Redução de voos não é aceitável.
A ATP – Associação Têxtil de Portugal manifestou-se contra a redução de voos pela TAP, com origem no aeroporto de Sá Carneiro. Uma segunda investida, após 2018, ano em que foram cortadas algumas ligações internacionais, de modo a fortalecer o aeroporto de Lisboa.
Mais tarde, a TAP deu o braço a torcer e aumentou o número de ligações internacionais a partir do Porto. Assolada por uma crise financeira, a companhia de bandeira portuguesa, volta a insistir na concentração das operações em Lisboa, deixando para o Aeroporto Sá Carneiro apenas as ligações para Nova York, Londres e Paris.
A TAP não leva em consideração um factor importante: as exportações, na sua maioria, fazem-se a partir do Norte, o que leva a ATP a lembrar que a “proporcionalidade” deve ser factor orientador de qualquer operação, de voos internacionais.
A empresa de aviação lembra que a proposta, é apenas uma das opções em estudo, num cenário que antecipa a retoma económica. Porém, as empresas não entendem esta proposta, mesmo como mera hipótese de estudo, pois, a partir do aeroporto Sá Carneiro são escoados produtos portugueses, como têxtil, calçado, cutelarias e outros.
Mário Jorge Machado, presidente da ATP reconhece que as operações nos aeroportos de Lisboa e do Porto, não devem ser tanto desequilibradas, porquanto defende uma regra de maior proporcionalidade. Justifica-se que a importância da economia na região seja reconhecida como importante para o país e agora mais em tempo de retoma económica. Há muitos clientes de mercados internacionais que vêm com regularidade às empresas com quem trabalham e só vão a Lisboa, em modo de turismo.
Para já, para além do presidente da ATP, só Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, fez levantar a sua voz para acentuar que “o transporte aéreo regular a partir do Porto” é necessário quando a actividade económica volta a ressurgir e a procurar recuperar tempo perdido. E não se pode ignorar que a região Norte é responsável por uma importante taxa de cobertura da balança comercial na ordem dos 140%. Este contributo para a economia nacional é fruto das exportações que são impulsionadas a partir de um território bastante activo que não pode ficar longe da Europa e do Mundo, por causa de ligações aéreas.
Outros dirigentes, de associações, também fizeram ouvir a sua voz, como o presidente da Associação Comercial do Porto, para além da Área Metropolitana e até o presidente da Câmara Municipal da Feira.
Todos apontam o dedo à discriminação que vem aí, com esta redução de voos, que não teve pés para andar no passado. E que hoje também não se justifica. Outro argumento, é que a TAP não pode ser uma companhia de Lisboa, mas de um território e de um país. E que não se deve desvalorizar a indústria e as exportações delas decorrentes por apenas serviços e turismo, que é o que Lisboa tem e representa.
Sempre que a TAP apresenta problemas ao nível de gestão – que não se devem às operações que tem no Norte – o encaminhamento para a capital das rotas internacionais é lembrada como solução para os problemas que enfrenta. Já assim aconteceu em 2018.
Foi por perceber e valorizar a força das exportações do Norte, que o novo CEO da TAP, Antonoaldo Neves, celebrou um protocolo com quatro associações: AEP, APICCAPS, ACP E ANJE. Daqui saiu um compromisso de retomar rotas importantes para as exportações com voos directos para Milão, Barcelona, Londres (London City).
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