Não foi só o calor a derreter o Zrinjski Mostar, num jogo que começou com 33 graus e acabou com 31. Também o calor do futebol vitoriano tornou fácil o que parecia difícil.
Uma entrada forte, na segunda parte, com dois golos em três minutos alargou a euforia vitoriana e mostrou ‘a raça e o querer dos jogadores vitorianos’… que sonham e ganham, marcam e deixam Bruno Varela sem sofrer golos em sete jogos oficiais para duas competições.
Preso na teia e estratégia do seu adversário que veio a Guimarães para não sofrer golos e tentar anular as estrelas vitorianas, o Vitória jogou numa primeira parte com nervos mas ainda assim acentuando a sua competitividade – imaculada – e deixa no ar o perfume do seu futebol feito de raça, querer, técnica e brilho.
Por isso, desde que a segunda parte começou, com a equipa a dar sentido único ao jogo, soltando as amarras que impediam os golos que dariam tranquilidade para o segundo jogo, a realizar de amanhã a uma semana.
Apesar do calor, o Vitória pôs brilho no seu futebol, com cera que não derreteu até aos 90’+5’: toque curto, dribles, cruzamentos, uma incessante fome de golos.
Que bonito e inspirador, que alegria dão estes jovens a uma massa adepta sempre presente (estiveram 16007 espectadores, sendo que os bósnios apenas enchiam um autocarro de 60 lugares).
Ver jogar o Vitória e os seus jogadores que não se cansam, jogam com gosto, saem uns e entram outros e a dinâmica e o registo de jogo continua na mesma bitola.
Tiago Silva, Tomás Händel não se cansavam, alimentavam o poder ofensivo, de um ataque que cruzam avançados com médios, numa mescla de qualidade, de força, de criatividade.
Depois do pontapé de saída e já a arte em campo de Händel e Tiago funcionava em pleno, com passes curtos e um cruzamento rasteiro para Mangas… e eis o primeiro golo, exemplo do querer e da vontade de mudar. Ricardo Mangas (42’) teve na primeira parte, nos seus pés a oportunidade mais flagrante para destruir este esquema táctico dos bósnios. Mangas fintou com o pé esquerdo e hesitou disparar com o direito e o resultado foi a perda de bola.
E agora, redimiu-se não deixando de dar o melhor seguimento ao passe de Tiago que se internou na área e fez o que gosta… passar aos seus colegas.
Ainda com o calor a tornar difícil o desempenho futebolístico dos jogadores e já Alberto Baio, a passe do irrequieto Kaio César – saiu exausto – viu a baliza aberta mas o seu remate foi travado por um defesa que deu canto.
E inesperadamente, Tiago Silva marca um novo canto e a bola cai na cabecinha de oiro de Borevković… um golo que era um êxtase e abria mais a porta de uma nova era europeia que o Vitória pode ter ao seu alcance.
Rui Borges, faz três substituições (69’) para não perder o poder de fogo sobre o adversário. O Vitória põe em campo os seus melhores artistas que pintam jogadas sucessivas de perigo.
João Mendes, de regresso à equipa, faz um primeiro remate (80’) com um disparo colocado e o guarda-redes manda a bola para canto.
Mas o melhor estava para vir. Miguel Maga que havia entrado para o lugar de Alberto a passe de Telmo Arcanjo dá um toque curto para João Mendes que a dois metros da linha de baliza faz um golo que é uma obra de arte e de classe.
O Vitória fica a depender de si nesta passagem quase garantida à fase de grupos da Conference League.
O Vitória alinhou com: Bruno Varela, Alberto Baio (Miguel Maga 75’), Toni Borevković, Jorge Fernandes, João Mendes, Tomás Händel, Nuno Santos (Samu Silva 69’), Kaio César (Telmo Arcanjo 60’), Tiago Silva, Ricardo Mangas (Jesús Ramírez 69’), Nélson Oliveira (João Mendes 69’).
Amarelos: Toni Borevković (12’), Ricardo Mangas (35’), Nuno Santos (41’).
Golos: Ricardo Mangas (46’), Toni Borevković (51’), João Mendes (88’).
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