A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS) sugere dar menos destaque ao emprego e pede medidas para melhorar a resposta aos desafios do ciclo da vida, como parentalidade, luto e entrada no mercado de trabalho.
A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde deixa algumas críticas ao documento da Comissão Europeia de forma a melhorar a implementação do Ano Europeu das Competências. A instituição europeia já deu início aos trabalhos para implementar o Ano Europeu das Competências em 2023, que tem como objectivo “assegurar que ninguém seja deixado para trás no processo da dupla transição e na recuperação económica”, afirma a Comissão.
Para chegar ao patamar de 78% da população empregada até 2030, a Comissão Europeia pretende promover o investimento privado e público em formações nos Estados-Membros, preparar os trabalhadores para a transição digital e ecológica e atrair pessoas de países terceiros com as competências profissionais de que a União Europeia necessita.
Para a presidente da SPLS, Cristina Vaz de Almeida, “talvez o primeiro passo seja não haver um exclusivo foco no trabalho”, mas sim nos “vários momentos críticos da vida da pessoa”. A responsável pela organização acredita que “as competências laborais são importantes, mas redutoras para sociedades que se querem mais felizes, produtivas, resilientes e resistentes aos tempos de mudança que se aproximam”.
“É preciso reflectir mais seriamente sobre o estádio de desenvolvimento cognitivo e social que o indivíduo tem e as políticas públicas de literacia em saúde”. Para isto, a Comissão Europeia “tem de dar um segundo olhar sobre os vários relatórios da OCDE, que, desde 2005, têm vindo sistematicamente a insistir no desenvolvimento de competências da formação humana, não apenas laborais”, reitera Cristina Vaz de Almeida. A presidente da SPLS acredita que é necessário focar a atenção na saúde mental dos cidadãos, principalmente dos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com doença prolongada.
Segundo a SPLS, a solução passa pelo conceito de competências integradoras – “aquelas que necessariamente urge combinar e que fazem a ponte entre o conhecimento (saber), as capacidades (fazer) e os próprios atributos pessoais (ser)“. A organização defende que é preciso preparar os cidadãos com competências que lhes permitam dar resposta aos vários momentos críticos da vida da pessoa, como é a parentalidade, a entrada na vida laboral e o luto. “Só assim é possível aumentar os níveis de competências para a maior capacitação do estado físico, mental e emocional — essencial para uma vida mais equilibrada”, conclui.
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