Estamos a poucos dias de mudar de ano. Nestas alturas fazem-se balanços e percebemos que alguns projetos continuam na lista para 2024, outros serão guardados nos fundos das gavetas na esperança que ninguém se lembre deles e novas promessas pomposas e brilhantes serão feitas.
Mas o que é que vai mudar? As rendas das casas vão continuar a aumentar e, ao mesmo ritmo, aumentam as famílias na lista de espera para uma habitação social. Em Guimarães já são 600 os pedidos em lista de espera e muitos outros vivem em condições indignas. Vamos continuar a aguardar pela construção das residências universitárias, apesar do ano lectivo ir já adiantado. Não é um problema só de Guimarães, mas é um problema grave para quem aqui quer viver, que não tem resposta de quem está no poder local há mais de 30 anos. Note-se que, da promessa de construção de mais de 60 casas no mandato anterior, nem uma se concretizou.
E na mobilidade, o que muda? Surgiram bicicletas pintadas em algumas vias do centro da cidade, mas faltam as pessoas a usarem a bicicleta como meio de transporte para o dia-a-dia. Até porque continua a não ser seguro enquanto a prioridade for criar condições para os carros. A prometida via dedicada, com destino ao AvePark, parece que já não se vai concretizar, pelo menos com os apoios esperados, mas é uma pena, diz o senhor Presidente Domingos Bragança porque o ideal era “libertar a Estrada Nacional 101 para o metrobus ou o metro ligeiro de superfície de ligação a Braga”. Tudo isso quando nem fazemos ideia do que se vai fazer com o milhão de euros atribuído ao projecto de ligação entre Guimarães e Braga por BRT (Bus Rapid Transit).
Nada mudou, anúncios atrás de anúncios, falta o Alfa para Guimarães há três anos, que o Presidente da Câmara prometeu repor com uma conversa com o ministro responsável. O novo tribunal devia estar construído no final de 2022, estamos a terminar 2023 e Domingos Bragança promete falar diretamente com o Primeiro Ministro.
Em 2023 a Assembleia Municipal de Guimarães reuniu, por iniciativa da CDU, para debater a Ferrovia. O PEV e o PCP não acordaram hoje para a importância da ferrovia e não desistem do objetivo de reforçar a ligação a Guimarães, designadamente pelo fecho da malha do Quadrilátero.
O PS, que se demitiu de exigir mais e melhores condições para a ferrovia em Guimarães durante a discussão pública do PFN, apenas acordou para esta questão quando se abanou a cenoura da ligação de Alta Velocidade.
O que vai mudar? Por este andar dificilmente se cumpre a promessa de tornar Guimarães uma cidade descarbonizada em 2030.
Talvez isso explique o facto de Guimarães não ter sido contemplado com o título Capital Verde Europeia.
Podíamos continuar a fazer o balanço, apontando injustiças sociais do nosso concelho que, pelas notícias, vamos continuar a sentir com o custo de vida a subir desmesuradamente.
Não se julgue por estas palavras que estamos derrotados. Pelo contrário, sabemos que já derrotámos tempos piores e que, pela nossa mão, foi possível reconquistar muitos direitos que pareciam perdidos. É possível mais e melhores transportes públicos coletivos, é possível mais e melhor saúde, é possível mais e melhores condições na Escola Pública para os nossos alunos e para quem lá trabalha, é possível mais e melhor justiça, é possível cumprirmos com as metas de descarbonização, se as opções políticas forem outras na proteção e conservação da Natureza. É possível a uma vida melhor em 2024.
© 2023 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.