A devoção de São Nicolau – uma opção de marketing turístico

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É conhecida a devoção dos estudantes vimaranenses ao seu patrono São Nicolau, pelo menos desde o ano de 1671 em que foi instituída a respectiva Irmandade. Todos os anos os estudantes de Guimarães lhe dedicam as chamadas Festas Nicolinas, que já foram inscritas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

Não é, todavia, muito conhecido o atributo de São Nicolau como protetor dos comerciantes, mas ele decorre do facto de terem sido comerciantes quem transportou as suas relíquias para Bari, em Itália, e de ter sido esta classe social que, em sua homenagem, despendeu avultadas quantias com a edificação dos templos que lhe foram dedicados em muitas regiões da Europa.

Outro atributo que São Nicolau assumiu, um pouco por toda a Europa, foi o de protetor da infância, e que, devido à proximidade da celebração da sua festa com a do Natal, lhe valeu ser identificado com a figura do Pai Natal (Santa Claus), trazendo, como ele, presentes às crianças. De facto, diferente da tradição anglo-saxónica do Pai Natal que é um puro instrumento de marketing criado nos Estados Unidos, em alguns países da Europa Central ainda se mantém o costume de celebrar a festa de São Nicolau como o santo que está incumbido de trazer às crianças as misteriosas prendas, como recompensa pelo bom comportamento ao longo do ano.

“Por isso é que, nestas terras, ainda se costuma dependurar meias nas lareiras das casas no dia 5 de Dezembro à noite, véspera de São Nicolau, fazendo orações.”

Conta a lenda que três moças não se podiam casar pela facto do pai não ter condições de pagar os seus dotes de casamento. E por isso, naquela época, a sorte das moças estava lançada ao cruel destino da escravidão. São Nicolau, comovido com a situação, atirou três sacos de moedas de ouro pela chaminé da casa das moças e os sacos caíram dentro das meias que as moças tinham posto a secar junto da lareira. Por isso é que, nestas terras, ainda se costuma dependurar meias nas lareiras das casas no dia 5 de Dezembro à noite, véspera de São Nicolau, fazendo orações. Quem não tiver casa com lareira coloca os sapatinhos na janela, para que o São Nicolau, durante a madrugada, encha de doces as meias ou os sapatinhos das crianças que se comportaram bem durante o ano.

Para não deixar morrer estas tradições, algumas igrejas da Europa Central estão a organizar eventos em que participam muitos voluntários adultos fantasiados de São Nicolau, que visitam as escolas para divertir as crianças e, ao mesmo tempo, ensinar poemas, músicas, contar histórias, dar conselhos úteis, etc.

A festa de São Nicolau é celebrada nos Países Baixos, na Bélgica, na Alemanha, na Áustria, na França, na Indonésia, no Luxemburgo (como Kleeschen), na Suíça (como Samichlaus), na Polónia, na República Checa e principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (como Santa Claus).

Guimarães também festeja São Nicolau como patrono dos estudantes e de uma forma exuberante! Mas esta especial ligação do santo às crianças e aos comerciantes, que não se inscreve na nossa tradição, é muito feliz em termos de marketing, porque permite que a cidade de Guimarães associe à figura de São Nicolau esta tríade social – estudantes, crianças e comerciantes – na época do ano mais festiva, que é o Natal.

Assim, a figura de São Nicolau (Santa Claus) poderá ser aproveitada para acrescentar cultura e magia aos festejos natalícios que o Município costuma promover no Centro Histórico ao longo do mês de dezembro e criar a necessária diferenciação em relação às demais cidades e vilas deste país.

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Convém não esquecer que o dia 6 de dezembro é feriado nacional em Espanha, por se comemorar o Dia da Constituição, e que este feriado constitui uma oportunidade de os espanhóis fazerem umas mini-férias em Portugal porque, com uma ponte, juntam ao «pacote» o dia 8 de dezembro que é dia santo, como aqui, e por vezes até acumulam um fim-de-semana completo.

Os tradicionais mercados de Natal que são um cartaz em quase todas as grandes cidades europeias, podem aqui ser replicados para a comercialização de produtos endógenos, quer do campo alimentar, quer do setor industrial.

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