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Guimarães
Sexta-feira, Novembro 22, 2024
José Eduardo Guimarães
José Eduardo Guimarães
Da imprensa local (Notícias de Guimarães, Toural e Expresso do Ave), à regional (Correio do Minho), da desportiva (Off-Side, O Jogo) à nacional (Público, ANOP e Lusa), do jornal à agência, sempre com a mesma vontade de contar histórias, ouvir pessoas, escrever e fotografar, numa paixão infindável pelo jornalismo, de qualidade (que dá mais trabalho), eis o resultado de um percurso também como director mas sempre com o mesmo espírito de jornalista… 30 anos de jornalismo que falam por si!

O Natal do espírito… e o dos objectos!

Há o Natal mais profundo que revolve os nossos sentimentos, elevando-nos a um patamar de humanidade – arredia em muitos outros dias do ano.

É esse Natal que se festeja, tem alma, significado e tem origem na família de Jesus, tradição e sentimento que todos respeitamos – embora alguns o queiram ignorar e rejeitar pela evolução da sua vida, deitando fora essa convicção – sentimento.

Esse Natal é mais humilde, aproxima-nos uns dos outros, dá-nos alento, alegra a nossa alma, faz-nos viver e experimentar a condição humana – rejeitando o super-homem (e super-mulher) em que, bastas vezes, nos convertemos, como poderosos quando a nossa condição é tão ténue, efémera.

Para mim, também, esse Natal tem mais a ver com a nossa natureza humana e menos com a religião – diversa – que abraçamos, convictamente ou não. Ou por conveniência.

Gosto do Natal dos homens, das mulheres, das crianças mais pela sua alegria, pelo sonho e encanto da época que junta famílias – que se revêem mais nesta época do ano. E até pelo fazer o presépio e tornar o lar mais agradável com os enfeites, as luzes que transmitem alegria nesta época.

O Natal que enche restaurantes e dá fôlego à restauração pretende elevar a amizade, os companheiros do trabalho, num convívio que apela ao espírito de grupo, está no meio do Natal do espírito e o dos objectos. Mas celebra, apesar de tudo, a condição humana… da amizade e companheirismo.

Um Natal comercial criado pelo marketing que nos despe e nos empurra para uma vida frenética.

O outro Natal é o dos objectos, das compras: um Natal comercial criado pelo marketing que nos despe e nos empurra para uma vida frenética, louca: enchemos as estradas com automóveis, andamos de ‘maço para cabaço’ para comprar a prenda que queremos dar, enchemos supermercados, poluímos o ambiente com o uso de enfeites que se tornam lixo.

É a corrida aos brinquedos, às garrafas de vinho e outro tipo de líquidos ao bacalhau, é o encher das nossas prateleiras com doce (onde se esconde o maléfico açúcar), gastamos combustível fóssil, nas enormes filas de carros que se sucedem a carros, com o motor a funcionar, percorrendo escassos metros em muitos e muitos segundos. Os parques de estacionamento lotam e enchem-se de viaturas num frenesim que deixa a mobilidade de rastos.

Não damos conta, de como alteramos a nossa condição humana, com pequenos gestos: como o de consumir mais, gastar mais, açambarcar mais. Tudo como se não houvesse mais mundo!

Este não é o meu Natal, com rituais comerciais que endoidecem e nos levam a cenas estonteantes, tais como as que imprimimos ao acto de correr para tudo quanto é bazar comercial, qual Meca ou Belém da nossa bússola que devia fazer o mais simples e indicar-nos o Norte da nossa verdadeira condição humana.

Sim, este Natal também é desigual porque as prendas não chegam a todos… uns recebem mais do que outros, pela sua condição e pela sua posição. Tendemos a ter interesse em tudo o que damos como oferta… porque dentro de uma boa caixa de vinho ou de champanhe podem estar inconfessáveis interesses como os de pagar qualquer favor…

Outros não têm nada, fustigados que estão por guerras estúpidas, inexplicáveis para homens, mulheres e crianças, crucificadas pelas balas e restos de mísseis que espalham miséria, matam e deixam ferimentos em todo o corpo.

Este é, porventura, o Natal dos deserdados e de cobardes guerreiros que ameaçam os restantes humanóides com bombas de toda a espécie e feitio.

Apesar de tudo, continuo a preferir o Natal da família, mais aconchegado pelos valores humanos, colorido pela solidariedade e, sobretudo, pela comunhão dos valores que nos distingue das máquinas e da inteligência artificial.

© 2023 Guimarães, agora!


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