No momento em que vos escrevo já passou a Green Week, a “Semana Verde” que era só de três dias e que se realizou em dois devido à meteorologia.
O tempo não ajudou a que se realizasse todo o programa deste evento, que não tinha um Plano B, neste mês de Setembro que desde o início prometia ser chuvoso.
Festa rija para ajudar a candidatura a Capital Verde Europeia que, como sabemos, vai na segunda tentativa para a conquista do título. Um caminho que temos de agradecer aos técnicos, investigadores e trabalhadores que se esforçaram para que fosse possível o Município concorrer a este título.
Um caminho, entretanto, não isento de críticas, que não podem ser olhadas de forma sobranceira, ou como sinal de que se está contra Guimarães, à mínima dúvida sobre o que o executivo projetou e vem aplicando.
No debate que se seguiu à apresentação do compromisso, nem novas nem mandados, como diz o povo. O Ministro do Ambiente pouco sabia sobre o caminho que Guimarães já percorreu, debitando ideias sobre apoios aos quais o Município pode continuar a concorrer. Falou muito de projetos para o país, sobretudo, dos que dizem respeito à Transição Energética, esquecendo-se, porém, de referir que também estes projetos são demasiado delapidadores dos recursos naturais e que alguns, como a exploração de lítio aqui mesmo, na fronteira do Município, pode tornar-se um problema bem mais grave do que aqueles que atualmente enfrentamos. Pouco ou nada falou dos desafios que Guimarães enfrenta para alcançar a descarbonização.
Uma cidade descarbonizada não é uma cidade que constrói mais estradas, apenas para que os carros poupem 5 minutos do sítio A ao B. Cidades descarbonizadas conhecem e aproveitam a área impermeabilizada e não sacrificam terrenos classificados como Reserva Agrícola ou Ecológica com mais construção, porque os solos retêm carbono e são necessários para a agricultura e para a floresta (tão propagandeada neste debate).
Uma cidade descarbonizada precisa de mobilidade suave, de segurança para se andar a pé, de mais e melhores transportes públicos, de mais e melhor ferrovia, de intermodalidade que sirva quem vive na cidade e quem vive nos arredores. Uma cidade descarbonizada quer rios despoluídos, aproveitados por todos, e ricos em biodiversidade.
Este debate prometia. Prometia mais do que nos ofereceu. O que não esperávamos era que o principal responsável pela candidatura ambiental, o presidente da Câmara de Guimarães, viesse defender a caduca teoria de que o homem está no topo da pirâmide. A natureza trata todos os dias, com graves consequências para os seres humanos, de demonstrar que somos todos inquilinos temporários do planeta, e que só temos de cuidar e respeitar todos os outros seres vivos. Por exemplo, refletindo sobre a forma como exploramos e usamos os recursos.
A Green Week não foi em toda a sua programação totalmente respeitadora do uso dos recursos e o velho ditado “Faz o que eu digo, não o que eu faço” não combina com o apelo feito “É hora de agir, juntem-se a nós!”.
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