Não sendo a data certa, porque há quem a aponte mais para o fim do ano de 1922, o Vitória comemora o seu centenário (e todos os aniversários) a 22 de Setembro. Assim sendo, daqui a poucos minutos, entrará nas 100 voltas ao sol.
Os primeiros anos do Vitória foram muito duros, sempre de casa às costas. Enfrentou uma cisão, dividiu-se em dois. A 1ª vez em que conseguiu estabilizar, pela década de ’30, num campo (Benlhevai), foi campeão do Minho e campeão distrital (12 anos seguidos). Teve ainda a habilidade, já na entrada para a década seguinte, de entrar para um grupo, até então, muito exclusivo de primodivisionários, numa finalíssima com o União de Lamas (6-4), no Campo da Constituição, no Porto. No mesmo ano, a 1ª final da Taça de Portugal (e a 1ª equipa da província, como eram chamadas, a consegui-lo).
Em 1946, o Vitória muda novamente de campo, para a Amorosa, e por ali se fica por quase 20 anos. Aparece o hóquei em patins, 1ª modalidade extra-futebol de relevo do clube.
Em 1958, depois de passar pela 2ª divisão, o Vitória sobe à 1ª (na qual se manteve, ininterruptamente, até 2006). A entrada na década de ’60 é muito dura. O Vitória esteve em perigo de fechar portas. Convoca-se uma junta directiva. A venda de Pedras e Augusto Silva dá um fôlego enorme ao clube (provavelmente o maior e mais vantajoso negócio da história do futebol do Vitória), e os 1250 contos, mais uma série de jogadores (entre os quais o pé-canhão Mendes), catapultam o Vitória para lugares cimeiros. Há um novo estádio, o Municipal. No final da década, o Vitória entra, pela 1ª vez, nas competições europeias.
Os anos 70 e, sobretudo, os 80, consolidam o Vitória, fora e dentro de portas. A década de 90 não é muito diferente. O novo século trouxe uma profunda remodelação ao estádio, já propriedade do clube (desde a década anterior), e uma realidade calamitosa, com a descida de divisão. Por outro lado, este é um dos maiores triunfos do clube: a forma como se reinventou e subiu de imediato, conquistando, com o balanço, um 3º lugar e uma qualificação para a pré-eliminatória da Champions League. As várias modalidades do clube conquistam títulos nacionais e internacionais.
Seis anos depois da 2ª divisão, num período de contenção, o futebol do Vitória vence a Taça de Portugal, à 6ª tentativa (em finais). A década levou o Vitória 3 vezes ao vale do Jamor.
Apesar de tudo isto, e de tudo o que fica de fora, que é muito, o que mais admiro no Vitória é o seguinte: tenho familiares em França, emigrantes de 2ª geração. O meu tio é vitoriano. Os filhos são vitorianos. Os filhos deles, nascidos em França, sem grande vínculo a Guimarães, são vitorianos. Sem imposições.
Gosto do Vitória. Sempre gostei. Não sou um puro-sangue, peço desculpa. O meu coração é grande, gosto de outros clubes, porque do que gosto mesmo é do futebol. Não do de agora, contudo.
Discordo de muitas visões, não sou de bairrismos, nem me perco em grandes considerações: gosto muito de Guimarães, mas poderia não gostar. Nascer aqui/cá foi um acaso.
Mas que bom acaso.
É inegável o laço entre Guimarães e o Vitória. Foi assim que, com 5 anos, me levaram ao velhinho Municipal. Foi lá que me apaixonei irremediavelmente por futebol. Por causa do Vitória.
Quero lembrar duas pessoas. Em boa verdade, lembro-me de muitas, mas quero encerrar essas todas nestas duas: o Jesus, saudoso guarda-redes, que andou comigo ao colo e que era uma jóia de pessoa (e cheirava a água-de-colónia). Foi o meu 1º jogador favorito.
A outra é o Luisinho Caquinhos, que era vizinho da minha Avó. Porra, nunca conheci um Vitoriano como ele. Tinha tanto de ferrenho como de justo e razoável.
É por isso que o “Era (e é) uma vez o Vitória” será a eles dedicado.
Parabéns, Vitória Sport Clube. E obrigado.
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