O Vitória despediu-se de duas competições a eliminar, no espaço de quatro dias, foi uma taça (de Portugal) a seguir à outra (da Liga). Resta o campeonato para salvar a honra do Convento vitoriano.
A equipa de João Henriques joga nos limites e na diferença mínima. Só com o Tondela ganhou por mais de um golo de diferença. O treinador argumentou que a sua equipa está disputar os jogos em todos os campos, tentando atenuar o pesadelo de mais um despedimento de uma competição a eliminar, a segunda em quatro dias.
Contudo, o filme do jogo, regista como a equipa aguentou até aos 81’, o 1-0 conseguido por Óscar Estupiñán aos 15’. Foi na jogada mais bonita do encontro, iniciada por Edwards que correu quase meio campo, com a bola nos pés, passou a Rochinha que estava dentro da área e perto da linha de fundo cruzou com acerto para Óscar concluir à boca do baliza.
Recordemos que para aguentar este resultado, o treinador prescindiu de Varela, dando a oportunidade a Trmal, o checo que deu boa conta de si na baliza, aguentou o sector defensivo com os seus habituais titulares, entregou o meio campo a Miguel Luís, Pepelu e Janvier, e colocou na frente dois extremos à procura do seu melhor – Rochinha e Edwards – fazendo estrear Óscar como ponta de lança.
Este conjunto de conjunto de jogadores permitiu um estilo de jogo mais veloz e uma exibição agradável, deixando o Benfica com a posse de bola mas quase sem soluções para marcar golos e virar o resultado.
As duas equipas cometeram erros que só não deram em golos pela intervenção dos deuses no remate final. O Vitória podia ter aproveitado o erro de Jardel aos 31’ quando parou um remate de Miguel Luís. Nessa altura, até Helton veio defender, fora da sua área, segurando com as mãos uma bola que sem vídeo-árbitro não teve qualquer punição, nem disciplinar, nem ao livre adequado à infracção.
O Vitória manteve a sua postura, aguentou a pressão do Benfica, alargou a profundidade do seu jogo e quando o treinador procurava refrescar a equipa e de certa forma segurar o resultado, eis que Poha num lance infeliz, dentro da área, comete falta para penalti que colocou o resultado em 1-1 e deixava antever um prolongamento de penaltis. Poha foi ingénuo demais e tirou a Estupiñán o Óscar do jogo que bem merecia.
A tarefa de João Henriques fica agora restrita ao campeonato, deixando a Luz com alguma esperança de poder fazer evoluir ainda mais um plantel recheado de jovens jogadores à procura de mostrar o seu potencial e em que o treinador confia, pela sua competência e por ser um grupo solidário entre si. “Temos equipa, o processo de crescimento continua e o campeonato é agora o nosso único foco”.
O Vitória jogou com: Trmal, Sacko, Jorge Fernandes, Munin, Sílvio, Pepelu, Miguel Luís (André Almeida 66′), Janvier (Maddox 79′), Edwards (Quaresma 70′), Óscar Estupiñán (Foster 70′), Rochinha (Poha 79′).
Notas soltas comentadas:
- João Henriques fez cinco substituições no jogo e deve estar arrependido das duas últimas que fez aos 79’, sobretudo quando trocou Rochinha por Poha. Às vezes mais vale levar a equipa até à exaustão porque a 10’ do fim um jogador cansado ainda vale mais do que um fresco;
- Poha tem de fazer mea culpa por ter sido o único “coveiro” deste enterro que ditou a morte do Vitória na Taça da Liga. Acontece mas não devia acontecer. É que além de provocar o 1-1 ainda falhou um penalti na hora de decidir o representante na final four da Taça da Liga;
- Nos penaltis, o excesso de pontaria de André Almeida levou a bola ao poste, começando por aí o pesadelo final da equipa, iniciado aos 81’ com a igualdade restabelecida por Pizzi;
- Contraste, o Benfica substitui jogadores para ganhar o jogo, o Vitória alterou o seu onze para passar tempo porque das cinco substituições feitas a partir dos 66’ nenhuma delas teve resultados efectivos, a não ser trocar um jogador pelo outro, o que não é a mesma coisa;
- O Vitória foi à Luz mostrar que pode fazer um jogo bonito e marcar golos, assim haja vontade dos jogadores que têm de utilizar a velocidade como factor competitivo e apostar num sistema que aproveita a largura e comprimento do relvado, não afunilando o jogo numa área tão pequena;
- Quando o Vitória parecia renascer das cinzas, Poha destruiu todo o labor da equipa e dos seus companheiros, sendo ele um jogador experiente nem sequer reparou quanto positivo estava a ser o desempenho da equipa e a prestação de jogadores utilizados pela primeira vez como Trmal e Óscar, com Munin a fazer a melhor exibição da época;
- João Henriques fica com o “merecíamos mais” nestes dois jogos para Taças diferentes, pode ter alguma razão mas para ter mais não se pode fazer menos e marcar golos é a primeira lei que os vencedores aplicam no futebol;
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