- Rui Boavista Marques, PhD da delegação da AICEP Berlin, confirma o crescimento do comércio entre os dois países.
- Visitando as empresas na Heimtextil como é habitual, confirma que o têxtil-lar cresceu acima da média em 2024 e mantém a sua posição de 5º mercado de destino das exportações portuguesas.
Como avalia a percepção do mercado alemão sobre o têxtil-lar português?
O mercado alemão é um mercado particularmente sensível para quase todos os produtos portugueses, porque para além de constituir a maior economia europeia, é um mercado plataforma que organiza eventos de perfil mundial, exactamente como a Heimtextil, e que aglutina empresas chave que também apoiam o negócio, por exemplo de tendências e de agenciamento. A percepção sobre os produtos portugueses é normalmente muito boa, aliando as competências de fabrico, ao reconhecimento da qualidade, do design e das marcas, o que aliás é notório (e impressionante!) ao visitar o Hall 12.0 e 12.1 que constituem as áreas premium da feira e constatar a presença extraordinária das empresas portuguesas.
“As exportações globais cresceram 7,5% e as exportações para a Alemanha cresceram 19,6%.”
E o que ele representa em termos de volume de negócios?
O mercado alemão tem sido tradicionalmente o 5.º maior mercado destino das exportações portuguesas de têxteis-lar, mas muito curiosamente uma vez que estamos em tempos de estagnação, e mesmo de recessão da economia alemã, em 2024 (Janeiro-Setembro) cresceu bastante acima da média, uma vez que as exportações globais cresceram 7,5% e as exportações para a Alemanha cresceram 19,6%, de 27 para 32,5 milhões de euros (enquanto que se registaram quedas para França, Reino Unido e Itália).
© Messe Frankfurt
De que modo a delegação da AICEP Berlin apoia as empresas portuguesas na sua expansão na Alemanha?
A AICEP apoia as empresas e em particular as associações sectoriais (uma vez que existe um efeito de eficiência colectiva), através dos Regimes de Incentivos à Internacionalização de PME’s e das associações: neste caso da Heimtextil e no caso das associações, a – ‘Home From Portugal’, é a que apresentou a candidatura e trouxe 39 empresas de um total de 56 presentes com stands. É interessante referir que para além das centenas de representantes das empresas expositoras, existem outras dezenas largas de participantes portugueses que vêm ver in-loco as tendências e fazer contactos internacionais. A AICEP Berlin também acompanha a Associação Anit-Lar (Associação Nacional das Indústrias de Têxtil-lar), presente também na feira através da sua direcção e do secretário-geral, Dr. Luís Ribeiro Fontes, com quem tive a oportunidade de visitar as empresas individualmente. Para além do apoio na feira, a AICEP Berlin está no mercado o ano inteiro, acompanhando dezenas de pedidos concretos sobre importadores, tendências e às vezes até, resolução de conflitos comerciais. Por outro lado, a delegação também colabora na angariação de participantes alemães para a ‘Guimarães Home Fashion Week’.
“Precisamos de uma Europa de crescimento sustentável e duradoiro.”
A actual crise da Alemanha será duradoura que desvie o país de ser o motor da Europa?
Muito se tem falado sobre a Alemanha e a eventualidade de o motor “estar gripado”, mas como se pode constatar na relação bilateral Portugal-Alemanha (o coeficiente de cobertura das exportações pelas importações de bens e serviços é de 109%, e as exportações portuguesas cresceram 1,3 mil milhões de euros em 2024), fica provado que as cadeias de fornecimento portuguesas são resilientes, como “resiliência” é a grande palavra-chave da sociedade empresarial alemã. Estou em crer que este país saberá encontrar saídas para esta crise (dois anos seguidos de recessão ténue), pois precisamos de uma Europa de crescimento sustentável e duradoiro.
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