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Quarta-feira, Março 19, 2025

Engenharia Têxtil: “Vocês são poucos e o que é escasso tem mais valor” disse o presidente da ATP

Economia

‘O Poder do Têxtil’ foi o tema que animou, hoje, a abertura das jornadas de Engenharia Têxtil, promovidas pelo seu núcleo de estudantes (Neetexum), evento que decorreu no campus de Azurém. 

E com dois oradores, vindos do seio da indústria têxtil e do vestuário, por obrigação (são empresários) e devoção (são presidentes das duas mais importantes associações empresariais). Ambos convergiram na ideia de que “os movimentos associativos são importantes e dão dinâmica ao sector e aglutinam as empresas, como provam os resultados superiores obtidos colectivamente”.

Uma conversa e diálogo com respostas às perguntas formuladas pelos alunos do curso e verbalizadas por Hélder Carvalho, director do departamento de Engenharia Têxtil.

Começaram pelos números que valorizam o sector da indústria têxtil e do vestuário no contexto nacional e internacional sobre as empresas, volume de negócios, exportações, trabalhadores e sócios das respectivas associações que mostram o poder da fileira têxtil que ganha cada vez mais prestígio na Europa.

Quer Mário Jorge Machado quer César Araújo, intervieram de forma pedagógica e reconhecendo a importância do curso que a UMinho tem no seu portfólio para o qual são “precisos mais alunos”. E aos quais deixaram incentivos para aportarem o “sangue novo que as empresas precisam”.

A visão daqueles dirigentes sobre o sector foi demonstrada noutras vertentes e “no valor intangível em design do produto e do saber fazer onde somos líderes mundiais a par com a sustentabilidade”.

César Araújo foi à história rebuscar o ano de 1826 quando “os ingleses vinham comprar o Vinho do Porto, trazendo consigo alfaiates”… uma curiosidade que deu um impulso à alfaiataria portuguesa que os comerciantes do vinho passaram a utilizar nas suas visitas comerciais.

“Um produto de moda, como é o vestuário, não pode ser descartável.”

“Um produto de moda, como é o vestuário, não pode ser descartável” – defendeu o presidente da ANIVEC, sobretudo quando é feito “com paixão” por empresas e trabalhadores, cerca de 80 mil que se empregam em cerca de 8 mil empresas, com um volume de negócios, de exportações, de cerca de 8,7 mil milhões de euros.

Também, a nível internacional ATP e ANIVEC orgulham-se da sua representação europeia – a primeira na EURATEX – onde Mário Jorge Machado é presidente – a segunda a ter lugar de destaque na maior associação de roupa de trabalho do Mundo, com sede em Londres.

Uma conversa e um diálogo a dois sobre a ITV que agradou aos futuros engenheiros têxteis. © GA!

“Esta indústria que há 30 anos foi dada como moeda de troca, na Europa, é, hoje, um sector modernizado, que pôs fim à vida da peça, pois, todos queremos tornar-la mais forte que os automóveis. Vamos fazer com a têxtil seja um ex-líbris mundial” – defendeu César Araújo.

Sobre os desafios e metas, adiantou, que “a população mundial ainda não aceita o produto reciclável que será sempre mais caro”, pese todos os esforços tecnológicos que estão a ser feitos para destrinçar fibras virgem e nobres num processo de circularidade que “dá os primeiros passos e nós estamos no bom caminho, mesmo na linha da frente desses produtos” para os quais “são precisos jovens que contribuíam para reinventarem esta indústria” que defendeu “irá ter uma evolução brutal e a precisar dos jovens para ajudar à transição digital”. Disse aos estudantes que “sem vocês a indústria têxtil fica mais fraca”.

A reciclagem nunca será a 100% também por razões tecnológicas e já seria bom ter um produto reciclado em 10%. Mário Jorge Machado defendeu que para regular este processo, Portugal precisa de criar uma entidade gestora para os produtos têxteis, como já acontece em França, Itália e Espanha. “Seria uma Sociedade Ponto Verde como existe no sector do plástico”

O presidente da ANIVEC fez notar que “todos estes desafios são oportunidades, não tenham medo de cair…” (disse aos alunos) explicando depois como as taxas aduaneiras servem para equilibrar a balança de transacções.

Sobre a reindustrialização Mário Jorge Machado foi dizendo que “a Europa continua a desindustrializar-se – foi 3% em 2024 – apesar do pacto para a indústria recentemente anunciado, facto que pode pôr em causa a democracia e fazer acordar os movimentos populistas”.

“Estamos a combater num terreno de jogo desnivelado.”

Espera, no entanto, e no futuro próximo que “estamos a combater num terreno de jogo desnivelado, e nesse particular a Europa não pode ser ingénua pois não podemos exigir o cumprimento das regras ambientais às empresas portuguesas e depois deixar que os asiáticos vendam no mesmo mercado produtos mais baratos, pelo não cumprimento de normais ambientais e laborais”. São as marcas que “pondo o custo no planeta – pouco se importando com a poluição ambiental e social – se tornam mais competitivas”.

César Araújo foi mais longe e defende que “o que vem de fora tem de passar na alfândega”, falando de números escandalosos de compras no exterior por e-commerce, “que se prevêem que este ano sejam mais de sete milhões os pacotes que chegam do exterior, sem controlo. Não entra só roupa… é a maior fuga fiscal que se vê na Europa, um sistema bandido que nem IVA nem taxa aduaneira paga, numa Europa que quer ser verde e que não pode reciclar as roupas que vêm da Ásia”.

Outro assunto interessante foi o dos Recurso Humanos, a substituição de mão de obra e o salário dos engenheiros têxteis, a produtividade, a utilização da Inteligência Artificial (IA). “Não podemos ter melhores salários sem melhorar a produtividade das organizações. É aí que está o vosso grande papel” – disse visando os estudantes de Engenharia Têxtil, cada vez mais necessários nesta indústria.

Porém, colocando-se no papel de um licenciado nesta indústria, perguntou: “quanto é que me vai pagar?” E respondeu para a plateia: “todos vós têm de chegar à empresa e propor alguma transformação, estarem disponíveis para criar e gerar semente”.

“Para todos ganharem melhor só há uma coisa que se pode fazer: aumentar a produtividade. Utilizem o vosso cérebro, façam-no funcionar com esteróides, e aprendam com as ferramentas da IA, juntem a robótica no processo produtivo e a indústria têxtil pagará melhores salários” – disse o presidente da ATP.

© 2025 Guimarães, agora!


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