A causa está ligada à escolha do deputado da concelhia a indicar pela comissão política local que registou um ‘largo consenso’ num escrutínio sem votação formal.
Ricardo Araújo, presidente da concelhia, foi o indicado mais numa estratégia de afirmação tendo em vista as autárquicas de 2025 e deixando que o valor de André Coelho Lima tivesse um reconhecimento nacional, pelo seu desempenho notório na Assembleia da República.
As vozes dissonantes vieram depois da apreciação pelo órgão político da concelhia vimaranense: Caneja Amorim escreveu uma carta aberta a Luís Montenegro para, em face da sua exclusão de deputado do PSD Guimarães, incluir André Coelho Lima na quota nacional.
Os bastidores do PSD local agitaram-se e reavivou uma divisão das tendências existentes abafadas que estavam pela onda da unidade, necessária para levar os social-democratas para a governação municipal em Santa Clara.
Hugo Ribeiro, vice-presidente da comissão política de Ricardo Araújo e também vereador na Câmara Municipal ‘bateu com a porta’, afastando-se nas funções no partido, com efeitos imediatos.
“Fi-lo, depois de uma ponderada reflexão, ao fim de 22 anos de presença ininterrupta naquele órgão, por um imperativo de consciência” – escreveu num comunicado anteontem, dia 21 de Dezembro.
Explica que “da última reunião da comissão política concelhia, no dia 12 de Dezembro, saiu a decisão de indicar o nome de Ricardo Araújo para as listas de candidatos a deputados nas eleições legislativas de Março próximo”.
“É meu entendimento que esta é uma má decisão para o partido e para o concelho de Guimarães”, sustenta com enfâse quando ninguém contava, dada a estratégia subjacente à indicação de Ricardo Araújo.
Hugo Ribeiro, coloca-se do outro lado, dos que pensam que apesar do seu estatuto ‘nacional’ André Coelho Lima deveria ser indicado pela concelhia e justifica porquê:
- “Porque André Coelho Lima é um activo do PSD Guimarães com dimensão nacional que importa aproveitar, foi sondado pelo presidente da comissão política e estava disponível;
- Porque Ricardo Araújo foi apresentado como o candidato do PSD Guimarães à Câmara Municipal e a função de presidente de Câmara não é compatível com a de deputado da Assembleia da República;
- Mas principalmente, porque a solução que me foi apresentada antes do arranque da reunião não teve correspondência com a indicação que de lá saiu”.
Hugo Ribeiro contraria a tese do consenso quase global que colocou Ricardo Araújo como o candidato mais elegível e Ana Teixeira como segunda representante na lista de Braga.
E coloca-se numa posição de quem não gostou da escolha dita consensual do órgão local do partido, nesta matéria.
Sublinha que “a indicação do nome de Ricardo Araújo para as listas de candidatos a deputados, abdicando de um activo do PSD Guimarães que levou anos a construir – André Coelho Lima –, parece-me contrária ao interesse do partido e também a Guimarães”.
Revela que “o concelho (e o partido) corre o risco de perder um excelente deputado e o candidato social-democrata à presidência da Câmara Municipal vai dispersar o foco numa luta eleitoral nacional, quando devia estar completamente empenhado em apresentar propostas para Guimarães”, não demonstrando grande fé na escolha de André Coelho Lima como podendo ser ‘convidado’ por Luís Montenegro numa quota nacional como aconteceu com Salvador Malheiro, autarca de Ovar.
Hugo Ribeiro historia o seu percurso no partido “ao longo dos anos que tenho estado na política, primeiro na JSD, ainda enquanto estudante, mais tarde no PSD, como presidente da junta de freguesia de Abação (dois mandatos), deputado municipal e vereador, fi-lo com prejuízo da minha vida familiar e profissional, sem disso tirar nenhum proveito económico, convicto de que estava a trabalhar para um bem maior. Num momento em que sinto que as decisões da comissão política concelhia estão a comprometer esse ideal de ‘um bem maior’, prefiro voltar à condição de militante de base”.
Conclui, o seu comunicado afirmando que “cumprirei até ao final, o mandato na vereação para que fui eleito pelos vimaranenses com o mesmo empenho e dedicação que lhes dediquei até aqui. É, como sabem, um cargo não remunerado, mas do qual retiro grande prazer porque sinto que as pequenas vitórias que vamos conseguindo têm impacto positivo na vida das pessoas. Os munícipes continuarão a contar com a minha voz e minha acção, no executivo camarário e na Assembleia Municipal.”
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