A indicação pelo VSC SAD de Amadeu Portilha para integrar a direcção da LPFP, como vogal, tem um significado e veremos se terá um efeito.
O significado pode ser transversal: uma vontade (e tentativa) de fazer com que o VSC se abra mais à sociedade – para além da ligação umbilical via cartão de sócio de alguns vimaranenses – e, sobretudo, saiba conviver com ela para o bem e para o mal; e um desejo de acelerar algumas reformas no futebol português, a começar pela LPFP – acentuando a sua qualidade de representante do futebol enquanto indústria e fazendo com o que o VSC ganhe mais importância na representação do futebol nacional – a começar pela AF de Braga e chegando à FPF.
Pode ser o início de um regresso a um passado remoto, bem sucedido, da era Gil Mesquita/ Fernando Roriz com os efeitos que se conhecem: respeito e consideração pelo Vitória, realização em Guimarães de eventos desportivos.
Para além das representações noutros órgãos da arbitragem de Dinis Monteiro e Raúl Rocha (o seu pai Hélder também marcou presença na direcção da FPF durante muitos anos).
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Também, este pode ser um sinal, a par de outros, de que esta direcção quer começar do zero, em muitas áreas. E fazer com que o Vitória deixe de ser um clube descontinuado, de avanços e recuos, de altos e baixos, assumindo a estabilidade como factor essencial de crescimento. E afaste a fatalidade de que tem de ser assim… como tem sido!
E a viagem em direcção à lua não se faça invertendo o rumo em direcção ao abismo, como acontece com a situação financeira com défices sucessivos e passivos que cortam as veleidades às direcções seguintes.
O efeito dependerá de inúmeros factores a começar pelo papel que Amadeu Portilha quer protagonizar enquanto representante do Vitória num órgão com regras bem definidas e com uma estrutura (muito profissional e técnica), com fins de gestão e organizadora de competições e com uma organização a roçar o que se vê noutras ligas europeias.
Comecemos pelo princípio: a origem da representação do Vitória SAD na Liga tem um vício: a participação por cooptação, logo dependente da vontade dos três grandes. São estes que indicam os vogais da direcção, o que dá a ideia de que são Porto, Benfica e Sporting que mandam.
Como representação circunstancial, perde força – embora não cale a voz ao seu representante – porquanto muitas reformas precisam de consenso alargado dos clubes.
Depois, a Liga tem um presidente com enormes poderes e vários directores executivos com funções clarificadas, o que reserva à direcção e aos seus membros um papel de (quase) confirmar decisões e procedimentos.
Ou seja, as alterações “legislativas” ao status quo do futebol, no aspecto competitivo, terão de obedecer a um conjunto de negociações entre clubes e órgãos que podem deixar tudo como está. E no actual contexto parecem depender – estranhamente – mais de um presidente do que dos clubes.
O papel de Amadeu Portilha enquanto vogal da direcção será exercido uma vez por mês, durante três horas – o tempo de duração das reuniões – e em alguns casos pode ser privado do direito de voto, em questões de conflitos de interesse entre o Vitória e a Liga.
E não será fácil tendo em atenção os objectivos que a Vitória SAD julga poder atingir no quadro estrito da acção da direcção.
O VSC também neste particular da representação tem de começar do zero porque não há nada feito – de sustentável – no passado recente, em qualquer órgão distrital ou nacional do futebol português, de quem houve um desligamento e desinteresse.
As questões que o VSC quer defender – igualdade de participação nas receitas televisivas, justiça mais uniforme para todos os clubes, reformas que acentuem ainda mais o carácter de indústria do futebol – exigem mais interesse global – de todos os clubes – do que apenas do Vitória.
E defendem-se mais internamente – no seio de todos os órgãos – do que em berros, protestos, manifestações, invasões de campo, declarações dos directores.
Há, entre os vitorianos, o papel de vítima assumido que os leva mais para a confrontação do que para a promoção de consensos, de reformas.
É evidente, também, que subjacente a esta representação nacional do clube, terá de haver uma estratégia clara de começar do zero – sem medos – e projectar ambições que se concretizem – e não sejam meras retóricas.
E de que esta missão não seja mais de quem dirige e passe a ser comungada por quem é dirigido – sempre a exigir mais do que é possível, num clube ameaçado por erros de gestão da altura da montanha da Penha. E que não são punidos.
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