Cerca de duas dezenas de comerciantes marcaram presença na reunião de Câmara de Quinta-feira, dia 23, para se manifestarem contra o corte do trânsito no centro da cidade. O presidente da Câmara defende que “se continuarmos com a mesma receita do passado, não teremos resultados melhores”.
A presidente da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG), Cristina Faria, voltou a abordar o presidente da Câmara acerca do fecho do trânsito no centro, que acredita vir a prejudicar os comerciantes. A sua intervenção foi marcada pela emoção, levando a que fosse substituída por um dos colegas presentes. “O corte de trânsito vai ser um verdadeiro obstáculo para os nossos negócios e ainda não vimos nenhum projecto que garanta a nossa sobrevivência”, argumentaram os comerciantes.
Na intervenção, referiram, também, as consequências que as obras para a pedonalização da cidade podem vir a ter nas receitas do comércio: “Relativamente às possíveis obras que serão levadas a cabo pela autarquia, lembramos que das experiências passadas, sabemos dos prejuízos causados no comércio, as quebras nas vendas rondam sempre os 80%”.
“Seremos nós, os comerciantes e os residentes, cobaias para estas experiências?”
Expressando a sua indignação, a Associação questionou o Município acerca da eleição de Guimarães como cidade piloto no projecto NetZeroCities relativo à neutralidade carbónica. “Seremos nós, os comerciantes e os residentes, cobaias para estas experiências? Guimarães foi a única cidade portuguesa, e a nível europeu só 59 cidades irão cometer este atentado. Porque será?”
Os comerciantes apelaram a que o executivo trabalhe em conjunto com os comerciantes e não lhes apresente apenas planos fechados. “Não nos mande embora para outras cidades, senhor presidente”, apelaram.
Cristina Faria interrogou, ainda, se a Câmara tinha feito algum estudo acerca do impacto que o corte do trânsito terá no comércio local. “É que nós tentamos contratar um professor da Universidade do Minho e ele disse que não valia a pena porque que os resultados eram visíveis, para olharmos para Coimbra, para olharmos para Viana do Castelo”, relatou a dirigente.
Na perspectiva de Domingos Bragança, o plano é para concretizar mas compromete-se a “reunir com os comerciantes em plenário, quando o projecto estiver pronto”. “Decidimos pedonalizar a parte nascente da Alameda de São Dâmaso, Toural e a rua de Santo António, como medida que pretende devolver o espaço público à fruição dos vimaranenses e de todos os que nos visitam”, disse o presidente da Câmara.
“Estarei disponível para ouvir, e interpretar a vontade da cidade.”
O autarca explicou que a obra inicial que irá avançar é a de elevar a cota da estrada ao nível dos passeios, permitindo a passagem de veículos prioritários, transportes públicos e moradores. “O trânsito só será condicionado, total ou de forma faseada, após a conclusão da obra, num processo que poderá vir, no futuro, a ser revertido, no caso de necessidade. Mas, repito, a minha decisão convicta é da interdição total do trânsito regular. Estarei disponível para ouvir, e interpretar a vontade da cidade”, reitera o edil.
Domingos Bragança disse ainda que deverá existir um esforço por parte dos comerciantes para se adaptarem às novas exigências da vida contemporânea, que passa por estender ou alterar os horários de funcionamento ou outro tipo de flexibilidade.
O presidente da Câmara aproveitou a oportunidade para falar do projecto dos Bairros Comerciais Digitais, já submetido a candidatura com o nome Bairro 1128, em homenagem à Batalha de São Mamede. “O projecto dos Bairros Comerciais Digitais, que disponibilizará, entre diversas medidas, plataformas digitais públicas de última geração, de divulgação e interacção de tudo o que se passa na cidade, nas suas múltiplas actividades, de iniciativa pública ou privada, será um projecto inovador e diferenciador, que vem beneficiar as actividades económicas, em especial do comércio local e restauração”, concluiu.
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