A indicação dos deputados da secção do PS Guimarães confrontou, de novo, Luís Soares e Ricardo Costa. Uma disputa que anima o PS mas também o fragiliza.
Luís Soares lutou por prolongar a sua longevidade na política nacional, onde ultimamente ganhou algum prestígio, integrando o grupo parlamentar; Ricardo Costa quer ganhar uma notoriedade nacional, decalcando a estratégia do PSD Guimarães que também colocou o presidente da comissão política concelhia (Ricardo Araújo), no lugar cimeiro da lista de opções.
A indicação de Ricardo Costa, aconteceu, ontem à noite, recebendo 40 votos dos 72 membros com capacidade para votar. Luís Soares obteve 31 e um militante votou em branco.
Daqui extraem-se várias conclusões e leituras: a de que o PS, está esquartejado e dependente dos seus dirigentes mais activos; de que os militantes dessas facções foram religiosamente convocados, pois não faltou um sequer dos que compõem a comissão política; e de que a procissão da luta pelo poder ‘ainda vai no adro’, anda de capítulo em capítulo, desafiando a unidade plena do partido das liberdades.
Até a JS que alguns admitiam ter passado de um lado para o outro, deu um sinal de estar dividida ao meio. E há quem atribua essa divisão às mensagens de whatsapp de Nelson Felgueiras.
Nas contas dos votos, sabe-se que houve transferências aos pares, com alguns a perder o lugar de origem, numa mudança de dois por dois.
Um dirigente local, admitiu mesmo esta escolha parecia “um jogo com cartas marcadas”, porque ninguém mudou o sentido de voto no escrutínio.
Luís Soares era um candidato único, pois, não incluiu um segundo nome. E neste caso seria uma mulher. Admitiu até votar em Gabriela Nunes, a mulher que vai acompanhar Ricardo Costa na lista de Braga.
Também, o que muitos identificam como o ‘PS Câmara’, não entrou nesta guerra com epicentro nas Taipas, advogando o silêncio nas intervenções prévias à votação.
O que fica desta escolha – democrática, sem dúvida – é a de que “a oposição a Ricardo Costa continua activa e com a chama acesa, tendo em vista próximos confrontos” e um deles será a eleição de uma nova comissão política. A unidade do PS – é apenas fotográfica e muito acentuada porque cada grupo prefere tirar a sua selfie em vez de um retrato de família, como se viu no Congresso Nacional.
Fica claro que o bilhete de viagem que Ricardo Costa havia tirado para se deslocar para Santa Clara vai passar por São Bento. E se tudo correr mal, também ele pode voltar ao lugar de origem, mantendo-se na Assembleia da República – aglutinando o poder pessoal – um privilégio para alguns e não para todos.
Nas várias intervenções – mais de 10 – vários militantes criticaram Luís Soares por esta candidatura – para não deixar que a escolha do deputado socialista por Guimarães fosse um mero passeio para Ricardo Costa; outros houve que entenderam que o actual presidente da comissão política se deveria concentrar na eleição para a Câmara Municipal e deixar o lugar de deputado para outro militante, uma vez que a eleição de Ricardo Costa será sempre precária dado o seu desejo de tentar ser presidente do Município.
Apesar disto, a matemática socialista, pode baralhar tudo – e de novo – podendo inclusive Luís Soares voltar a ser deputado se José Luís Carneiro não for o cabeça de lista por Braga como alguns admitem que seja.
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