‘Guimarães cidade de Cultura e Educação Avançadas’ era o tema e o mote de nova convenção incluída na programação da campanha de Ricardo Costa para ganhar Santa Clara.
O entusiasmo pela CEC 2012 e as suas consequências reduziu a educação nesta conversa e encontro em que os protagonistas foram Cadima Ribeiro, professor de Economia jubilado da UMinho e Rodrigo Areias, cineasta vimaranense.
Cadima Ribeiro que escreveu com Paula Remoaldo um livro sobre o que pode ter corrido “bem e mal” na Capital Europeia da Cultura, deixou as suas “percepções” sobre “o que fazer diferente ou fazer no futuro”.
Lembrou as entrevistas que fez, para a elaboração do livro ‘O legado de Guimarães Capital Europeia da Cultura de 2012 – A leitura dos residentes e dos visitantes’, editado em 2017, citando António Magalhães, presidente da Câmara de que “a CEC valeu a pena… e não será fácil alimentar a dinâmica dela resultante…”
A importância da reabilitação urbana, a par deste evento europeu, foram chave na promoção turística de Guimarães, nos anos seguintes por se terem tornado “marcas identitárias” com a mudança operada pela recuperação do Centro Histórico.
O professor comparou depois os efeitos do pós CEC 2012 em Guimarães com os de Košice, cidade da Eslováquia, CEC em 2013. E sobre as apostas de ambas as cidades após o mega-evento assim considerado por Horne (2007) referindo-se às capitais europeias de cultura.
Se em Guimarães o património e o turístico notaram-se depois de 2012, em Košice foi a cultura a destacar-se. Referiu-se “ao efeito Bilbau” no modo como ambas as cidades projectaram a sua dimensão europeia, numa transição urbana, liderada pelo património e noutra pela cultura.
Neste olhar para trás da CEC, Rodrigo Areias foi instado a pronunciar-se sobre “o que falta fazer na Guimarães, de hoje, e que não foi alcançado em 2012”.
Considerando que viveu um “processo traumático” nesse tempo, salientou que a programação de Cinema iniciou-se em 2007, com Francisca Abreu e António Magalhães. E deu conta de que “todas as CEC’s sofrem um processo de ressaca que dura 10 anos” e que a alegria que deu “vai acabar quando chegarem os gajos do poder (de Lisboa)”.

Explicou que, neste caso “ficamos à mercê do Porto” por questões geográficas. Lembrou “uma reunião de 23 programadores onde só estava um de Guimarães, era eu…”
Defende que “fizemos mais do que em outras CEC’s realizadas em Portugal”.
Já no período de perguntas e respostas, com a participação dos presentes, e depois da tal ressaca, foi perguntado o que há para o futuro?
Rodrigo Areias acentuou o aumento dos “consumidores de cultura” e o aparecimento de alguns produtores culturais. Deixou uma observação curiosa, feita noutras ocasiões e sobre o mesmo tema, de qual o “porquê” de Guimarães ter o maior Festival de Jazz nacional e não ter sequer “um único músico de Jazz?” O mesmo não acontece na dança, em que há mais dançarinos e produtores.
Ora mudar este paradigma “é difícil” – salientou. Ao mesmo tempo que evidenciava o CAAA – um projecto de três irmãos (Areias) que “é difícil de manter”, por falta de “capacidade financeira”, pois, “estamos todos estruturados nos apoios do Estado”.
O cineasta lembrou que estamos “a mudar um bocadinho”, citando o exemplo do Westway LAB, evento do qual os artistas estrangeiros gostam de participar, “e experimentar coisas novas”.
Já Cadima Ribeiro, entende que a CEC de algum modo “inibiu” a comunidade cultural vimaranense, convivendo “com alguém que veio cá dizer o que se deve fazer e exibir”, um hábito que chega a outras áreas não apenas da cultura.
“A cultura foi a única coisa que não adormeceu o Quadrilátero Urbano.”
Notou que Guimarães “não é capaz de saber comunicar… o mercado da cultura”, defendendo o Pentágono Urbano, falado naquela semana, “como algo que agora só se percebe o seu potencial”. E afirma: “a cultura foi a única coisa que não adormeceu o Quadrilátero Urbano”.
Rodrigo Areias ainda falou, ao de leve, de “como se há-de trazer as pessoas para os espaços culturais”, uma riqueza que Guimarães possuiu e que não é fruída pela população e pouco mostrada aos turistas.
Ricardo Costa, encerrou a sessão, falando do ‘Education Summit’ e da educação, algo nada abordado pelos convidados, considerando, no entanto, “a educação fundamental no processo cultural”. Defendeu que os vimaranenses devem “ser mais do que consumidores de cultura”, incitando à criação. “Temos de pôr gente a criar” – reforçou.
“Colocar dinheiro na cultura não é um gasto” – disse o presidente da concelhia e candidato do PS. Confessou, em jeito de balanço rápido, que “a minha experiência em Lisboa, enquanto deputado, foi a de aprender o que não se deve fazer”.
“A cultura e a educação têm de andar de mãos dadas.”
Já virado para o futuro, considerou que “a cultura e a educação têm de andar de mãos dadas”, defendendo que “a Câmara Municipal tem de ir mais longe na educação, permitindo que todos os menores de 25 anos tenham acesso a monumentos e sítios culturais, de forma gratuita”.
Expendeu outros considerandos e entendimentos, como os de “que no processo de decisão, todos devem participar”. E concluiu: “Guimarães tanto tem feito pelo Jazz e não tem uma economia sobre o Jazz. Comigo teremos os holofotes sobre Guimarães”.
© 2025 Guimarães, agora!
Partilhe a sua opinião nos comentários em baixo!
Siga-nos no Facebook, Twitter e Instagram!
Quer falar connosco? Envie um email para geral@guimaraesagora.pt.