização de procedimentos de radiologia de intervenção é um dos pontos fortes que a direcção do serviço de imagiologia da ULS do Alto Ave está a desenvolver no hospital da Senhora da Oliveira (HSOG).
Para a directora deste serviço, Ana Salgado, “a implementação de técnicas inovadoras na radiologia de intervenção, com recurso a procedimentos médicos diferenciados e minimamente invasivos e utilizando equipamentos de última geração, representam uma oportunidade de diferenciação clínica, permitindo um tratamento e acompanhamento personalizado pela nossa equipa, elevando assim a qualidade do serviço prestado à nossa população”.
Internalização de procedimentos complexos
Há alguns anos que os médicos Pedro Lopes e Frederico Cavalheiro se têm dedicado a desenvolver a radiologia de intervenção no hospital da Senhora da Oliveira.
No âmbito de um plano estruturado e pensado a médio prazo, e que tem implicado a preparação de infra-estruturas, por exemplo, a criação de um recobro e acesso à utilização às salas de angiografia da unidade de diagnóstico e intervenção cardiovascular, a aquisição de material e formação da restante equipa – enfermagem, TSDT, assistentes técnicos e assistentes operacionais – tem-se vindo a internalizar gradualmente procedimentos de maior complexidade, outrora realizados com colaborações externas.
Esta valência realiza-se no HSOG com procedimentos mais básicos, nomeadamente biópsias e drenagens orientadas por ecografia e tomografia computorizada, um caminho seguido que tem vindo a ser de constante evolução.
“Há cinco anos iniciou-se a realização de termoablação renal e hepática por micro-ondas (tratamento alternativo à cirurgia clássica) e no ano de 2023 iniciou-se a realização de drenagens biliares e gastrostomias percutâneas” – lê-se no comunicado.
O hospital avança um “novo salta qualitativo” para este ano: a internalização de procedimentos ainda mais diferenciados, nomeadamente os endovasculares (por exemplo: embolização brônquica, hepática e renal, doseamento das veias supra-renais e biópsia hepática transjugular).
Por outro, dar-se-á início a um programa de tratamento de nódulos benignos tiroideos, pela técnica de termoablação percutânea por micro-ondas, passando a ser um dos poucos hospitais públicos a realizar este tratamento.
Como vantagens desta técnica, alternativa à remoção cirúrgica da tiróide, destaca-se o facto de ser realizado em regime de ambulatório, sem deixar cicatriz e com menos riscos para o doente.
“As vantagens da radiologia de intervenção estão identificadas e são reconhecidas pela equipa de gestão da ULS do Alto Ave, área em que têm feito uma clara aposta, acreditando na nossa equipa e dando-nos os meios necessários para continuar a desenvolver o nosso projecto. Como resultado orgulhamo-nos de ter uma oferta que nos permite ombrear qualitativamente com os maiores serviços de imagiologia do país e ímpar a norte do grande Porto”, refere Pedro Lopes.
O compromisso, da equipa de radiologia, com a melhoria contínua de cuidados e a oferta aos utentes desta região de procedimentos cada vez mais inovadores, continuará. Implementar um tratamento da dor crónica associada a processos de artrose/entesopatias, já foi reconhecido e premiado, em Paris, um trabalho de que são co-autores os médicos Frederico Cavaleiro e Pedro Lopes.
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