Já é a terceira edição e vai continuar a ser uma tradição do curso de engenharia aeroespacial.
A primeira aula que marca o início do ano escolar voltou a ter um convidado especial.
Carlos Batalha, Coronel da Força Aérea, falou da transformação que se está a operar naquela força em função do equipamento, das tecnologias que são usadas, do modo de actuar e agir e da utilização do espaço por homens e máquinas.
Uma lição informativa que suscitou a curiosidade de cerca de 100 alunos que ocuparam a sala de aula durante mais de hora e meia, num universo onde já há cerca de 40% de mulheres.
Na intervenção de Carlos Batalha não faltaram referências explicativas à guerra actual – de Israel em Gaza e da Rússia na Ucrânia, mais sob o ponto de vista das armas utilizadas e do tipo de aviões evidenciando a capacidade de cada país nestes conflitos.
O Coronel que se entusiasmou com a plateia com quem entrou em diálogo e respondeu a perguntas, falou dos militares como “gestores de violência organizada, cuja missão é destruir e matar”.
Das tácticas militares falou o essencial porque há segredos a guardar, evidenciou a capacidade militar do país, as missões que são feitas nas alianças a que pertencemos como na defesa da Europa com a NATO, com a manutenção da paz através da ONU e internamente da ajuda às populações em situações de catástrofe.
Deixou sinais sobre como aniquilar ou condicionar infra-estruturas eléctricas em determinadas missões. A destruição total de uma central eléctrica ou a sua inutilização temporária, por um apagão provocado por fibra de carbono que apenas interrompe o fornecimento de energia.
Elucidou os alunos do curso de engenharia aeroespacial do “plano de voo” para a transformação da Força Aérea para defesa do território nacional ou da participação em missões internacionais.
Ainda abordou a utilização do espaço para fins diferentes da guerra e da agressão, do papel dos satélites na informação, do GPS e na observação do espaço, e dos processos de interoperabilidade na utilização de equipamentos.
Considerou ainda o submarino como o mais letal dos equipamentos numa situação de guerra porque ninguém sabe onde estão e onde aparecem.
Mas voltou ao ar e dissertou sobre os caças F16 e dos F35 – a coqueluche do momento – numa panóplia de máquinas voadoras que sofreram uma evolução enorme nos últimos 50 anos.
De espiões e espionagem uma referência ao erro cometido pelos ocidentais quando pensaram que a Rússia podia pertencer à NATO. E, por momentos, “a Rússia esteve dentro da organização partilhando e recebendo informação sobre a estratégia, equipamentos e sabe-se lá que mais”, um período em que a intromissão era a convite mas cedo ficou claro que a Rússia não queria pertencer à NATO.
Dos negócios ligados à guerra e ao equipamento das Forças Armadas, do capacete de um piloto que custa 1 milhão de euros, dos enormes custos destes super-caças que abalam o espaço e lançam bombas, da (nossa) dependência dos Estados Unidos e das suas máquinas, dos milhões e milhões que são necessários para sustentar a defesa da Europa, de tudo falou o Coronel Carlos Batalha.
Num período em que os alunos perguntaram e defenderam as suas teses, o que ficou claro é que, cada vez mais, “se vai lutar com a cabeça do que com os pés”.
Daí que o recrutamento de talentos seja uma preocupação, de que mesmo não sendo militares, a Força Aérea procura na sociedade civil engenheiros e outro tipo de especialistas que não precisam de vestir uma farda para cumprirem, também, a sua “missão”.
Até porque, os pilotos podem cumprir funções específicas ou missões, recebendo as contrapartidas monetárias estipuladas, num cenário em que a TAP continua a aliciar os pilotos formados na Força Aérea para o seu serviço comercial de transporte de passageiros.
O Coronel Carlos Batalha incitou os alunos a questionarem “e a sair da sua zona de conforto” porque tem de haver “contraditório”, a chama que alimenta o desenvolvimento da sociedade.
Gustavo Dias, professor e director do curso mostrou-se satisfeito com mais esta aula inaugural, a primeira realizou-se há três anos com a presença do ex-Ministro Manuel Heitor, que ajudou à criação do curso.
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