Um projecto da Escola de Ciências da Universidade do Minho que usa ADN para monitorizar recursos pesqueiros no Atlântico foi reconhecido pelas Nações Unidas como contributo para os desafios desta Década do Oceano.
É um dos 287 projectos (actions) de todo o mundo agora endossados pela ONU, que desafia a ciência a reverter a degradação do ecossistema marinho e a alicerçar a Agenda 2030. O projecto intitulado DNA-based approaches for fisheries monitoring, é liderado por Filipe Costa e junta parceiros de três continentes.
O investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e professor do departamento de Biologia da Escola de Ciências da Universidade do Minho, em Braga, afirma: “Este reconhecimento confirma a relevância de conceber projectos em parceria entre instituições académicas e governamentais responsáveis pela gestão pesqueira, e em concertação internacional, de forma a garantir os objectivos de sustentabilidade socioambiental”.
O intuito do projecto é monitorizar ovos e larvas de peixe (ictioplâncton) no Atlântico, fulcral para sinalizar épocas e locais de desova, além de deduzir a abundância de desovantes e o recrutamento de novos espécimes.
Sendo esta identificação rigorosa e eficiente muito difícil de obter, os cientistas vão testar o método DNA metabarcoding, que consiste na utilização de códigos de barras de ADN – em analogia aos códigos de barras dos produtos comerciais- e que define uma sequência de bases do ADN que diagnosticam cada espécie.
“Identificar espécies de peixes em amostras de ictioplâncton poderá vir a ser mais rápido e rigoroso, permitindo uma maior frequência temporal e espacial na análise, além de dados abundantes e relevantes na gestão de stocks pesqueiros”, considera Filipe Costa.
Esta iniciativa envolve dois sub-projectos coordenados pelo Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA). Um deles é o A-Fish-DNA-Scan, em parceria com as universidades do Algarve, Coimbra, Estadual de São Paulo (Brasil) e Técnica do Atlântico (Cabo Verde), além do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e, ainda, do Instituto do Mar de Cabo Verde.
Conta com um financiamento de 300 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito da iniciativa intergovernamental Atlantic Interactions e do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação de Magalhães. Acresce o projecto Fish-DNA-Monitor, financiado pela Aga Khan Development Network e pela FCT, que tem como parceiro o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada da Guiné-Bissau.
A nível mundial, esta acção do CBMA está integrada no programa Ocean Biomolecular Observing Network (OBON), um dos programas da Década do Oceano que tem por objectivo monitorizar, investigar e compreender a vida oceânica recorrendo à análise de biomoléculas.
📸 UMinho
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