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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Zebra Libra: A banda vimaranense que quer “passar uma mensagem”

Economia

Os Zebra Libra são uma banda vimaranense de rock alternativo com influências pop e punk. Formaram-se em 2018, inicialmente como uma banda de garagem constituída por quatro amigos que tocavam covers de outros artistas. Em 2020, deram o salto para uma produção mais profissional, com as próprias letras, melodia original e gravação em estúdio. No dia 22 de Fevereiro, lançaram o seu mais recente single, Summer Day, que descrevem ser diferente de tudo o que já produziram anteriormente.

João Costa (vocalista), Henrique Martins (guitarrista), Alex Vale (guitarrista) e Dave Amorim (baterista) são os quatro membros que constituem os Zebra Libra, cujo nome é todo sobre “equilíbrio”, mas o qual deixam à interpretação das pessoas. The Killers, Blink-182, Angels and Airwaves, 30 Seconds to Mars são algumas das influências que inspiram estes músicos na criação das suas melodias. Os temas das letras podem variar desde “querer matar toda a gente na sociedade e começar algo novo, arder tudo e anarquia” até falar apenas de tristeza, explica João Costa, no limiar entre o humor e seriedade.

“A partir do momento que começas a tocar num palco grande, tu não queres voltar atrás.”

Entre gargalhadas e piadas autodepreciativas, com um toque de humor negro, os jovens revelam que um dos pontos mais marcantes do seu percurso foi começarem a produzir “com alguém que percebe mais do mundo da música”, o que foi uma “chapada” sobre a realidade. Trabalharam com Vasco Ramos, o músico que pertenceu à banda metal More Than a Thousand e que já compôs para Mickael Carreira. Um dos outros pontos apontados foi o concerto no Avante, em 2020, tendo sido um palco maior do que ao que estavam habituados, serviu para “reforçar os objectivos” de chegar a esse patamar mais vezes. “A partir do momento que começas a tocar num palco grande, tu não queres voltar atrás”, expressa Henrique.

Nova Música

O novo single, Summer Day, é o mais recente projecto da banda e conta com um videoclipe com mais de mil visualizações no youtube. “Em termos musicais é uma coisa muito diferente do que nós fazemos normalmente, até pela introdução de vários instrumentos que geralmente não utilizamos, como o piano, violinos e um coro a meio”, descreve João.

Esta canção também se diferencia por não ter “a estrutura clássica de uma música”, isto é, “não há um refrão na música, há um crescente constante para uma explosão, para depois um fim calmo como no início”. Foi influenciada mais pelo rock opera do que pelas inspirações referidas anteriormente, aproximando-se do estilo dos Queen e algo “fora da caixa”.

Em termos temáticos, “é uma música que fala de esperança, fala das perspectivas do mundo, é uma transformação de acordar um dia e estar tudo contra nós, não muda absolutamente nada do que é exterior, mas, de repente, apercebemo-nos que não está tudo contra nós. É a nossa visão de tudo o que está a acontecer e temos de fluir com a vida e não contra ela”, retrata o vocalista.

Um dos elementos que mais sobressai em Summer Day é, talvez, o coro. Henrique revela que, inicialmente, era a banda quem fazia as vozes mas quiseram incorporar um coro gospel. Através do website Fiverr contactaram um coro nigeriano que concordou em participar e realizaram todo o processo pela internet.

A banda acredita que a recepção deste single tem sido “boa”, mas que o alcance ainda fica aquém do que desejariam. “O problema é a quantidade dessa recepção, que é sempre o problema quando se lança uma música, são meses de trabalho e depois em termos de exposição estamos sempre muito limitados por inúmeros factores”, explicam os membros. “Acho que hoje em dia é muito difícil as pessoas colocarem tempo de lado para ouvirem coisas novas”, partilha João.

Quanto ao videoclipe, “foi muita porrada” desde problemas logísticos, múltiplas ideias e dificuldade em encontrar um espaço. Inicialmente, queriam lançar a Summer Day em Setembro mas tal não foi possível por quererem que o vídeo acompanhasse a música. Foi difícil encontrarem uma ideia “exequível”, sendo que a primeira passava por fazer a gravação dentro de uma igreja, depois dentro de um teatro, e acabou a ser feita no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura. Ainda assim, ficaram bastante satisfeitos com o resultado final.

📸 GA!

Apoios e incentivos à cultura em Guimarães

Quanto àquilo que é feito pelo Município para ajudar os artistas em ascensão, João Costa acredita que há apoios suficientes, mas não são bem distribuídos: “Tem um projecto de apoio a artistas, de seis em seis meses, chamado Impacta, que seria espectacular para novos artistas se eles dessem dinheiro a novos artistas, por exemplo”.

“Tirando o Porto e Lisboa, Guimarães é a cidade que mais apoia a cultura.”

Henrique Martins acredita que, “tirando o Porto e Lisboa, Guimarães é a cidade que mais apoia a cultura”, mas concorda que tem um problema, que considera ser nacional, relativamente a não haver imparcialidade na escolha de quem recebe esses apoios. Os Zebra Libra já concorreram “cinco ou seis vezes” ao programa Impacta, consideram que são conhecidos em Guimarães e contribuem para a cultura, nomeadamente através das Jams, mas nunca receberam financiamento público.

Por outro lado, defendem que a cidade tem múltiplos espaços que promovem e impulsionam novos artistas, e mencionam o Teatro Jordão, onde começaram a tocar no início da carreira. O El Rock, o Café Concerto e o CCVF são outros dos espaços que a banda destaca como propulsores da cultura musical na cidade. “Para a cidade que Guimarães é, em termos de dimensão, é uma óptima cidade em termos culturais, a nível privado”.

Há um outro fenómeno que reconhecem na cidade, que é a solidariedade e constante suporte entre os músicos da cidade. “É muito melhor quando, em vez de termos inveja pelos projectos e pelo sucesso dos outros, os estamos a apoiar e a aprender uns com os outros”, realça Alex. João partilha uma analogia: “quando estamos na guerra, nas trincheiras, e olhamos para o lado e está um soldado a sofrer como nós, nós gostamos deles, somos amigos”.

Um exemplo deste auxílio e comunidade é o caso de Dave que, apesar de pertencer ao Zebra Libra, também toca com a banda Ledher Blue, que recentemente actuou no Courage Fest, no São Mamede. O baterista explica que, na criação de concertos, é sempre bom ter essas conexões para juntar as bandas e, principalmente, juntar os fãs que passam a conhecer artistas novos. Outro exemplo, é o facto dos videoclipes da banda serem gravados por outro grupo, os Needle, também de Guimarães.

Tudo isto poderá culminar, ainda em termos hipotéticos, numa espécie de festival de bandas em ascensão de Guimarães. É um projecto que “está a ser conversado” e poderá vir a dar frutos num futuro próximo.

📸 GA!

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