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Segunda-feira, Novembro 25, 2024
Paulo César Gonçalves
Paulo César Gonçalves
Nasceu em Guimarães, voltado para o Castelo da Fundação, e, até ver, está vivo.

Moncho Rodriguez: A Realidade do Sonho

Quando comecei no Teatro, ou na escrita para, as pessoas com quem trabalhava acabavam sempre por me falar num nome: o Moncho. Percebo a razão, para lá do Homem, do Poeta e do Mito. Eram as temáticas. As minhas áreas de interesse batiam de frente com as de Moncho. 

  • Tens de conhecer o Moncho. 
  • Vou levar-te ao Moncho. 
  • O Moncho vai gostar de te ver. 

Escutei isto, incessantemente, da boca da Joana (Antunes), do Manuel (Oliveira), do meu primo Igor e de várias outras pessoas, mas quem me levou à presença do Mestre foi outra Pessoa, velha companheira de andanças do feiticeiro Galego que, nas palavras do colosso que foi o Dr. Santos Simões, “mudou a face do teatro em Guimarães”: a Professora Maria José Meireles (mais uma Vimaranense de adopção, cujo nome do meio poderia ser Sabedoria). 

Como uma criança da década de ’80 que, em Guimarães, era apresentada ao Cascavel, lá fui conduzido até ao Moncho, na velha casa brasileira da cultura, em Fafe. Fiquei logo com um trabalho em mãos. 

Na altura, desse trabalho, nasceu uma obra teatral, até hoje inédita (por várias razões). Há já uns tempos que andava a coser e a descoser ideias na minha cabeça. Com a quarentena, decidi-me por pegar no que tinha, em relação a essa criação, transformando-a numa espécie de novela, mantendo a estrutura original, colando aqui e ali retalhos, como uma manta que se arrasta pelo tempo.

📸 Direitos Reservados

Fugi, porque já fujo, até involuntariamente, aos textos urbano-depressivos, ao cosmopolitismo bocejante e aos trejeitos batidos destes tempos que nos entram pelos olhos.

Tenho muito a agradecer às várias pessoas que me ajudaram (porque ninguém faz nada sozinho). O Moncho é uma delas. 

Não vou fazer de conta que o Moncho era todo ele virtude, porque assim nunca foi: era um Homem de profundos contrastes, até pela forma como era apreendido pelas pessoas. Não era Santo, não era casto, não era impoluto. Tinha virtudes e características, no mínimo, discutíveis. 

Mas era grande, enorme no que fazia. Porque sonhava. 

O Moncho era rico, desconcertante, polémico, não consensual, capaz de despertar paixões e ódios. Mas era grande, enorme no que fazia. Porque sonhava (e fazia com que os sonhos se pusessem às cavalitas da realidade). 

Calcorreando Portugal, sobretudo as suas entranhas, o Homem que sonhou (e concretizou), há mais de 25 anos, uma ideia de dinâmica para uma ideia de cultura, em Guimarães, colocou o Teatro no olho do furacão, ou, como quem escreve, no espaço público (que é sempre a opção mais democrática). Quero recordá-lo assim. Obrigado, Mestre.

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