Quando a paixão quer ninguém ganha ao Vitória… poderia ter sido assim se a classe de Trincão não lhe proporcionasse o 4-4 final num jogo louco que deixou as bancadas do estádio D. Afonso Henriques ao rubro.
No começo, foi um Viktor Gyökeres contra o Vitória, numa história contada até ao 1-3; depois foi o Vitória contra uma equipa que acaba por conquistar um empate lisonjeiro no melhor período de um jogo memorável.
Claro que também se notou um pouco a revolta dos pupilos contra o seu mestre, num abandono precoce e numa troca de clubes pouco apreciada por muita gente.
Se, assim sem mais, os leões serviram por Gyökeres objectividade quanto baste, o Vitória fez uma segunda parte de arromba, corrigindo erros, mas mantendo a alma e a qualidade do seu jogo colectivo que só precisava de golos.
Ouviu-se golo, logo que Gyökeres (2’) tocou na bola. Numa jogada pela lado esquerdo – estavam lá todos menos o lateral direito – Quenda entregou ao goleador leonino e rematou junto ao poste na entrada da pequena área. Objectividade acima de tudo.
A igualdade foi resposta num livre directo de Tiago Silva (7’), executado na perfeição e com clareza. O jogo ficava mais esclarecido e erros à parte, o Vitória acalma o seu jogo, regula posições e todos começam a jogar no seu lugar.
A máquina funciona com Nuno Santos (12’) a isolar Gustavo Silva que não guardou bem a bola, dentro da área contrária e foi um desperdício quando deixou que Franco Israel ficasse dono da bola.
O fundamental Gyökeres (14’) voltou a estragar o jogo, evidenciando em parte que o Sporting só precisa dele na frente. Mais um erro na intermediária do Vitória – Tiago Silva entrega a bola a Quenda que faz nova assistência para Gyökeres fazer o seu segundo golo. Um erro incrível e mais uma situação em que o sueco foi implacável.
O jogo voltou a equilibrar-se mas o resultado não. Gustavo Silva (16’) tem nova chance e o seu remate saiu ao lado da baliza. E a dose repete-se com Manu Silva (19’) a isolar Gustavo que entra na área e cai face ao “aperto” de St. Juste.
E à procura de mudar as coisas, o Vitória insiste em jogar à bola. Kaio César desce pela direita cruza e a bola anda à frente da baliza leonina sem ninguém a chutar para a baliza.
Nova perda de bola no meio campo por João Miguel Mendes (37’) e Hjulmand remata forte mas ao lado. O Sporting usava a velocidade para surpreender a defesa vitoriana avessa a marcações e saindo em jeito de contra-ataque apostando num domínio territorial sem objectividade no que toca a concretizar situações mais difíceis junto da baliza de Israel.
Com um estádio D. Afonso Henriques lotado – estavam 26549 espectadores na bancada, havia ainda mais metade do encontro para ver um jogo entre o esforço colectivo (do Vitória) e a objectividade de um avançado (Gyökeres).
E quando o Vitória procura o que não tinha – a igualdade – o Sporting segurava o que havia conquistado, deixando que voltasse a entrar em cena o fundamental Gyökeres (57’) concretizando uma jogada dentro da área e construída por Maxi Araújo e Morita.
O 3-1 evidenciava um Sporting sem medo de disputar a bola na sua área e o Vitória com uma defesa de ‘manteiga’ permitia que tudo fosse feito à frente de Bruno Varela.
É curioso como a equipa de Daniel Sousa não vacilou. Nunca se entregou. Continuou no seu ritmo até que Telmo Arcanjo, desceu pela direita e entregou a Kaio César (69’) que coroou a sua exibição com um golo que estreita a vantagem sportinguista.
Um novo vislumbre que alegra adeptos entregues ao ver passar o tempo e que parecem ter ganho nova alma nas bancadas com cânticos e luzes do telemóvel ligadas… Um enfeite natalício para o não baixar de braços da sua equipa, cujo espírito guerreiro permanece intacto, pois, Kaio César voltou a tentar, num remate forte, de fora da área.
Curiosamente à medida que se ia aproximando do fim… o Vitória crescia, deixando o Sporting sem soluções para contrariar este vendaval de futebol apoiado.
João Mendes (82’) faz o 3-3 – suado mas justo, empolgante, da reviravolta. Uma jogada de insistência junto da baliza de Israel com Dieu Michel a rematar de cabeça à barra. Foi o início de uma loucura que encheu o estádio e ganhou êxtase completo quando num livre Dieu Michel – o Deus da noite – ganha a uma defesa contrária e cabeceia com êxito.
Uma vez no jogo, o Vitória inverte o resultado e fica a ganhar… Tanta loucura, neste 4-3 em que Dieu Michel se torna num ‘domador de leões’.
O árbitro dá mais 6’ e Trincão tem ainda arte e serenidade para num remate intencional e rasgado junto ao poste fazer o 4-4 selando uma injustiça em que o futebol é fértil…
O Vitória alinhou com: Bruno Varela, Alberto Baio, Jorge Fernandes, Óscar Rivas, João Miguel Mendes, Samu Silva (João Mendes 63’), Manu Silva (Tomás Händel 81’), Tiago Silva, Kaio César, Nuno Santos (Telmo Arcanjo 63’), Gustavo Silva (Dieu Michel 43’).
Amarelos: Samu Silva (9’), João Miguel Mendes (56’), Óscar Rivas (89’), Telmo Arcanjo (93’).
Golos: Tiago Silva (7’), Kaio César (69’), João Mendes (82’), Dieu Michel (85’).
Foto © Vitória SC
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