Tem sido a promotora da participação portuguesa em inúmeras feiras têxteis e de vestuário, ajudando à expansão do sector do têxtil técnico, divulgando a inovação dos produtos portugueses com contributo forte no aumento das exportações portuguesas.
Manuel Serrão é o CEO da associação que tem dinamizado a internacionalização das empresas portuguesas, em inúmeras feiras e mercados, apostando em mercados de qualidade e onde se possam vender produtos com valor acrescentado.
No regresso à normalidade e ao frenesim destes eventos internacionais, qual é o balanço que faz da realização simultânea, desta trilogia de feiras importantes para a sector têxtil e vestuário?
Do nosso ponto de vista, dos dois fóruns – iTech Style Green Circle e o Fórum das Tendências – que tínhamos, na Heimtextil todas as reacções que temos são excelentes para além de termos constatado inúmeras visitas dos compradores. Agora, já sabíamos, desde o primeiro momento, que esta era uma edição especial e de formato mais reduzido não sendo de estranhar que tenha havido menos visitantes também em função de um número menor de expositores. Contudo, senti que as empresas não estando eufóricas, todas concordavam que tinha valido a pena participar e quebrar um ciclo de dois e três anos de não realização destes eventos, na Messe de Frankfurt.
A Techtextil, dois anos depois, pareceu-lhe especial?
As reacções são bem melhores confirmando-se as expectativas. O segundo dia da feira (Quarta-feira, 23) foi o melhor. Alguém disse mesmo melhor do que na última edição, de 2019. Convém recordar que a Techtextil já não se realizava há três anos, facto que contribuiu para suscitar uma expectativa maior sobre as novidades que iriam ser apresentadas.
“Portugal não vai diminuir o seu esforço de promoção internacional e de comércio dos têxteis”.
O que esperar do desempenho das exportações português, no futuro próximo? Portugal está mais competitivo?
Penso que Portugal não vai diminuir o seu esforço de promoção internacional e de comércio dos têxteis, numa Europa cada vez maior e em mercados estritamente mais favoráveis, fora da Europa como o dos Estados Unidos. As feiras presenciais ainda são muito importantes e por isso continuamos a marcar presença em diversos mercados, numa altura em que é evidente um esforço das empresas em mostrarem produtos cada vez mais inovadores e diferenciadores. Penso que as feiras se poderiam reduzir a três dias, limitando os custos para as empresas mas não limitando a sua participação. A Techtextil é um bom exemplo de montra onde a inovação se evidencia.
Onde é mais evidente esse esforço inovador?
As empresas preocupam-se em evoluir de forma sistémica, mostram a sua responsabilidade em relação a problemas que nos afectam como sociedade global, com respeito pelo ambiente, apostam na circularidade dos materiais que utilizam, em ordem a manter a sustentabilidade dos seus produtos. Nota-se, também, como a cooperação entre o CITEVE e as empresas é eficaz no desenvolvimento de novos produtos que surpreendem o mercado, pela sua novidade.
O que mais destacaria?
Vou dar-lhe alguns exemplos mas há muitos mais. Porque vejo as empresas preocupadas com o futuro dos produtos que introduzem no mercado. Nos têxteis técnicos, a Penteadora está a trabalhar muito bem em produtos para fins militares; no têxtil-lar a Têxteis Penedo tem sucesso com a incorporação de cortiça nos tecidos que servem de base aos seus artigos com o CORK-A-TEX; há fios com novas texturas e no geral todas as empresas trouxeram novidades. E até as empresas que vieram pela primeira vez como a Lineartex se mostram contentes com esta participação internacional.
Há já três anos que a Techtextil não se realizava…
Isso também foi um factor de atracção porque muitos vieram em busca de novidades maiores, devido ao facto de a feira ser bi-anual.
Para que Portugal e as suas empresas sejam mais competitivas no mercado global, o que é preciso?
Dou-lhe o exemplo dos têxteis técnicos: quando fizemos a primeira participação na Techtextil, eles representavam apenas 5% das exportações e agora representam já cerca de 40%. Ou seja, em 10 anos, houve uma evolução tremenda. E tudo com o esforço das empresas e a sua presença nestes certames.
“É isso que se nota nos têxteis técnicos, onde a tecnologia, ajuda ao desenvolvimento do produto”.
Ainda se mantém a importância destas feiras?
