O Vitória ainda não se refez do efeito da pandemia Covid-19, nem ultrapassou o trauma que a interrupção do campeonato provocou.
Texto de: José Eduardo Guimarães
A qualidade de jogo da equipa não é tão fraca como pintam. Mas a transformação em golos – da produção dos jogadores, ainda não atingiu os níveis competitivos desejados. E que dariam outra classificação ao VSC-SAD.
Uma ilação que se pode tirar, deste campeonato que se quer acabar na época pós Covid-19, é que há mais competitividade, entre as equipas, que há muitos golos marcados, resultados inusitados como o do Benfica-Santa Clara (3-4).
Neste ressuscitar da competição futebolística, não se pode ser simples em análises e descuidado em julgamentos. E muito menos querer que os nossos desejos fora de campo se concretizem dentro do campo.
Seria gostoso ganhar ao Braga, por tradição, por rivalidade e sabe-se lá o que mais. Mas não se pode esquecer quão estável tem estado o nosso rival, ao longo de várias épocas e não apenas na actual.
Em Guimarães, apesar de reparos, de avisos, o VSC-SAD não aprende com os erros e as omissões. Desejamos tanto ganhar e ser campeões que não sabemos como. O palpite… do costume faz lei. E quando as coisas estão mal a culpa é do treinador.
E vamos andando de treinador em treinador, sem cuidar da organização, da estrutura, do modelo de desenvolvimento.
O Vitória dos sócios nunca será alcançado porque, anda de decalque em decalque, e os dirigentes alimentam como políticos estes desejos dos associados, muitas vezes enganados pela sua percepção “a quente” e não racional do que é o futebol.
Os dirigentes não pode ser eleitos como misses… apenas pelo seu corpo e aparência. Não há consistência no seu projecto desportivo, quase sempre sem continuidade. Há sempre, em cada época, um novo começar e não um recomeçar.
Os três “erres” que reforçam a política de sustentabilidade ambiental, prática usada em múltiplos países, não se aplica no futebol… do futebol do Vitória. Ninguém sabe como reduzir, reutilizar e reciclar em ordem à produção de um produto – neste caso equipa – novo, sustentável, forte, aglutinador.
Estamos sempre a olhar para Braga por rivalidade, ciúme e sabe-se lá que mais, sem perceber como ali se trabalha, há muitos anos, de forma organizada e sustentada para que, de ano para ano, a equipa esteja mais forte.
No Vitória, os três “R’s” são substituídos pelos “V’s” – vendeu ele, vendo eu, venderá amanhã o meu sucessor. E sempre com a mesma desculpa que ficou lei: o Vitória tem de vender, tem de ter receitas extraordinárias…
Este vício verifica-se em campo, em que a equipa tem jogadores de vários presidentes e de vários treinadores e agora de vários directores desportivos, todos e cada um com concepções opostas de continuidade e de organização.
E os sócios e adeptos vêm e acreditam, no que lhe dizem e contam… Aceitando que, de ano para ano, venha um novo treinador, e se façam escolhas sem qualquer estratégia e planeamento. É o velho jogo do palpite, em que cada sócio escolhe uma equipa, ou manda um postal de desejos ao Pai Natal de que com o avançado Xis, o defesa Y e o guardar-redes Z… seriamos campeões!
Ou seja, perder em Braga, num jogo equilibrado, em que uns souberam concretizar algumas oportunidades e fazem do seu exército, um grupo de jogadores nacionais, jovens, com garra, desejosos de subir na sua carreira e outros que querem que a sua equipa seja cosmopolita, inclusiva, de várias nações futebolísticas, ganhe só por imposição, esquecendo-se de que no futebol continua a haver três regras imutáveis, na divisão de pontos e nos resultados: ganha-se, empata-se e perde-se dentro do campo.
E tudo o que fizermos fora desse relvado… tem consequências, que vão perdurando, no tempo.
E volta-se a alimentar a esperança de que tudo será diferente na próxima época, de que com este, aquele e mais três franceses, lá estaremos a lutar pelo 5º lugar…
Ficha do Jogo:
https://www.ligaportugal.pt/pt/liga/jogo/20192020/liganos/28/9#
© 2020 Guimarães, agora!