Será hoje o término desta nuvem negra no nosso planeta designado COVID-19? É uma questão que percorre os nossos pensamentos diariamente e que habita nos nossos suspiros diários, enquanto olhamos o exterior da janela. Possivelmente não vai ser hoje, nem amanhã e eventualmente manterá a sua presença nos próximos tempos.
“Se optarmos por comportamentos irracionais, podemos estar a sentenciar a nossa vida ou eventualmente a de algum ente querido…”
A realidade é esta, e como tal, devemos manter uma postura firme perante este “micro-organismo voraz”, sem qualquer tipo de “facilitismo precoce”, adequando e respeitando estratégias preventivas já enumeradas pelas autoridades competentes um cem número de vezes. Se optarmos por comportamentos irracionais, podemos estar a sentenciar a nossa vida ou eventualmente a de algum ente querido.
A viagem para uma unidade hospitalar nesta situação pandémica do COVID-19, em muitos casos percorre a direção da Unidade de Cuidados Intensivos, principalmente quando se verifica uma agudização da sintomatologia da patologia em causa (particularmente a presença de dificuldade respiratória), obrigando quase sempre a um suporte ventilatório artificial. A existência de um défice respiratório marcado pela presença de uma disfunção de oxigenação (devido a alterações morfológicas e funcionais intrínsecas pulmonares) ou falência da “bomba ventilatória” por fraqueza dos músculos respiratórios são as principais situações que caracterizam o doente respiratório.
A ventilação é espontânea quando nos encontramos perfeitamente saudáveis e não necessitamos de qualquer “auxílio” mecânico. Por outro lado, a ventilação mecânica consiste num método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crónica agudizada. O suporte ventilatório oferecido pela ventilação mecânica é algo que já existe há muitos anos (o primeiro surgiu em 1743) e que têm vindo a ser desenvolvido ao longo dos anos para bem da humanidade.
Existem situações específicas que obrigam a uma resposta imediata de um ventilador, como sendo; doenças do parênquima pulmonar ou das vias áreas superiores, agudização da falência respiratória crónica, insuficiência respiratória aguda sem doença respiratória subjacente, depressão do centro respiratório, doenças neuromusculares e alterações da biomecânica torácica. A ventilação mecânica está indicada em doentes com modificações importantes nas trocas gasosas; é usada com frequência em doentes com hipoxemia e progressiva hipoventilação e acidose respiratória; e ainda em situações em que o utente é sujeito a elevadas dosagens de sedativos para procedimentos cirúrgicos hospitalares.
Atualmente, classifica-se o suporte ventilatório em ventilação mecânica invasiva (traqueostomia e tubo endotraqueal) e ventilação mecânica não invasiva (uso de uma interface – máscara, entre o ventilador e o paciente). Nas duas situações, a ventilação artificial é possível através da aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. Abordando a ventilação mecânica invasiva, são critérios para aplicação, paragem cardiorrespiratória, situações clínicas instáveis, depressão marcada de consciência, agitação/não colaboração e queimaduras e traumatismos faciais.
Porém a VMI deve ser mantida apenas o intervalo de tempo necessário para otimizar o paciente e dessa forma evitar potenciais complicações (posição do tubo endotraqueal, obstrução das vias aéreas, aspiração de conteúdo, pneumotórax, hipoventilação/hiperventilação, infeção, compromisso hemodinâmico, entre outros). O Fisioterapeuta é um elemento fundamental no sucesso do desmame da VMI do paciente, ou seja, na transição da ventilação artificial para a espontânea.
Como tal, pode realizar o treino dos músculos respiratórios em caso de fraqueza dos mesmos, durante a fase de pós-extubação imediata, as técnicas de tosse assistida ou a aspiração podem ser necessárias e o planeamento de protocolos de desmame orientados pelo fisioterapeuta e toda a equipa da UCI, são alguns dos exemplos da sua importância em todo este processo. Mais uma vez o trabalho multidisciplinar é a unidade chave na recuperação destes pacientes, sendo muitas vezes a esperança final para manter a linha da vida.
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