Claramente. Começamos nesta Techtextil com cerca de cinco empresas e hoje já são 27 as que se fazem representar. Um número que cresce e são agora mais três do que em 2019. Daí que as exportações aumentem com mais valor acrescentado porque é isso que se nota nos têxteis técnicos, onde a tecnologia, ajuda ao desenvolvimento do produto. Essa subida em volume e percentagem das exportações com mais valor acrescentado em cada peça, é nesta área que se nota mais facilmente, apesar de se reconhecer que o têxtil e vestuário no geral acompanham a tendência geral de crescimento em quantidade e qualidade das exportações portuguesas do sector.
Portugal ainda tem mais capacidade exportadora porque há empresas que poderiam estar nestas e noutras feiras?
Sim, veja como era a participação portuguesa há 12 anos e a que é hoje. Num cenário de reindustrialização da Europa é de esperar que Portugal também veja a produção de bens aumentar.
E como se aumenta esse esforço exportador?
No meu ponto de vista, as empresas devem ver primeiro quais são as feiras que lhe interessam e avaliarem as suas potencialidades. E depois que comecem a participar.
E quais as perspectivas da Selectiva Moda em contribuir para uma maior internacionalização do tecido empresarial português?
A primeira expectativa que pretendemos se realize é da abertura de concursos para os projectos de internacionalização no âmbito do Portugal 2030. Penso que já estamos atrasados e a promessa é a de que está para breve. Ainda para mais quando a componente de apoio da União Europeia é forte e destina-se a permitir um alargamento da presença de produtos portugueses nos mercados.
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E depois?
Temos um calendário de feiras que correspondem aos interesses das empresas, haverá novos mercados a explorar. Manteremos as feiras que mais têm tido sucesso e que permitiram uma maior visibilidade da indústria portuguesa, a que correspondeu um salto no processo de internacionalização e no aumento do volume das exportações. Também, as empresas anseiam por conhecer o tipo de apoios com que podem contar. Não é indiferente estar numa feira com um apoio de 100% ou um de 50% para os custos que têm de contabilizar.
A junção destas três feiras cumpriu os seus objectivos? É para continuar ou não tem pernas para andar?
A Techtextil e a Techprocess vão continuar juntas e com o calendário habitual. Realizam-se de dois em dois anos, para que haja tempo de inovar uma vez que implicam questões técnicas e de tecnologia. Já temos novas empresas interessadas em participar na edição de 2024. A Heimtextil terá sempre uma edição em Janeiro por ser a vontade das empresas. Se vai haver uma edição semestral, também especial, serão as próprias empresas a dizê-lo. Mas não será certamente em Junho.
Nas feiras em que a Selectiva Moda participa, levando empresas portuguesas, poderia fazer um ranking tipo Top 5 ou outro qualquer?
Fazemos feiras em várias áreas e mercados. Direi que nos têxteis técnicos, a Techtextil e Texprocess não têm igual; nos tecidos a Première Vision, a Milano Unica – esta tem vindo a crescer – e a Munich Fabric Stuart também estão no top. A Ispo, em Munique e a Médica, em Frankfurt entram igualmente neste lote. Na Moda, vamos levar agora 10 empresas à Magic de Las Vegas. A Momad, em Madrid, na última participação, em Setembro, de 2020, quando o covid-19 ainda estava a meio gás, foi uma boa oportunidade para as empresas portuguesas. A Who’s Next tem tido anos melhores e piores. No private label estamos com muita expectativa na Fashion SVP, em Londres, uma feira muito boa. Depois do Brexit, veio a pandemia e não houve oportunidade de sentir os seus efeitos pelo que a edição anunciada para Novembro deixa-nos com alguma expectativa positiva.
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Na península ibérica que feiras suscitam mais atenção?
Temos a Momad onde tivemos a maior participação de sempre com 16 empresas na última edição. Essa capacidade de sobreviver tem sido um trunfo para as empresas portuguesas. A última edição desta feira de Madrid tinha reduzido, para metade a presença dos seus expositores. E o sucesso de Portugal foi brutal devido ao facto de a pandemia ter afectado muitas empresas espanholas, beneficiando as nossas que mantiveram a aposta de participar, dando sinal de actividade.
O pudemos esperar do próximo Modtissimo?
O Modtissimo vai ser no início de Setembro, mais cedo de sempre, por causa da antecipação de Première Vision. Voltará à Exponor, com mais espaço e tudo indica que vamos ter um número maior de expositores. Ainda faltam três meses e é isso que estamos a sentir.
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