Tentativa de detenção de um adepto por alegado arremesso de objecto para o relvado foi mal sucedida, na forma e no tempo.
Desta vez os adeptos do clube adversário ficaram em casa. Não havia ninguém hostil na bancada do topo norte, a mais próxima da bancada onde agentes da PSP e sócios do Vitória se desentenderam.
Mesmo neste cenário, pacífico, a carga policial foi sonante, quando o Vitória vencia por 2-0 e o intervalo estava por minutos.
Nada justificou aquela altercação. E muito menos foi compreendida à luz do contexto em que o jogo se desenrolou, em que só havia adeptos do Vitória.
A PSP e a sua força especial, mais uma vez usou da razão da força em vez de usar da força da razão. E ao mínimo incidente desbaratou em agredir adeptos e não os defender de alguma anomalia. Sim, porque o ataque foi brutal contra um conjunto de adeptos e não contra um eventual prevaricador.
Ninguém aceita, nem compreende, que isto se realize sempre no Estádio D. Afonso Henriques. Porque qualquer intervenção da PSP faz-se sempre ao jeito de um elefante que entra numa loja de cristais.
Mais uma vez, a actuação é que está em causa, sabendo que os adeptos reagem em grupo contra o que quer que seja.
Se a ideia era deter um adepto por um desvairado arremesso de um objecto qualquer para o relvado, a ideia de chamar um exército para o deter não é sensata. É desafiante e provocatória. Se os agentes sabiam quem foi o indivíduo, a acção já perto do intervalo não foi ponderada nem proporcional porque a detenção era possível com mais sensatez e noutras circunstâncias.
Foram estes factos que deixaram os adeptos que assistiram ao jogo com o Akadémia atónitos porque a PSP não se pode dar ao luxo de usar a força como entende. O que não o faz noutros recintos desportivos.
Daí que a condenação unânime dos órgãos sociais do VSC ao incidente represente uma nova forma de resgatar o bom nome do clube e dos seus adeptos – a maioria dos quais não se identifica com estes excessos de minorias – a força policial e alguns adeptos que resolvem fazer justiça pelas próprias mãos.
“Tendo como expoente máximo o apontar de uma shotgun aos adeptos vitorianos”.
“A intervenção policial completamente desproporcionada no intervalo do jogo entre o Vitória e o Puskás Akadémia acarreta uma gravidade intolerável, tendo como expoente máximo o apontar de uma shotgun aos adeptos vitorianos presentes naquela bancada” – revela um comunicado do clube.
Os dirigentes no seu todo consideram que “face à força da medida totalmente descabida para com os adeptos vitorianos, os órgãos sociais do Vitória Sport Clube condenam a intervenção policial, exultando uma mudança de postura e de actuação por parte das forças policiais nestes momentos de tensão”.
Neste contexto, consideram que “este acontecimento mancha uma noite em que a imagem que fica é a de mais uma intervenção policial desmesurada face à gravidade dos acontecimentos prévios, que devia ter sido claramente evitada, ao invés do triunfo conquistado dentro de campo, e do apoio fantástico que foi sentido do primeiro ao último minuto”.
“Mancham a imagem e o prestígio do futebol português”.
Todos sabem que ninguém apoia os desmandos dos adeptos quando eles acontecem. E quando surgem devem ser enquadrados no seu contexto. O clube e os seus órgãos “repudiam os acontecimentos ocorridos na passada Quinta-Feira, na bancada Neno do Estádio D. Afonso Henriques, que, uma vez mais, mancham a imagem e o prestígio do futebol português”.
E reforçam os esforços de “medidas que têm sido tomadas, de modo a minimizar a possibilidade de ocorrências deste tipo de situações, para que as mesmas não se voltem a repetir, e continuaremos a defender e a fazer os ajustes necessários para que a segurança dos adeptos vitorianos que assistem aos jogos no D. Afonso Henriques esteja sempre salvaguardada”.
Num jogo que marcou o regresso do Vitória Sport Clube às competições da UEFA, também “marcou o regresso dos adeptos vitorianos ao D. Afonso Henriques, marcou o regresso do futebol à cidade de Guimarães, onde a união entre o clube e os adeptos é centenária, e cuja história futura não poderá continuar a ficar manchada por incidentes nas bancadas que envergonham todos os intervenientes”.
E numa tentativa de fazer com que a PSP actue de forma proporcional e justa, entende adoptar medidas que “protejam a integridade de todos”, esperando, em articulação com “a Câmara, reunir com o Ministro da Administração Interna, com o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e com o Comando Local da PSP”, para que se criem maiores condições de segurança no Estádio e na zona envolvente.
📸 Vitória SC
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