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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

SMS: Revista de Guimarães continuará a ser impressa em papel

Economia

  • Os custos elevados do papel e a sustentabilidade ambiental chegaram a equacionar a viabilidade do suporte de cada edição. Mantendo o papel e a edição online, a Sociedade Martins Sarmento prolonga a vida da publicação prestigiada internacionalmente nos mesmos moldes.

Foram assinaladas algumas dificuldades na continuidade da Revista de Guimarães em formato de papel, com custos insuportáveis para a edição em papel. É verdade?

Não temos previsto, para já, alterar o formato da Revista de Guimarães. Continuará a ser impressa em papel, como habitualmente, e disponibilizada online.

O formato digital será a alternativa óbvia e a solução não só para manter o título como dinamizar os conteúdos da publicação?

Desde 2002 que a colecção da Revista de Guimarães está disponível online, o que aumenta muito a sua divulgação. Contudo, ainda temos procura pela edição em papel, pelo que este formato continuará a existir. Salientamos também que a Sociedade Martins Sarmento (SMS) tem um serviço de intercâmbio bibliográfico com inúmeras instituições portuguesas e estrangeiras, a quem enviamos todos os anos a nossa revista. Este intercâmbio é fundamental para o enriquecimento da Biblioteca da SMS, na medida em que, em contrapartida, recebemos inúmeras publicações dessas instituições.

© Direitos Reservados

Actualmente com é que a SMS encara os custos da sua edição? Com receitas próprias, patrocínios?

Os custos da edição da Revista de Guimarães dependem, fundamentalmente, de receitas próprias. Temos um apoio anual do Prémio Alberto Sampaio, como contrapartida pela publicação do trabalho premiado. Mais do que a edição, há um peso importante que temos de suportar, que é o custo do envio da revista pelo correio, particularmente no correio internacional.

“O processo de edição é muito exigente, envolvendo uma rigorosa revisão de textos.”

A opção pelo formato digital não poderia alargar a sua periodicidade anual… para outra, por exemplo, semestral ou trimestral?

Tratando-se de uma revista científica, é muito difícil garantir uma periodicidade mais curta, obrigaria à existência de uma equipa profissional. O processo de edição é muito exigente, envolvendo uma rigorosa revisão de textos. No passado, a revista chegou a ser publicada em fascículos trimestrais, mas essa opção acabou por ser abandonada, pois a dimensão de alguns artigos obrigava a que se dividissem por vários números, o que dificultava a sua leitura.

Na sua perspectiva o que ecoa no meio cultural e científico sobre a Revista de Guimarães?

A Revista de Guimarães é, muito provavelmente, a mais antiga revista científica portuguesa que se mantém em publicação. Só por esse facto tornou-se uma referência no panorama científico português, especialmente nos domínios das Ciências Sociais, História e Arqueologia.

E sobre os seus conteúdos?

Ao longos dos anos, colaboraram com esta revista os mais importantes intelectuais portugueses e o seu prestígio, garante que, ainda hoje, continuemos a publicar artigos de grande qualidade.

Ao longo da sua história a publicação chegou aos 132 volumes… E qual o balanço que faz?

Basta consultar o repositório da Revista de Guimarães para nos apercebermos da riqueza cultural e científica que ali está acumulada.

“A Revista de Guimarães é uma publicação muito prestigiada, quer em Portugal, quer no estrangeiro.”

Tem alguma ideia sobre a forma como a revista foi evoluindo no tempo?

Fundada em 1884, os seus fundadores referiam que queriam fazer uma Revista de Guimarães, que divulgasse o que se fazia e produzia em Guimarães, pois, no seu entendimento, «uma publicação destinada a tratar grandes questões de filosofia, de ciência ou arte, feita em Guimarães, seria de fazer rir as pedras.» O percurso da revista ao longo destes 140 anos encarregou-se de demonstrar a grande modéstia dos seus fundadores. Muito se devem ter rido das pedras ao longo dos anos. De facto, a Revista de Guimarães é uma publicação muito prestigiada, quer em Portugal, quer no estrangeiro. Ainda hoje, muitos dos autores que connosco colaboram, referem o orgulho que têm em publicar numa revista onde colaboraram os grandes mestres do passado. Mas num aspecto os fundadores acertaram, esta revista, que está representada nas maiores bibliotecas do mundo, continua a transportar o nome de Guimarães: ao mesmo tempo que é um veículo cultural da SMS, cumpre também um importante papel de divulgação da nossa cidade.

Seria possível e desejável, alargar os temas que formam os seus conteúdos?

Os temas tratados na Revista de Guimarães estão enquadrados no seu estatuto editorial e uma revista com estes pergaminhos deve manter a linha que a define e caracteriza. Apesar disso, desde a sua fundação, esta foi sempre uma revista aberta, nunca recusando artigos de zonas marginais aos seus conteúdos habituais. O que caracteriza a publicação é, fundamentalmente, a qualidade e o rigor dos trabalhos que nela são publicados.

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