As crianças gritam, como os pássaros chilreiam, num sinal de alegria e contentamento e também de emoção.
Fazem-o quando pressentem que os “craques” vão chegar… num dia diferente, na escola, com o sol, à vista.
É um folguedo natural que resulta da força do futebol e das estrelas do seu firmamento. Ninguém fica indiferente, as meninas e os meninos e até as auxiliares de acção educativa.
Quase todos já vestem Vitória… no cachecol, na t-shirt, no boné. Parecem vestir a roupa de Domingo, tal a emoção de deixar os livros de lado, por uns instantes.
Sentem-se inquietos e ansiosos, querendo falar com os jogadores, também jovens mas artistas da bola. Tomás Händel e Manu Silva são os escolhidos para irem à aula, na escola básica de Poças, em Airão Santa Maria, também com a valência de jardim de infância.
Os professores também aguardam, montado que está já o palco para a sessão de perguntas, hoje, sobre ambiente e sustentabilidade. No fim, há autógrafos em postais e a entregar de uma proposta de sócio para o filho ou a filha entregarem ao pai.
Pode não dar nada este gesto de incrementar o número de sócios mas fica a esperança de mais tarde, quiçá, a força branca invadir os corações das gentes daquela freguesia, de costas voltadas para Famalicão.
É através dos seus jogadores de futebol, que o Vitória continua a semear a sua influência e a cimentar a sua base social de apoio, deixando que as crianças das escolas sejam os seus embaixadores privilegiados junto das respectivas famílias.
Estas visitas são já uma rotina entre o clube e as escolas, do concelho ou até da região porque o Vitória é o maior clube da Comunidade Intermunicipal do Ave.
O diálogo, de perguntas feitas, em colaboração com a professora é, também, um sinal de preparação da aula, um acto pedagógico em si mesmo porque implica o fazer de perguntas… e que perguntas apresentar depois a Händel e ao Manu. Também, um conjunto de desenhos, em papel, foram entregues ao clube, onde os alunos escrevem, riscam ou pintam sobre o Vitória… de Guimarães!
Os mais crescidos parecem saber a lição de cor e falam de coisas diversas, ligadas à sustentabilidade, o tema desta tarde.
A primeira questão é simples: Tens plantas em casa? A pergunta tem a resposta dos dois atletas vitorianos que revelam saber falar com as crianças. Pelas palavras que usam, pelo tom utilizado, pelo sorriso com que distinguem quem questiona, ambos desejam saber o nome do perguntador, menina ou menino.
“É bom trazer a natureza para dentro de casa” – revela Tomás Händel enquanto Manu Silva mostra a vertente de cidadão verde do seu pai que se dedica a cultivar algumas espécies, perto de casa.
Num vai e vem da bancada até ao local onde os dois jogadores, com o dirigente Nuno Leite entre ambos, estão sentados, os miúdos não gaguejam no que querem saber.
De um modo simples e com vocabulário fácil, os jovens da equipa de Álvaro Pacheco, safam-se das perguntas utilizando bons exemplos para falarem de energia e de como a usam, de hábitos de consumo de água, no banho, de como conduzem o automóvel.
Não escapam a quem deseja saber se gostam de plantas, de como devemos cuidar do planeta, de como tratamos os resíduos – as embalagens que resguardam produtos alimentares ou o papel usado mais em artigos de uso pessoal como os sapatos ou as roupas.
As perguntas ainda incidem sobre como se utilizam os ecopontos, como se comportam nas praias e o que fazem ao que resta do gelado que foi degustado.
Foi menos de uma hora, de conversação sobre ambiente em que Manu e Tomás Händel acabaram por ser pedagógicos nas respostas, envolvidas com a simplicidade possível porque os jogadores de futebol actualmente têm ‘uma bagagem cultural’ bem superior à de outros tempos.
Aos jornalistas, os jogadores falaram sobre o próximo jogo da Taça de Portugal, da sua evolução na equipa e na adaptação que fazem para absorverem as teorias futebolísticas do novo treinador.
Mas ambos declararam que foi “bom” voltar à escola, e das saudades que sentem do ambiente escolar, da oportunidade que têm de sentirem o que é o Vitória no coração e na mente das crianças. Manu desabafou mesmo que “é bom sentir o carinho de pessoas tão genuínas”, num diálogo que há-de ter novos capítulos.
No universo de alunos, houve quem perguntasse “podem jogar futebol connosco?” Era agora que os miúdos queriam pôr à prova Manu na defesa e Tomás Händel como criativo no meio campo.
Mas o jogo foi adiado por decisão de Nuno Leite, o homem do futebol do Vitória que não se desculpou por a equipa não estar completa mas porque os jogadores tinham um jogo importante, no Sábado, com o Vilaverdense.
“Porém – disse o vice-presidente – o Vitória e o seu plantel ainda defrontarão esta época, os alunos das escolas do concelho, num encontro que se realizará na relva do D. Afonso Henriques ou da Academia”.
Será, com certeza, um bom jogo de futebol social e de uma aproximação cada vez maior do clube à sociedade e aos vimaranenses que ainda não conseguiram filiar-se.
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