Cumprir leis e obrigações, cuidar do espaço que nos rodeia, ter um sentido construtivo e procurar uma sociedade sustentável. Desde os espaços de saúde, culturais ou escolas, tudo envolve regras para vivermos em sociedade.
Atribuímos a falta de civismo aos políticos e às suas políticas, à falta de segurança ou às dificuldades que atravessamos. Cada vez mais, temos formações, meetings, workshops, think tanks. Mas a falta de civismo e de educação é culpa nossa, dos pais! E não, não somos todos iguais. Ainda há bons exemplo, mas os exemplos maus são tantos, que dificilmente cabem em qualquer crónica.
Por exemplo, ontem, os mais novos levantavam-se para que os mais velhos se pudessem sentar. Hoje, para os pais, vale mais o resultado do fim-de-semana do que ensinar o filho a dizer um simples “bom dia” diário ao vizinho. Ontem, uma fila era sagrada, as prioridades eram geridas com pinças e raramente contestadas. Hoje, os pais usam os filhos como vantagens e exigem passar à frente até de outras prioridades.
Ontem, as pessoas que andavam na rua desviavam-se umas das outras, cumprimentando-se. Hoje, utilizam trotinetes e bicicletas como Fórmula 1, ocupando caoticamente a via pública. Ontem, num espaço público, se fossemos chamados à atenção e continuasse a falta de civismo, bastava qualquer adulto colocar-se em pé e dizer umas palavras mágicas:
“Mas eu estou a falar para quem?”
Hoje, entregamos um dispositivo qualquer para que a criança ou jovem pare com o comportamento inadequado. E cuidado com a bateria, pois pode haver birra.
Claro, os tempos trouxeram melhorias. Que o digam as praias, os rios, os montes e as ruas mais limpas. Onde a educação ambiental é determinante. Ontem, o lixo era atirado pela janela do carro. Hoje há todo o tipo de depósitos para encaminhar o “lixo” para diferentes estações de tratamento. E que o digam os pais e filhos que hoje podem usar as creches e os lares, deixando os seus familiares em espaços apropriados para os cuidados que o futuro e o passado merecem.
Mas quando vemos alguém a acelerar numa passadeira enquanto levanta uma mão no sentido do peão, a pedir desculpa pelo que ainda vai fazer. Quando vemos alguém a passear o animal impreparado para a inconsciência (ou incontinência!) animal. Ou quando desculpamos o vandalismo contra adversários, ou infraestruturas, apenas por rivalidade ou discordância, aí entendemos que estamos a retroceder muito no que é o civismo.
Ou o modelo de “carga e descarga” que se utiliza nos portões de todas as escolas. Hoje, os pais querem “depositar” os filhos dentro da sala, mas como não conseguem, ficam em 2ª fila como se isso fosse já uma lei, e em alguns casos chegam à 3ª. Ficam em rotundas, em frente a garagens, em cima de passadeiras, até em propriedades privadas.
Principalmente nós, os pais, somos os responsáveis pelas nossas escolhas políticas e pelas políticas públicas de quem escolhemos. Somos intervenientes no desgaste da segurança, quer pelos nossos comportamentos, quer pela conivência com outros piores. Somos os responsáveis pelo retrocesso cívico e pelas faltas de respeito dos nossos filhos.
E principalmente nós, podemos e devemos não só alterar os nossos comportamentos, mas também educar os nossos filhos de forma a que não se repitam os mesmos erros. Seja na fila do pão, no trânsito ou no cinema. Viver em sociedade dá-nos direitos, mas exige de nós deveres, e esses, antes dos outros, devem ser ensinados aos nossos filhos.
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