A Biblioteca Pública de Braga (BPB) apresenta ao público a exposição ‘A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto: mais de 4 séculos de edições’, com duas dezenas de exemplares da obra, incluindo cinco edições dos séculos XVII e XVIII.
A mostra pode ser visitada na entrada da sala de leitura da BPB até 29 de Fevereiro, todos os dias úteis, das 09h30 às 17h30, salvo nos próximos dias 26 e 29 e a 2 de Janeiro. Os volumes fazem parte do acervo desta unidade cultural da Universidade do Minho, que é uma das principais bibliotecas do país.
‘Peregrinação’ é um dos primeiros relatos de um europeu sobre terras do Oriente e o livro de viagens português mais traduzido no mundo: teve pelo menos 167 edições, sendo vinte fora de Portugal logo no século XVII. Foi também durante muito tempo o segundo livro português mais lido no estrangeiro, após ‘Os Lusíadas’, de Luís de Camões.
A mostra da BPB revela, na ala esquerda, a edição original de 1614 (em fac-simile), bem como edições de 1678, 1725, 1762 e 1829, entre outras. Pode ver-se igualmente um vídeo com imagens e sons alusivos à presença portuguesa no Japão, construído a partir da história representada nos Biombos de Namban, da colecção do Museu Nacional Soares dos Reis. Já na ala direita há edições dos séculos XX e XXI de ‘Peregrinação’, com prefácio de autores como António José Saraiva e Maria Alberta Menéres ou versões adaptadas pelos escritores António Sérgio e Aquilino Ribeiro.
Somam-se a nova edição integral (Outubro de 2023) com fixação do texto e notas pelo professor Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho, uma banda desenhada infantil com pranchas de José Ruy, bem como edições em francês, inglês e romeno, entre outras.
‘Peregrinação’ traça um relato ímpar da vida e dos costumes dos povos orientais, além da presença lusa na Ásia e desse submundo imperialista. Mostra ainda que os portugueses foram os primeiros europeus no Japão, há 480 anos, introduzindo a sua cultura, o cristianismo e as armas de fogo. Fernão Mendes Pinto (1511?-1583) embarcou de Portugal em 1537 e terá percorrido Meca, Abissínia, Ormuz, Índia, Birmânia, Cochinchina, Sião, China, Japão e a actual Indonésia, sendo soldado, corsário, vagabundo, diplomata, missionário e mercador, assistindo a mortes incontáveis, negócios, alianças e traições. Voltou depois às origens e redigiu essas memórias. Partes do relato seriam questionadas mais tarde, daí a expressão “Fernão, mentes? Minto!”.
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