Com a sua integração no Secretariado Nacional do partido, Ricardo Costa deixou de ser presidente da comissão política, da concelhia do PS.
Uma normalidade estatutária escondida no seio do PS – à espera do “melhor momento” para divulgação.
E que consta dos estatutos do Partido Socialista, na versão aprovada no 22.º Congresso Nacional. O n.º 4 do artigo 16.º dispõe que “nenhum militante pode acumular o exercício de mandato em órgãos executivos nacionais, regionais, federativos e concelhios”.
Igualmente, no mesmo artigo mas no n.º 6, completa-se a teoria sobre acumulação de cargos. “A eleição de um militante para o exercício de mandato em órgão executivo implica a suspensão imediata de mandato para que tenha sido anteriormente eleito e que com este seja incompatível”.
A valorização nacional de Ricardo Costa pode não ter apenas a ver com as eleições autárquicas e com o facto de ser candidato, num cenário político local que todos consideram anormal. Lá ao longe, pode estar o interesse do ex-líder da comissão política, em tentar novos voos, o que condiz com o seu perfil de ambição.
A composição da lista candidata à Câmara Municipal pode dizer algo sobre a matemática de verticalização da liderança e das suas figuras.
A indicação de Sérgio Silva para número dois na lista da Câmara tem várias leituras e pode indicar uma escolha e uma não escolha de Ricardo Costa, num momento de passagem de testemunho, o que pressuporia colocar a maioria dos seus apoiantes de um lado da balança em favor de Sérgio Silva ou de Gabriela Nunes.
As eleições locais, de Abril de 2026, podem dizer algo sobre esta sucessão não anunciada, com Ricardo Costa a aumentar a sua visibilidade nacional de modo a colocar-se à frente na partida para eventuais cargos governamentais.
Igualmente, a nível da concelhia, o PS pode voltar a ver animados os seus nichos de líderes, uma vez que Paulo Lopes Silva já anunciou que será candidato; e outros que perderam lustro e se animam com campanhas pessoais em jornais amigos, fotografias, mudanças de look ou plásticas, também poderão surgir da penumbra.
E mesmo Sérgio Silva pode, também, querer emergir do mar de Sérgios que se movem pela governança local do partido.
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