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Guimarães
Quinta-feira, Outubro 10, 2024
Miguel Leite
Miguel Leite
Natural de Guimarães, fisioterapeuta licenciado, com mais de 10 anos de experiência profissional, tendo já tido várias experiências profissionais (meio hospitalar, clínica, ensino especial em escolas e meio desportivo/desporto de alta competição). É também pós graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia cardiorrespiratória. Têm outras formações complementares relacionadas com a sua profissão. Faz parte dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, pertencendo desta forma ao atual corpo ativo da corporação vimaranense.

“Cuidados na gaveta”

A sociedade retoma a sua atividade eletrizante, ainda que de forma progressiva e uma nova oportunidade de liberdade surge no horizonte para todos nós. Neste quase primeiro semestre do ano, fomos configurados a uma realidade que provavelmente só imaginaríamos ser possível em contexto cinematográfico. Ao longo deste período exaustivo as atenções centradas na pandemia COVID-19 colocaram em segundo plano, e em todo o mundo, uma série de situações até então prioritárias e igualmente graves (tendo em conta a severidade de outras patologias), e que sofreram uma “pausa forçada” nos seus acompanhamentos de serviços de saúde especializados.

Naturalmente, todos os meios foram direcionados para este combate dramático à COVID-19, devido à sua capacidade de propagação e imprevisibilidade nas sequelas inerentes à sua ocupação nos sistemas do corpo humano. Não querendo de forma alguma pôr em causa a gravidade deste facto que todos tememos “sentir na pele” algum dia, no entanto, com o “bloqueio” do sistema de saúde em torno deste vírus, o atraso no acompanhamento de outros pacientes atribuiu uma sensação de medo e insegurança no desenrolar dos seus quadros clínicos aos mesmos.

É preciso perceber que existem imensas patologias que devem manter o acompanhamento (com as devidas precauções epidemiológicas) mesmo nestes quadros virais, e que tanto o sistema de saúde como o próprio paciente têm que ter essa perceção, pois muitas vezes os quadros clínicos podem sofrer evoluções rápidas e muitas vezes irreversíveis potencialmente graves para o indivíduo. Relativamente, à realidade da Fisioterapia, foram muitos os utentes que ficaram privados dos seus tratamentos numa fase inicial e que agora espreitam uma oportunidade de retomar à sua “normalidade habitual”.

“Cabe a nós profissionais de saúde tranquilizar os utentes e fazê-los sentir seguros e minimamente confortáveis nesta “nova versão da vida”…”

Os esforços têm sido diários na atualização dos locais de tratamento (hospitais, clínicas, gabinetes, entre outros) para garantir a devida segurança para o paciente e para os profissionais de saúde no regresso ao acompanhamento diário, que é extremamente necessário e essencial para atribuir maior qualidade de vida a quem mais precisa e que foi uma lacuna nestes últimos tempos. Serão muitos aqueles que mesmo precisando terão medo em enfrentar esta nova realidade, mas cabe a nós profissionais de saúde tranquilizar os utentes e fazê-los sentir seguros e minimamente confortáveis nesta “nova versão da vida”, que teremos todos em conjunto de enfrentar.

Uma palavra de alerta relativamente ao isolamento pré-existente dos nossos idosos, que com esta situação podem se tornar ainda mais esquecidos, e isso não deve ser permitido pela sociedade. A saúde contempla uma abordagem sobre um universo de intervenção muito alargado e esse facto é indiscutível, como tal, a proteção e os cuidados a ter perante a vida humana têm que ser complementada com toda a atenção possível por parte do profissional diferenciado independentemente do momento que estejamos a atravessar. Acreditemos que há muita vida para além deste monstro.

© 2020 Guimarães, agora!

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